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sábado, 28 de agosto de 2021

A violência que nos habita

 É um dos maiores enigmas da natureza humana: por que existe o mal? Por que não somos capazes de evitá-lo?

E o pior é que ninguém pode dizer que está a salvo de um dia se tornar um assassino. Todos podemos odiar, ferir e até matar. Ou não podemos? Podemos.

É este limite, entre a violência e a bondade, que define o humano; a liberdade, é escolher entre a animalidade e a humanidade, a lei da selva e a civilização.

A escolha é da razão e da bondade humanas. É sempre possível não ser violento.

domingo, 22 de agosto de 2021

Os talibãs – que mal é este?

Eu não lhes dou o benefício da dúvida. Os talibãs, que já governaram o Afeganistão de 1996-2001, são um grupo terrorista, baseado num fanatismo religioso incompreensível.

Têm na cabeça que, se seguirem à risca os preceitos do Corão e a lei islâmica, estão destinados ao paraíso, eles e todos os seus seguidores. Não precisam de mais nada.

Recuam mil e quatrocentos anos, ao tempo do profeta Maomé, como se a humanidade não tivesse séculos de pensamento, conhecimento e civilização.

Fecham escolas e universidades, proíbem quase tudo, sobretudo, às mulheres e meninas. O que importa é saber recitar de cor versículos do Corão, mesmo que não se saiba ler, e todos os meninos aprendam a manejar uma arma e a matar, sem qualquer tipo de culpa, convencidos de que estão a fazer o bem – isto é a absoluta perversão.

Isto é um mal extremo, massivo, sem limites, como foi maldade nazi. Espero que a comunidade internacional não reconheça o poder talibã, e todas as vozes se ergam para que o pesadelo acabe.


 

 

 

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Sérgio Vieira de Mello

 Hoje faz anos que morreu Sérgio Vieira de Mello, dia 19 de agosto de 2003, num atentado em Bagdade. Era Alto Comissário para os Direitos Humanos e chefiava a missão humanitária da ONU no Iraque. Deixo parte de um texto seu:

 “A Declaração (Universal dos Direitos Humanos) é um documento poderoso e intemporal, que capta as aspirações profundas da humanidade a viver com dignidade, igualdade e segurança. Ela contém os padrões mínimos que ajudam ao enquadramento das questões morais do ponto de vista da legalidade.

(…)

A melhor oportunidade de prevenir, limitar, resolver e recuperar do conflito e da violência, reside na implementação e na defesa da lei. Os conflitos armados erguem-se como um sangrento monumento à falência da aplicação da lei. Devemos quebrar o ciclo de violência. Onde quer que as repressões armadas despojem as pessoas dos seus direitos e da sua dignidade devem os responsáveis ser submetidos à força da lei, dos direitos e da dignidade humana, aplicada a todos os estados, grupos armados, indivíduos, comunidades e entidades publicas ou privadas.

 Mensagem de Sérgio Vieira de Mello, no dia 10 de Dezembro de 2002, in http://www.youandaids.org

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

O sismo no Haiti : a repetição da tragédia

 (Houve há dois dias  um sismo, no Haiti. Quando olhamos as imagens vemos destruição e morte (já mais de 700 pessoas), mas não  comparável ao que ocorreu há dez anos, em que houve 300 mil mortos. Republico um texto que escrevi nessa altura; dói perceber que a precariedade daquele povo é quase a mesma).

Haiti, os meninos de ninguém 

Queria escrever sobre o inferno do Haiti, mas não sou capaz. Dizer o quê? 

Dizer que tenho vergonha de pertencer a essa parte do mundo que deixa, que permite, que existam, em 2010, países como o Haiti, com este nível de pobreza, subdesenvolvimento, fraqueza ou inexistência das instituições fundamentais do Estado…; dizer que sou incapaz de compreender que se atulhem, no aeroporto, milhares de toneladas de ajuda humanitária e a mesma não chegue às pessoas afetadas; dizer que cada vez acredito menos na eficiência da ONU, como se tem visto nesta situação em que os capacetes azuis não conseguem garantir a distribuição da ajuda em condições de segurança; salva-se a resposta massiva do mundo todo, ou quase, em solidariedade com o povo do Haiti. 

Desde o dia do terramoto, também eu deambulo pelas ruas de Port-au-Prince, dando a mão aos meninos que ninguém veio buscar, órfãos de tantas e tantas tragédias. Meninos ausentes, perdidos, que já não choram, que já não pedem... Meninos com direitos, meninos de toda a gente. Meninos meus. Um dia, quando for possível, inventarei histórias bonitas para vos contar! E sei que vão querer ouvi-las.

(Publicado em 19/01/2010)

terça-feira, 10 de agosto de 2021

A crise do clima

 Saiu ontem o Relatório da ONU sobre o clima e as notícias não podem ser mais desanimadoras. Já o sabíamos, porque as consequências da crise climática são visíveis por todo o lado: as cheias na Alemanha e na Bélgica, os fogos na Turquia, Grécia, Califórnia…, fenómenos extremos devidos ao aquecimento global.

As metas definidas, no Acordo de Paris, de 2015, já não se adequam, a realidade ultrapassa todas as previsões. Temos de levar a sério a urgência do clima, exigir informação científica rigorosa, como a deste Relatório, ação concertada dos que governam o mundo e também de cada um de nós.

Não podemos continuar a viver com estes níveis de consumo, poluição, destruição… e quase tudo em menos de um século.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Zeca Afonso

 Ontem, celebrou-se mais um aniversário do nascimento de José Afonso (1929 - 1987). Assisti a um documentário na televisão (que já vi outras vezes), e pude de novo perceber a força daquela consciência. Zeca é um caminho, uma luz, um acreditar em sociedades justas, mesmo que todos os sonhos de justiça esbarrem com a dura realidade