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terça-feira, 30 de junho de 2020

A escravatura (4)

Um dos destinos do tráfico negreiro foi o Brasil, primeiro os portugueses, na 2ª metade do século XVI e depois os holandeses. Levavam escravos das colónias africanas para as senzalas,  onde viviam sem quaisquer direitos, com tortura física e psicológica, acorrentados para evitar fugas.
As rotas de escravos foi um negócio consentido, entre os reinos africanos e árabes e os países europeus, em muitos destes países, durou até há bem pouco tempo, a Mauritânia foi último país a abolir a escravatura, apenas, em 1981.
Mas a escravatura não ficou enterrada na história, continua nos nossos dias, não tenhamos ilusões; continua depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos e tantos tratados e acordos internacionais .

sábado, 27 de junho de 2020

A escravatura (3)

 Com os descobrimentos e particularmente com o povoamento das Américas, a escravatura e o tráfico de pessoas toma uma dimensão avassaladora e incomensurável que ainda hoje se sente. Quando visitamos fortalezas, que foram outrora entrepostos de escravos, há um arrepio que nos atravessa o corpo e nos comove até ao mais profundo de nós mesmos.
Como foi possível que milhões de seres humanos tivessem sido reduzidos à condição de escravos, arrancados às suas famílias, às suas terras e embarcados, em condições sub-humanas, em navios negreiros, para irem para o outro lado do mundo!
Cruzavam o Atlântico, em viagens de desespero e morte,  cerca de 40% não sobrevivia, para serem utilizados como força de trabalho, nas plantações de café, nos engenhos de açúcar ou nas explorações mineiras.

terça-feira, 23 de junho de 2020

A escravatura (2)


Narrador: Sofrem até ao limite das suas forças, no corpo e na alma, caem inconscientes, irremediavelmente estropiados e muitas vezes mortos.
Feitor: - "Era um escravo forte, bom para o trabalho.
Senhor: - Tanto dinheiro que dei por ele"!
Feitor: Calados! Ninguém fala!
Narrador: O silêncio imposto aos que assistem não pode ser mais perturbador, ainda que os olhos, rasos de água, denunciem a tristeza e a raiva que os consomem por dentro.
Mas, nenhum destes homens deixou de sentir ou de pensar, nenhum deixou de ser gente, e alguns são fortes, muito fortes –
João - Há alturas em que uma pessoa não pode mais continuar de cabeça baixa, vamos reunir-nos, combinar, planear fuga. Lá fora, estão os quilombos.
Narrador: - Lá fora, está a liberdade, sempre sonhada mas quase nunca possível, por perto há sempre um capitão do mato, de arma ao ombro, pronta a disparar. Sabem que só com ajuda sairão dali.
Quem poderá ajudá-los? Talvez alguns negros já libertados, talvez algum abolicionista. Esperam. Resistem.
A carta de alforria, 


domingo, 21 de junho de 2020

A Escravatura (1)

 Narrador: Estamos no século XVIII, no Brasil, uma multidão de negros, debaixo de um sol escaldante, vai a caminho da plantação de café.
Feitor: - Em fila e de cabeça baixa, sem conversar, sem parar...
Escravos: - Sim, senhor, sim, senhor. Está bem, senhor...
Narrador: João é um escravo ainda jovem, sem família, nem documentos, nunca foi à escola. Criado com outros, naquela senzala, sonha todos os dias com a liberdade. Sonha com o dia em que poderá caminhar para lá dos muros daquela fazenda. Às vezes, revolta-se, contra o feitor.
João: - Eu sou gente! Não me pode proibir de pensar, de ter desejos, de querer outra vida!
Feitor: - Você desobedeceu-me. Agora, vai para o tronco, chibata, espectáculo público, para que todos vejam o que acontece a quem enfrenta o senhor ou as ordens do feitor.

terça-feira, 16 de junho de 2020

As vidas dos negros contam, e muito

O racismo é a discriminação mais citada em todos os relatórios da ONU, a mais incidente e a que parece, apesar de leis, uma coisa e outra, a mais difícil de combater.  Parece que estamos sempre no ano zero,  com tudo por fazer. Não sei a dimensão que o movimento: « As vidas dos negros contam» vai tomar. Espero sinceramente que de uma vez por todas haja instituições justas, eficientes, capazes de respostas  em que os negros assumam o protagonismo. É duro, estar sempre no campo dos deserdados.