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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Um governo em queda livre

 O que se passa o governo português é inaceitável e quase impossível de compreender, pela opacidade, pelo encobrimento.... Então, demitem-se uns e outros e o Fernando Medina, não? Foi ele que assinou a ida da célebre Alexandra Reis para a NAV, foi ele que a convidou para Secretária de Estado do Tesouro, será que ele não conhecia a pessoa em causa? O Medina tem de demitir-se, como é óbvio.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Boas Festas

 A todas as pessoas que me leem neste blogue, que já faz em janeiro 16 anos, quero desejar um Bom Natal e um Ano Novo cheio de saúde, paz e felicidade.  



sábado, 17 de dezembro de 2022

Cada rosto, me convoca

 Oiço o apelo daquela pessoa concreta. Não é ficção minha, é real, está ali. Não importa se é muçulmano, judeu, hindu, cristão, budista, não crente, homem, mulher, velho, jovem, criança, europeu, asiático, africano, americano…; não importa qual a origem e quais os contextos em que nasceu e viveu ou viva; não importa se sei muito ou pouco acerca dela, se a minha vivência quotidiana, social e cultural, está próxima ou distante da sua…; o que importa, é aquele apelo que me convoca a um encontro inicial, face a face, sem necessidade de quaisquer conhecimentos ou exigências.

Rostos


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Para lá das luzes e do brilho...

- Vou mostrar-te as ruas e as praças nesta época de Natal. Eu sei que vais gostar de ver.

 - As pessoas enchem as lojas e os centros comerciais cheias de compras e presentes

 - Tanto embrulho bonito! Tanta fita e tanto laço! É bonito o Natal! Uma verdadeira festa de luz e cor! Que lindo, tudo a brilhar! Até as pessoas parecem mais felizes.

 - Sim, mas há um outro lado, nas ruas e nas praças, menos feliz, mais escuro, muito duro, às vezes. O Natal, dos sem Natal...

 




sábado, 10 de dezembro de 2022

10 de Dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos

Foi neste dia, em 1948, em Paris, que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada. É o documento fundador, com 30 artigos. Deixo aqui o sumário dos mesmos: - 1º artigo: igualdade de direitos e dignidade; - 2º artigo: iguais liberdades individuais (pensar, falar, intervir, fazer, escolher…), independentemente da cor, sexo, língua, religião, opinião; - 3º artigo: vida, liberdade e segurança pessoal; - 4º ao 21º artigos: direitos civis e políticos (não-escravatura, não-tortura, proteção jurídica, igualdade perante a lei, justiça, julgamento justo, presunção de inocência, privacidade … e cidadania); - do 22º ao 27º artigos: direitos económicos, sociais e culturais; - do 28 ao 30º artigos: ordem internacional e a responsabilidade de cada pessoa.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

A urgência dos direitos humanos

 Os acontecimentos mundiais a que assistimos - a guerra da Rússia contra a Ucrânia, em escalada, onde as atrocidades e os crimes contra a humanidade se multiplicam; a repressão das mulheres, no Irão; os níveis alarmantes de pobreza extrema…; as alterações climáticas que não poupam nenhum continente, país ou região - mostram à evidência como os tempos são sombrios e perturbadores.

Descremos, em quase tudo.  Parece que o vasto edifício jurídico e institucional dos direitos humanos não consegue evitou que o pior da natureza humana!

«Somos todos livres e iguais em dignidade e direitos»


sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Quando a deriva é tão visível...

Com uma aparência de desleixo, afastado de todos, deixa-se cair contra o muro. Abandona-se, como se desistisse de tudo.

- Deixem-me, deixem-me, deixem-me... – Gritava, ao mesmo tempo que dizia palavrões.

- Estás bem? Sentes-te bem?

- Como posso estar bem? Vê além a “bófia”? Vêm de carro e armados, prontos para dar porrada. Para a “bófia” todos aqui são drogados e ladrões.

- E não são, pois não?

- Claro que não. Há “bué” de gente que trabalha e putos que andam na escola.

- E tu andas?

- Não. Já andei, mas não gostava, não sabia nada, era perder tempo. Quando os “cotas” foram dentro nunca mais voltei à escola.

- Os teus pais, estão presos?

- Estão, há “bué” de tempo....

Faz silêncio e olha-me intensamente, não sei se com raiva ou súplica, como se eu tivesse alguma coisa a ver com tudo o que estava a acontecer e pudesse ajudá-lo.

(excerto de um texto maior)


terça-feira, 29 de novembro de 2022

As manifestações no Irão

 No Irão, a revolta, contra a ditadura teocrática, daqueles líderes religiosos, fundamentalistas, incapazes de diálogo e corruptos, tomou as ruas de todas as cidades, dentro e fora do país, onde vivem importantes comunidades iranianas, solidárias com o seu povo.

Apesar de mais 300 mortos, mais de 14 mil presos e da repressão parecer não ter limites, essa luta, iniciada por mulheres, há quase dois meses e meio (desde 16 de setembro), ganhou contornos sociais e políticos cada vez mais expressivos.

Agora, mulheres e homens perderam o medo e ganharam consciência da sua força e da legitimidade das suas reivindicações: são gente e querem viver como gente e isso implica liberdade, democracia e justiça.

Manifestações por direitos básicos no Irão


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A COP27 – a Conferência da ONU sobre as Alterações Climáticas

A decorrer, por estes dias, no Egito. Os líderes mundiais falam de uma catástrofe humana anunciada, a níveis imprevisíveis. Já estamos a ver as consequências das alterações climáticas: inundações, degelo, aquecimento global, ondas de calor, secas…, fenómenos extremos que mostram à evidência a precariedade da vida no planeta.

Entretanto, cresce a insegurança alimentar, agravam-se ou desaparecem as condições de vida tradicionais em muitas regiões do mundo. A estes deserdados, restam as margens das grandes cidades, onde sobrevivem, muitos, sem emprego, um salário justo, o mínimo dos mínimos. 


sexta-feira, 4 de novembro de 2022

O terror russo - as contínuas manobras

Acusam a Ucrânia daquilo que eles querem fazer ou fizeram:

- Os bombardeamentos junto à central nuclear de Zaporizhia; a sabotagem dos gasodutos; a preparação de uma «bomba suja», para a seguir usarem armas nucleares táticas; a barragem em Kherson minada para explodir e alagar uma vastidão de cidades, vilas e aldeias (mais de 80); os drones que atingiram a frota do mar Negro e o corredor de navios que transportam os cereais a países onde a fome a vida de milhões de pessoas.

Este é o Putin, no seu melhor, a testar as reações da comunidade internacional (o tal ocidente a que se refere) e a mostrar-lhes: «vejam do que eu sou capaz»!

E é mesmo capaz. Não tem limites!

 

 

Navios com cereais no Mar Negro (Foto: EPA/ERDEM SAHIN)

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Há expressões muito bonitas...

  Quase tropecei na senhora que seguia à minha frente e, de repente, parou no passeio, naquele final de tarde quase noite.

- Desculpe, estou na vaidade - disse-me!

- De nada.

Eu que a olhei, apenas, de relance, sigo intrigada com a expressão. Mais tarde, recordei que estava a colocar um brinco numa orelha. 

Estava explicado. Ainda bem que a senhora «estava na vaidade», não precisamos de saber porquê!

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

A lição da ministra: sem perguntas, revogue-se a lei!

  Eu acho que a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, não tem nada a ver com os negócios do marido; por isso, nada pode ter a ver com o champô para animais que a empresa que recebeu os 133.000 euros de subsídio vai produzir. Mas, o problema é político; agora, quando vemos a ministra, mais depressa vemos os subsídios do Estado, que uns conseguem e outros não, a voar para as empresas do marido.

Há dois dias, novamente por escrito (não quer responder a perguntas), já o tinha feito numa nota do ministério, num artigo no jornal Público, acrescentou que não se deve mudar a lei, que o parecer da Procuradoria Geral da República considera pouco clara e um deputado do PS já veio admitir possíveis mudanças. Então, a ministra, para defender a sua argumentação até ao fim, tem de dizer que a lei deve ser revogada, que não deve haver nenhuma limitação aos contratos públicos em Portugal por familiares de governantes.




quinta-feira, 29 de setembro de 2022

A luta das mulheres no Irão

Mahsa Amin, era uma jovem iraniana, de 22 anos, presa pela polícia da moralidade, em Teerão, e que veio a morrer, três dias depois, em 16 de setembro de 2022, quando estava sob custódia policial. Foi acusada de não estar a usar corretamente o véu islâmico, o hijab, por não lhe cobrir todo o cabelo. Vejam só, porque são assassinadas as mulheres no Irão!

Estou cada vez mais atenta ao que está a passar neste país. Talvez, ingenuamente, pois esta repressão vem de longe, desde a revolução islâmica de 1979 e o integrismo islâmico não deixa margem para qualquer abertura no respeito pelos direitos das mulheres, basta ver como têm sido reprimidas as manifestações (dezenas de mortos, centenas de presos...). 

Foto: Tirada pelos próprios manifestantes (in site da Euronews) 



quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Vivas à República - a propósito do funeral da rainha

Aqueles desmesurados castelos e palácios, aqueles intermináveis cerimoniais protocolares, aquela áurea de que há pessoas que são de outra natureza, por nascerem numa determinada linhagem, estão desfasados do tempo e da racionalidade.

Não há justificação para aquilo a que se assistiu (os que quiseram, claro). As democracias parecem-me incompatíveis com as monarquias, por mais constitucionais, liberais…que sejam. Mesmo as justificações da tradição, da história, da unidade do país, da perenidade das instituições…, não são suficientes, porque também são valores das repúblicas.

sábado, 10 de setembro de 2022

Mãe e filha...

 E a conversa continuou, nessa hora, nesse dia e em todos os dias da vida delas, porque a conversa entre mães e filhas não acaba nunca. A flor sabe que, nessas alturas, umas vezes vai rir, outras chorar, outras emocionar-se, outras suspirar…, e quem vir isso a acontecer, não vai entender o que se passa. Pensou que tem de avisar, pelo menos, o jardineiro de que, quando a vir rir ou chorar, emocionar-se ou suspirar…, por nada, não é por nada, é porque voltou ao colo da mãe, para lhe dizer:

- Mãe, preciso de ti, do teu abracinho!

- Filha, estou aqui! Vou estar, sempre aqui.

E assim é. Mãe e filha, juntas, a iluminar os dias uma da outra.

 


sexta-feira, 2 de setembro de 2022

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Demitiu-se a ministra da saúde

 Era uma questão de tempo. foi hoje de madrugada. Não podemos aceitar mortes evitáveis, sejam de grávidas ou outras patologias; não podemos aceitar negligência médica de nenhum tipo  tenham os doentes a idade que tiverem.  

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A conflitualidade que cresce...

 Os conflitos derivam, em grande medida, da incomunicação, da dificuldade de nos colocamos no lugar do outro e de procurarmos a proximidade e o consenso. 

Ao invés, a tendência é muitas vezes para o individualismo e a intolerância, começamos por ser indiferentes, por não olhar, por não cumprimentar, a seguir fechamos as janelas, construímos muros e, sem nos darmos conta, vamos criando sociedades espartilhadas, excludentes, onde alguns seres humanos parecem não ter lugar e por isso são atirados para as margens.

domingo, 28 de agosto de 2022

Ainda a guerra contra a Ucrânia

 Passados seis meses desta guerra, nenhuma esperança em dias melhores. Ao contrário, espera-se o pior. É já longo catálogo de horrores: cidades completamente destruídas, milhões em fuga, deslocados no país ou refugiados em países europeus, massacres sem conta, milhares de mortos, de prisioneiros, de crimes de guerra…. Agora, é a central de Zaporizhia, a ser utilizada como arma de guerra, como se fosse coisa pouca, um incidente nuclear.

Central de Zaporizhia, na Ucrânia. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

A insustentável troca de favores...

 Sérgio  Figueiredo,  que ia para consultor especial do  ministro das finanças, desistiu do contrato que assinou há poucos dia. Diz que foram muitas e intoleráveis as críticas, ao ponto de comprometerem o seu trabalho, que não havia nenhuma ilegalidade, sabemos isso, mas não conseguiu explicar que não era uma  troca de favores, porque há factos, porque há  contratos anteriores entre estes dois indivíduos.

Foi um ganho da opinião pública e dos partidos políticos, mas o ponto não é este, o ponto é a transparência  da vida politica e da vida pública. Os Sérgios Figueiredos desta vida,  e mais se são competentes, devem ser consultores, ministros, presidentes, o que seja, mas com total lisura de procedimentos.


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

A propósito do mecanismo ibérico para o gás

Muita gente ainda não percebeu nada. Ninguém sabe exatamente o que define e implica o tal mecanismo. Ora, explicar isto, era a primeira coisa que devia ser feita.
Por que não o fazem? Porque não querem, evidentemente.
O meu maior problema, com os políticos, é a mentira. Aprendem todos depressa «a arte da política», mesmo usando diferentes cartilhas. Vem de longe isto, e continuará, porque não se muda a natureza humana.
Há quem os desculpe e considere que não são bem mentiras, são meias verdades». Sejam. O ponto é que meias verdades são mentiras.
Foto: Os primeiros-ministros de Portugal e Espanha
Pode ser uma imagem de 2 pessoas, pessoas em pé e fato
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sábado, 30 de julho de 2022

A falência do Serviço Nacional de Saúde

Não estávamos à espera que o problema no fosse tão grave, tão generalizado e de tão difícil resolução. Já se viu que a ministra, Marta Temido, é incapaz de travar a degradação crescente.

Não é só organização, carreiras, direitos salariais….É mais do que isso: é a falta de médicos, que não se inventam, por mais que nos digam que é porque preferem emigrar, ir para o privado, ser tarefeiros a contratados...
Como é que se assume a responsabilidade política, por esta insustentável situação, nas democracias? A ministra deve pedir a demissão.

Foto: A urgência do hospital, Garcia de Orta, Almada.



sábado, 23 de julho de 2022

Celebremos o acordo para os cereais

Durante quatro meses, os cereais ucranianos, cerca de 20 milhões de toneladas, vão poder ser exportados, através do mar Negro, com a supervisão da ONU e da Turquia.

Finalmente, milhões de seres humanos ameaçados pela fome, em muitos países do mundo, sobretudo, na África e Ásia, vão poder alimentar-se.
Negociado durante dois meses, mostra bem a complexidade do que está em causa: os interesses e o taticismo de uns e de outros, as contrapartidas (a Rússia exportará cerca de 100 milhões de toneladas de cereais e fertilizantes), as dificuldades do processo (desminagem, vigilância dos barcos, coordenação da logística…).
Apesar disto, esperemos que se realize.

Foto: Navio no mar Negro


terça-feira, 19 de julho de 2022

combatente na Guiné, na guerra colonial

Passei por várias fases: mas, foi o álcool que me levou à decadência mais absoluta, estava no chão, caído; sem a mão da minha mulher, sempre presente para me ajudar a levantar, não teria sobrevivido.

Ela, que assiste à conversa, contrai-se, leva as mãos aos olhos, rasos de água, olha-o de um modo que ninguém, de fora, pode explicar; um olhar infinito que só eles conhecem, que só eles partilham, como se já não houvesse tempo, nem distâncias e tudo, neles, fosse já eternidade.
- É amor, um amor para a vida - confidenciam-me.
E eu sei que sim!

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Aturdidos pela tecnologia

 A imagem de alguém, fechado num quarto ou num escritório, frente a um computador, de auscultadores nos ouvidos, ligado à Internet, com infindáveis janelas abertas, dois ou mais telemóveis em cima da mesa, tocando à vez ou ao mesmo tempo, tornou-se tão comum que já não a questionamos, embora devêssemos. É a normalidade dos nossos dias, mas precisamos saber que, viver assim, não é uma inevitabilidade. A técnica não é um determinismo.


quinta-feira, 30 de junho de 2022

Apresentação do livro: Ética para os mais novos e os outros... em conversas com a Ana


O livro aborda as três componentes da ética: liberdade (eu); respeito (eu-tu); e justiça (nós e os outros), num discurso argumentativo, claro e consistente. Com uma importante intenção formativa, embora centrado no público juvenil, julgo de interesse para professores, educadores e pessoas em geral.  
Maria  Rosa Afonso

domingo, 26 de junho de 2022

Odeio o Putin

 Sei bem que há outros ditadores (mais mascarados ou mais assumidos), sei bem do que a natureza humana é capaz. Mas, fazer uma guerra de agressão, em 2022, arrasando tudo – cidades completamente destruídas, milhares e milhares de mortes, populações em fuga, milhões de refugiados e deslocados internos…. Apesar disto, intensificam-se os combates e o monstro continua a mostrar as suas garras, porque sabe pode continuar a comprar armas, tanques, mísseis e não sei mais o quê, financiadas pelo petróleo e gás, de que é o maior fornecedor mundial.

 

   

domingo, 19 de junho de 2022

Nódoas negras...

 Quantas vezes imaginou histórias alegres, vidas felizes, risos contagiantes… mas sempre eram páginas para deitar fora! Escrever sem paisagens, sem amanheceres luminosos, entardeceres intensos ou mares sem fim, escavando interiores, lá onde a marca é funda e teima em permanecer, não era uma contingência, era uma necessidade. Escrever sobre vivências de perda, de morte, de exploração, de guerra…, parecia um destino. Aceitava-o, mesmo que isso a desestabilizasse emocionalmente e tivesse, muitas vezes, de fugir de si mesma e dos seus abismos.

 Passadas horas, dias ou semanas, retornaria ao texto, sabia-o, como se um oculto desejo, um apelo de redenção, mesmo passados quarenta anos, a levassem irremediavelmente a isso.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Dia Internacional da criança - o direito à saúde

 O homem deixou, na mesa, um maço de notas e disse à mulher, através de gestos, (talvez fosse surda-muda), que eram para levar menino ao médico.

Sete, oito, anos, estendido numa esteira, ardendo em febre, olhos fechados, imóvel, com uma fragilidade que dói e assusta, porque se pressente o pior, o menino ali está.

Se fosse um país desenvolvido, teria sido assistido, a tempo e horas, num hospital e um antibiótico ou outro medicamento ter-lhe-iam salvo a vida. Mas, naquele subúrbio insalubre, duma imensa cidade asiática, o destino seria provavelmente outro.

Foi muito tempo a mais a tentarem arranjar aquele dinheiro, e o menino não resistiu. O tal senhor que tinha deixado o maço das notas (talvez o pai), chega para o funeral, há muita gente, a mãe não está só…, cumprem-se os rituais religiosos e o menino parte.

 

(Sobre um documentário, de que já não recordo o nome).

domingo, 22 de maio de 2022

A educação é a chave mestra- abre todas as portas

 Não dês o peixe, ensina a pescar.

                                                                                Prov. Chinês

 Parece óbvio, pois quem sabe pescar, se tiver condições e vontade, pesca. É isto educar: dar ferramentas, conhecimentos, desenvolver capacidades e tornar possível determinadas atitudes e comportamentos.

Mas é mais que isso, educar é também um modelo de desenvolvimento, por exemplo, os países do 3º mundo só se desenvolverão de forma sustentada se “forem ensinados a pescar” se desenvolverem as suas capacidades e os seus conhecimentos, se aliarem de forma consistente o saber, a técnica e os recursos naturais. Na educação está a chave para o desenvolvimento e a justiça global.

 

 

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Onde estão os soldados russos mortos?

 Na Rússia, há uma realidade paralela, para não dizer, uma mentira do princípio ao fim, sobre as justificações da guerra, os alvos atingidos, as conquistas, a destruição, os feridos, os mortos, os crematórios móveis…

Quando aquele pai russo que sabe que o filho, jovem recruta, estava no navio Mostva, afundado no mar Negro, pergunta: - onde está o corpo do meu filho?

A resposta oficial: - não havia recrutas no navio; o seu filho não morreu no mar.

Como é eu se pode aguentar, tamanha desumanidade? O que fazer? 

.

 

quarta-feira, 4 de maio de 2022

O guardador de gado


Quando ficou órfão, foi levado para casa de um senhor que, em vez de o criar como se devem criar as crianças, o pôs a guardar gado, quase numa espécie de escravatura.
- Tenho 12 anos, vivo em Massinga (Moçambique) e guardo gado - disse-me.
- Tens um grande o rebanho! Sabes, quantas cabeças são?
- Não sei quantas cabeças de gado guardo, porque não sei contar, nunca fui à escola. O rebanho é da família, a maior parte, mas também é de outras pessoas, tenho de ir duas vezes ao rio, de manhã e à tarde, para poderem beber água. Tenho inveja dos meninos que vão a escola.
- Talvez, um dia ainda possas ir à escola!
Fico a pensar em todos os meninos que guardam gado e nunca foram à escola.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Um poema de Ruy Belo: "E tudo era possível"

Na minha juventude antes de ter saído

da casa de meus pais disposto a viajar

eu conhecia já o rebentar do mar

das páginas dos livros que já tinha lido

 

Chegava o mês de Maio era tudo florido

o rolo das manhãs punha-se a circular

e era só ouvir o sonhador falar

da vida como ela houvesse acontecido

 

E tudo se passava numa outra vida

e havia para as coisas sempre uma saída

Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

 

Só sei que tinha o poder de uma criança

entre as coisas e mim havia vizinhança

e tudo era possível era só querer

 

Ruy Belo

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Viva o 25 de abril, a revolução portuguesa

A jovem saiu de casa como todos os dias, sem saber que tinha havida uma revolução naquela madrugada. Ela não sabia que podia haver revoluções, que a vida podia ser diferente, que os quartéis,  as tropas, as  mobilizações e as mortes em Angola, Moçambique, Guiné..., não eram uma normalidade. Ela não sabia que o homem simpático que regava as flores e dava lustro à placa dourada da sede da PIDE/ DGS, era do regime Ela não sabia o que era o regime!

Agora sabe. Aprendeu que a liberdade, a igualdade e a democracia não são um destino,  antes, uma luta diária de pessoas e instituições nacionais e supranacionais.



sexta-feira, 22 de abril de 2022

A perversidade da guerra

 A guerra perverte tudo: põe o conhecimento racional e científico ao serviço  das academias militares, das indústrias de armamento,  da sofisticação das armas, das estratégias bélicas, da morte planificada de pessoas…, como se tudo fosse normal.

A razão, ao serviço da total irracionalidade, que confunde tudo, que domina tudo, que destrói tudo. E assim estamos, e assim continuamos, como se estivéssemos na idade da pedra, incapazes  de mudar de vida.

Tropas russas na Ucrânia


terça-feira, 19 de abril de 2022

O jovem morto na guerra - poema de Fernando Pessoa

 O menino de sua mãe

 

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,

De balas trespassado

Duas, de lado a lado,

Jaz morto, e arrefece

 

Raia-lhe a farda o sangue

De braços estendidos,

Alvo, louro, exangue,

Fita com olhar langue

E cego os céus perdidos

 

Tão jovem! Que jovem era!

(agora que idade tem?)

Filho único, a mãe lhe dera

Um nome e o mantivera:

“O menino de sua mãe”.

 

Caiu-lhe da algibeira

A cigarreira breve

Dera-lha a mãe. Está inteira a cigarreira.

Ele é que já não serve.

 

De outra algibeira, alada

Ponta a roçar o solo,

A brancura embainhada

De um lenço … deu-lho a criada

Velha que o trouxe ao colo.

 

Lá longe, em casa, há a prece:

“Que volte cedo, e bem!”

(Malhas que o Império tece”)

Jaz morto, e apodrece,

O menino de sua mãe

 

                                          Fernando Pessoa

 

 

 

 

 

 

sábado, 16 de abril de 2022

Boa Páscoa

 Num mundo tão difícil,  morte, desespero, guerra..., festejar a Páscoa, parece uma ironia. Mas não nos resta mais nada se não continuarmos a fazer o que nos for possível para um mundo mais humano.


sexta-feira, 15 de abril de 2022

Nas ruínas de Mariupol, Ucrânia

 Começam a aparecer apontamentos de reportagem que tocam a dignidade humana – sei bem que tudo naquela guerra é indigno e que a barbárie russa precisa ser mostrada, mas há limites!

Aquele homem, relativamente novo, de olhar perdido, mais que desorientado, incapaz de articular discurso e a quem perguntam: como se sente? Para onde vai? Quem perdeu? Já não tem casa?

Aquele jovem, em cima de uma montanha de destroços, a quem perguntam: como se sente? O que perdeu? Não tem para onde ir? Não tem medo de ficar aqui?

-  Não saio daqui. Até tenho para onde ir, mas é tão longe, que não sei se ia conseguir lá chegar…


quarta-feira, 6 de abril de 2022

Os impasses do Conselho de Segurança da ONU

É formado por 15 países e destes 5 (China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia) são membros permanentes, com direito de veto, ou seja, se votarem contra uma resolução a mesma deixa de ter aplicação prática.

São dificuldades que se repetem, já vimos isto acontecer noutros conflitos, noutras situações. Parece impossível uma reforma capaz de tornar este Conselho Permanente eficaz e para isso não pode a parte interessada (neste caso a Rússia) votar em si própria.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Algumas notas sobre grandes batalhas (a mesma indecência humana)

Em Austerlitz, França, 1805; - Em Waterloo, atual Bélgica, 1815; - Em Ypres, Flandres, durante a I Guerra Mundial (1914-1918) houve quatro grandes batalhas; na última, a de La Lys, com milhares de baixas portuguesas (mortos, feridos e prisioneiros); - Em Gettysburg, Pensilvânia, Estados Unidos, 1863, na Guerra da Secessão; - Em Verdun, França,1916, I Guerra Mundial, durante dez meses, entre franceses e alemães, com muitas centenas de milhar de

domingo, 20 de março de 2022

Guerras

Empilhem os corpos em Austerlitz e Waterloo. Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar – Eu sou a erva; eu cubro tudo. E empilhem-nos também em Gettysburg; Empilhem-nos em Ypres e Verdun. Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar. Dois anos, dez anos, e os passageiros perguntam ao motorista: Que lugar é este? Onde é que estamos? Eu sou a erva. Deixem-me trabalhar Carl Sandburg

quinta-feira, 17 de março de 2022

São tantos os bombardeamentos ...

Os russos destróem hospitais, escolas, teatros, bairros residenciais..., como se fossem alvos militares, e depois a desculpa:«pensávamos que abrigavam os ultranacionalistas do batalhão de Azov. E assim estamos, paralisados, espectadores de um mundo que não entendemos, que nos entra em casa, nos incomoda, nos revolta e que parece não ter fim. O inferno é isto!

segunda-feira, 14 de março de 2022

A violência de Putin, vem de longe

(republico uma crónica de 9 de maio, de 2008) Tantas fardas, na Praça Vermelha Voltaram às ruas de Moscovo, as infindáveis e "impecáveis" paradas militares. Assim, comemoram o fim da II Guerra Mundial, ao mesmo tempo que mostram o seu poderio militar. Olha-se para aquilo, e pensa-se: voltámos a que tempo? Quase confundo Putin e o actual Presidente com outros senhores de tempos idos. Quero estar enganada, espero que esta democracia, tão militarizada, tão musculada e tão outras coisas ..., não acabe por aqui.

terça-feira, 8 de março de 2022

Caem bombas, em cidades ucranianas

Assistimos à escalada da guerra e não acreditamos, como é possível aquele nível de destruição, atingindo alvos civis. Putin está disposto a tudo, isso já se percebeu, como se não importassem os milhões de deslocados, os milhões de refugiados, os milhares de mortos, os milhares de feridos…, a total devastação da Ucrânia. E por quê? Porque ele quer. Se ele quer, não olha a meios. O mais certo é as negociações, que eu espero continuem, não levem a nada nenhum. E então ninguém pode deter o monstro? Este é ponto: é preciso prender Putin. Só os russos o podem fazer, quando perceberem que as suas vidas se tornaram insuportáveis...

domingo, 27 de fevereiro de 2022

A guerra da Rússia contra a Ucrânia

Não sabemos ainda o que vai acontecer. Eu que não percebo nada de estratégias militares, mas percebo alguma coisa de gente alucinada, como Putin o ditador russo, temo o pior.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

A guerra: um dos maiores problemas de direitos humanos,

A guerra, é consequência e causa de muitas violações, antes, durante e após os conflitos: o problema das populações deslocadas, multidões que fogem das zonas de conflito para outras regiões ou cidades, deixando tudo atrás, vulneráveis a perigos, doenças, etc.; os refugiados que pedem asilo em países vizinhos, procurando escapar à morte; os meninos soldados levados das suas aldeias e ensinados a matar, debaixo do efeito de drogas, tornam-se assassinos frios, alheados e sem sentimentos ; o abuso sexual de jovens e mulheres adultas, a propagação de doenças e a consequente destruição de famílias; milhares (às vezes, muitos) de pessoas mortas e de famílias destroçadas, onde falta o pai, a mãe ou ambos; meninos abandonados à sua sorte, vítimas inocentes de uma guerra que não poupa ninguém.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

A paz é, porventura, a causa mais justa por que lutar...

Quando se anuncia mais uma guerra, a Rússia a invadir a Ucrânia, lutar pela paz é uma exigência da consciência de cada um. Está em causa a vida, a vida de milhares de inocentes. É necessário agir, são as opiniões públicas, as pessoas, que têm de sair para a rua a exigir o não início da guerra – é um problema de direitos humanos a nível mundial, ninguém pode ficar indiferente. Mas manifestações massivas, sem outros cartazes que não sejam a condenação da violência e a defesa da vida e dignidade humana.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Dignidade: igualdade e diferença

Às vezes, para alguns, parece mais fácil defender a diversidade e a diferença, como valores intocáveis, do que defender a liberdade e a igualdade de todos os seres humanos, como valores igualmente intocáveis. Mais, a meu ver, a convergência desses valores, implica até que os valores universais são prioritários, porque não podemos viver perdendo a ética.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

27 de janeiro – Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Todos temos um dever de memória, acerca dos totalitarismos do século XX – para mim, muito mais claro, desde que visitei campos de concentração e extermínio, nomeadamente, Auschwitz-Birkenau. Nenhum apaziguamento humano é possível, com o que aconteceu, de 1942 a 1944, nesses campos de morte. É algo que esmaga mesmo; algo que, num primeiro momento, nos tolhe o pensar, para depois nos interrogar, até ao mais fundo de nós mesmos: como foi possível aquela fábrica de morte?
O portão de entrada de Auschwitz (Polónia), de há 75 anos, quando o campo foi libertado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Os prisioneiros de Guantânamo

É uma prisão, num enclave na ilha de Cuba, que os Estados Unidos administram e por arrendamento perpétuo desde 1903. Foi aí que prenderam os responsáveis pelos atentados de 11 de setembro de 2001 às Torres Gémeas, em Nova Yorque. Dos 800 presos que já passaram por lá, apenas 12 foram julgados. Neste momento, permanecem 39, sem processo, sem julgamento e sem condenação, como consta de declarações e tratados internacionais que estabelecem o direito de todos os seres humanos a ser julgados, em tempo útil e de forma justa, em conformidade com as leis. Na Europa, por exemplo, em França e Espanha, onde houve atentados com muitas mortes, os terroristas foram presos, julgados e condenados. Os Estados Unidos persistem numa situação ilegal. Parece uma prisão fora do mundo e fora da lei, onde sucessivos relatórios, apontam violações.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A intolerância religiosa na Índia

Sabemos que o problema vem de longe, sobretudo entre hindus (80%) e muçulmanos (13,4%). Agora chegou à minoria católica (2,3%). Há talvez uma semana foi noticiado que as Irmãs da Caridade da congregação religiosa da Madre Teresa de Calcutá foram proibidas de receber donativos do estrangeiro. Não é caso único, há outras notícias contra instituições católicas, como um centro de apoio a jovens perto da cidade de Agra, encerrado e multado por ter terminado o prazo de arrendamento do local. Esta discriminação às minorias religiosas não é uma coisa nova, mas mudou a atitude do poder, nomeadamente do presidente Modi, que fez aprovar uma lei contra a conversão a outras religiões.
Devotos indianos rezam diante da imagem de Nossa Senhora da Saúde, em Hyderabab (AFP or licensors)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Dia Internacional da Paz

Foi há dois dias calebrado o dia mundial da paz - a 1 de janeiro. Os dias internacionais foram instituídos pela ONU para lembrar a importância e a necessidade de fazer alguma coisa pelos assuntos em questão. No caso da paz, até se pode dizer que é o mais importante direito humano, porque todios os outros ficam em causa. Sem paz não há liberdade, justiça, segurança, desenvolvimento...