Pesquisar neste blogue

sábado, 26 de maio de 2018

Mãe-negra - palmas para Paulo de Carvalho

Hoje de manhã, por acaso, pois, abri a televisão um pouco antes, ouvi o Paulo de Carvalho cantar, em direto, a "A mãe negra". Emocionei-me. Ninguém imagina a importância que algumas canções deste  artista têm na minha vida, desde os dezassete anos, pelo menos.  Deixo o poema para quem quiser ler e pensar.

Prelúdio
 Pela estrada desce a noite
Mãe-negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.
 Mãe-negra tem voz de vento,
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...
 Tem voz de noite descendo,
De mansinho pela estrada...
 Que é feito desses meninos
Que gostava de embalar?....
 Que é feito desses meninos
Que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora histórias
Que costumava contar?...
 Mãe negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo
Mãe-negra!...
 Os teus meninos cresceram,
E esqueceram as histórias
Que costumava contar...
 Muitos partiram pr’a longe
Quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada
 É a tua voz deste vento,
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada...
 (poesia de Alda Lara, in Poemas, 1966, Angola, in Os direitos humanos na Língua Portuguesa, )
  

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Educação e valores


Quem deu à luz um monstro, está obrigado a amamentá-lo - um provérbio africano 

Quem criou um monstro, o ajudou a crescer, está obrigado a conviver com ele, pois, de algum modo, é responsável por aquilo em que aquele ser se transformou. Mostra bem como a ação de criar, de ajudar a crescer, de educar, é fundamental.

É uma verdadeira responsabilidade. Como criamos? Como educamos? Que valores, ideias e sentimentos colocamos no coração e na mente daqueles que educamos? 

É razoável pensar que, se crescemos a aprender a odiar, é normal que odiemos. Se na família, na comunidade, na escola … criarmos seres que odeiam, exploram, torturam, fazem mal..., não podemos esperar  grande coisa. 

quinta-feira, 24 de maio de 2018

A educação, um direito humano


Não dês o peixe, ensina a pescar - é um provérbio chinês muito conhecido, que mostra a importância da educação.
                                                                                
 Parece óbvio, pois, quem sabe pescar, se tiver condições e vontade, pesca. É isto educar: dar ferramentas, conhecimentos, desenvolver capacidades e tornar possível determinadas atitudes e comportamentos.
Mas é mais que isso; educar é também um modelo de desenvolvimento, por exemplo, os países do 3º mundo só se desenvolverão de forma sustentada se “forem ensinados a pescar” se desenvolverem as suas capacidades e os seus conhecimentos, se aliarem de forma consistente o saber, a técnica e os recursos naturais. Na educação está a chave para o desenvolvimento e a justiça global.

terça-feira, 22 de maio de 2018

O ditador Maduro


Houve eleições, dia 20 de maio, na Venezuela; o presidente Maduro ganhou, como se esperava. Como é que um homem vê um país a desmoronar, económica e socialmente, onde falta tudo, onde se sobrevive, onde se morre por não haver medicamentos…, e continua a propaganda revolucionária, como se a ideologia resolvesse todos os problemas.
Com uma nova constituição, feita à medida, com pseudo-instituições e com a gritaria de sempre quer convencer que é um democrata, que as eleições foram livres e justas, que havia observadores internacionais, que a oposição não foi reprimida, que há comida na mesa de todos, e se não há a culpa é dos outros. Estou tão cansada de ditadores, sejam de esquerda ou de direita, tanto faz, quando oprimem e levam à miséria os seus próprios países, mesmo falando de direitos.
A Venezuela está mergulhada num caos cada vez maior que tem tudo para acabar muito mal.  


quarta-feira, 9 de maio de 2018

Elogio para Joana Marques Vidal – Procuradora Geral da República


Cautelosa, quase pedindo licença para passar, chegou onde ninguém tinha chegado, porque, manifestamente, quis chegar, quis afrontar poderes, quis mostrar como a lei é igual para todos.
A promiscuidade entre política e negócios, entre empresas e banqueiros, teceu uma teia de interesses e de impunidades, que nunca passou pela cabeça desses senhores (Salgado, Sócrates e outros noutros processos) a possibilidade de serem investigados. 
Não é só trabalho da Procuradora Geral, como é evidente. Mas ela merece, particularmente, pelo entendimento, levado à séria, de que todos devem ser investigados, logo que surja o menor indício de corrupção.  

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Regra de ouro


É interessante constatar como a universalidade moral está presente em expressões de senso comum, como esta: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" – Regra de Ouro do viver humano.
O cumprimento desta regra  preserva todo o campo da ação ética: a liberdade individual; o respeito pelo outro; e a justiça para todos. 
É como se todos tivéssemos um sentimento do que é ser ético e o bom senso nos encaminhasse para ver no outro um igual.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

O trabalho com direitos


Nos últimos anos, perderam-se muitos direitos. Desde logo, no caso dos desempregados, o direito a ter um trabalho; no caso dos precários, o direito a ter um trabalho estável, com horizontes de progressão e de realização pessoal (tanta gente a trabalhar fora da sua área e a viver em casa dos pais sem poder decidir da sua vida); no caso dos que ganham o ordenado mínimo, o sufoco contínuo de não ganharem para pagar as suas contas, mesmo trabalhando oito horas por dia.
Ambas as centrais sindicais salientaram a luta pelo aumento do salário mínimo, o que é verdadeiramente justo.

terça-feira, 1 de maio de 2018

O polvo continua, a corrupção


O caso Sócrates é tão triste! É a corrupção ao mais alto nível: passiva, ativa, pequena, maior, grande, muito grande, milhões, muitos milhões, contas offshore, lavagem de dinheiro, fuga ao fisco… e o povo atónito, ou nem tanto, assiste, muitos ainda incrédulos do que está a acontecer.
Mas o polvo vai continuar a estender os braços e outras personagens vão continuar a tremer. Há quem ache que a divulgação dos interrogatórios foi demais, porque atentam contra a dignidade dos visados; é verdade eu também acho, mas, não há outra maneira de sabermos do que estes senhores foram capazes de fazer. São uns a tramarem-se aos outros (Battaglia trama Salgado que trama Sócrates que trama Pinho que trama…), pelo meio andam outros (Santos Silva, Vara, Bava, Granadeiro…). Quem é que julgava isto possível! Não me continuem a dizer: «ainda não foram condenados, não podemos dizer nem isto nem aquilo». E então nós somos todos ignorantes!