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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Bom Ano Novo

 Desejo a  todos um bom ano de 2021, em primeiro lugar a nível pessoal e familiar, mas também a nível social e global. Espero :

- Que a epidemia COVID-19, que transtornou as nossas vidas e mostrou como nada está adquirido, possa ser debelada. 

- Que os desastres naturais - o sismo que ontem atingiu a Croácia, as tempestades..., possam ter a ajuda humanitária internacional que precisam.

 - Que as guerras que podemos evitar - Síria, Iémen..., desapareçam de vez, com acordos viáveis e  ajudas sustentadas.   

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

A sabedoria prática, em Paul Ricoeur

 Muitas pessoas que me leem sabem que faço investigação na área da Ética, Direitos Humanos, Cidadania.... Deixo um artigo que acabou de sair.

http://fajopa.com/contemplacao/index.php/contemplacao/article/view/267


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Sem-abrigos nas ruas de uma cidade (6)

  São dois irmãos, marcados pelo alcoolismo, que arrumam carros, há mais de vinte anos, à entrada de um centro comercial. Primeiro, contam as moedas para ver se já chegam para comprar tabaco. Depois, contam as moedas para ver se já chegam para comprar o que comer e beber (sempre vinho). Se é suficiente, compram comida, se é pouco comem pão sem nada ou com mortadela.

Uma vez perguntei-lhes:

- Têm família?

- Ele – aponta para o irmão – tem filhos, mas não querem saber. Estamos a arrumar carros desde que a minha mãe morreu. Pedimos, mas não roubamos nada a ninguém. Se o dia corre  mal, esperamos até mais tarde e pessoas do supermercado dão-nos comida.

 

sábado, 26 de dezembro de 2020

Sem-abrigos, nas ruas de uma cidade (5)

 Tem 21 anos e foi abandonada pela mãe quando tinha quatro.

- A minha mãe seguiu a vida dela sem olhar para trás, deixou-me em casa do meu pai, mas como a minha madrasta não me via com bons olhos andei de um lado para o outro, uma vez na minha avó, outra no meu pai, até que um dia fugi e vim para aqui, para esta casa abandonada juntar-me a um grupo.

- Consumiam drogas?

- Claro, eu também; se não fosse a droga, não tinha ido para a prostituição. Quero sair disto, mas é impossível, quero uma vida como a gente normal. A assistente social sabe disso e prometeu-me arranjar lugar num albergue e um tratamento. Já lhe garanti que desta vez não fujo. Não fujo, como fiz da outra vez.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Sem-abrigos nas ruas de uma cidade (4)

 Um casal, sentado no muro, na casa dos trinta anos, espera a carrinha.

- Tenho três filhos, mas só as duas mais pequenas vivem connosco. O meu filho mais velho não é filho dele, vive num lar de rapazes – diz a mulher.

Estão os dois desempregados, não vivem na rua, mas é como se vivessem – diz-nos um dos voluntários.

– Quem é que dá trabalho a um tipo que esteve preso? Ninguém. Foi a puta da droga que deu cabo da minha vida. Já não consumo, mas fumo tabaco como uma chaminé.  

Comem a sopa quente e o resto que lhes distribuem e levam para as filhas pacotes de leite, pão e bolachas,

Ela agradece e despede-se. Não parece tão revoltada como o companheiro.

 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Sem-abrigos, nas ruas de uma cidade (3)

 Visivelmente perturbado e com um discurso sem nexo, diz aos voluntários que tentam acalmá-lo:

- Tenho uma fortuna para receber, mas não posso, porque me roubaram os papéis do banco. Roubaram-mos aqui. Vou lá todos os dias, chamam a polícia e não me deixam entrar.

- Não quer uma sopa quente e o resto que aqui temos para si – diz-lhe um dos jovens.

- Não me chateiem, desapareçam, não preciso de nada…

- Fica aqui o saco; quando o senhor quiser come, não há problema.

Dos que vivem na rua, os doentes mentais são os mais frágeis dos frágeis. Nada se compara, a um delírio que permanentemente os atormenta.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Sem-abrigos, nas ruas de uma cidade (2)

 Aparenta ter mais de oitenta anos, de barba branca, por fazer…. Neste tempo, vésperas de Natal, do que mais sente falta é da família que está longe, espalhada, alguma na ilha de Santiago (Cabo Verde), outra na América e outra nos arredores de Lisboa. Não procura ninguém e nem ninguém o procura. Pode lá haver maior solidão – pensamos nós.

- Não estou só, tenho uma companheira de muitas noites e dias, mas às vezes desaparece e nessas alturas fico sozinho e doe-me tudo: o corpo e a alma. Preciso dela, é muito decidida, se não fosse ela não tinha arranjado o bilhete de identidade e não recebia nada do Estado.

- É um grande amor – diz-lhe o jovem voluntário que lhe entrega comida quente.

- É, mesmo – e começa a chorar.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Sem-abrigos, nas ruas de uma cidade (1)

 “Enrolada num cobertor, uma mulher dorme sobre o cimento do passeio, abrigada apenas pelo muro que ladeia o quarteirão. Quando ouve a porta de uma carrinha abrir-se, desperta, com movimentos lentos, da sua letargia. O som já lhe é familiar. É a equipa da Legião da Boa Vontade (LBV) que chega com sopa, leite e pão. Provavelmente, a única refeição quente que tomou ao longo do dia.

O cabelo está molhado. A face inchada, adquiriu a tez arroxeada característica das queimaduras provocadas pelo frio. Quase sem proferir palavra, a dona Ana aceita de bom grado a sopa que lhe é oferecida e come-a com a mesma paciência que utilizou para se levantar. Quando acaba, pede um cobertor e enrola-se uma vez mais de encontro ao cimento frio.”

domingo, 13 de dezembro de 2020

O João (1)

 Com uma aparência de desleixo, afastado de todos, deixa-se cair contra o muro. Abandona-se como se desistisse de tudo.

- Deixem-me, deixem-me, deixem-me... – gritava, ao mesmo tempo que dizia palavrões.

- Estás bem? Sentes-te bem?

- Como posso estar bem? Vê além a “bófia”? Vêm de carro e armados, prontos para dar porrada, para a “bófia” todos aqui são drogados e ladrões.

- E não são, sei bem que não. 

- Claro que não. Há “bué” de gente que trabalha e putos que andam na escola.

- E tu andas?

- Não. Já andei, mas não gostava, não sabia nada, era perder tempo. Quando os “cotas” foram dentro nunca mais voltei à escola.

- Os teus pais estão presos?

- Estão, há “bué” de tempo....

Faz silêncio e olha-me, intensamente, não sei se com raiva se com súplica, como se eu tivesse alguma coisa a ver com tudo o que estava a acontecer e pudesse ajudá-lo.

- O que é que tem estarem presos? – Pergunta-me, zangado.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Hoje, é dia Internacional dos direitos humanos

 

Todos diferentes, todos iguais (Foto: shutterstock)

“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e consciência devem agir uns com os outros em espírito de fraternidade” (1º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em Paris a 10 de Dezembro de 1948)

Fica consagrado o reconhecimento das capacidades naturais que fazem de nós o que somos: seres racionais, inteligentes, livres e iguais. Na verdade, todos os seres humanos pensam, têm razões e fins a determinar a sua ação, sabem o que querem, porque e para que agem e por isso habitam o mundo intervindo nele.

 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A contingência humana…

Morre-se assim. Morreu a cantora de 21 anos, Sara Carreira, num desastre de viação. Não temos domínio sobre a nossa vida. A comoção é geral, porque ela, tal como toda a família, era uma figura pública.

Desde do primeiro comunicado a imprensa, pediram respeito e privacidade, quiseram que o velório e o funeral fossem privados. Entendo isso. Deve respeitar-se em absoluto a vontade da família. A dor é indiscritível, não se pode, nem se sabe, falar de tamanho sofrimento.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Eduardo Lourenço (1923-2020): O Sábio

 Eduardo Lourenço é um sábio. Sábio, mesmo.  Não porque leu muito, que leu; não porque escreveu muito, que de facto escreveu; mas porque pensa muito e  toca no essencial, com uma clareza e desprendimento que desconcertam. 

Outro dia, não sei já em que programa televisivo, dizia a uma jovem que em vez de ler muitos autores, se concentrasse num autor, como se lhe dissesse que a dispersão não ajuda ao pensar, ao pensar próprio, única coisa que, ao limite, interessa .

(texto que publiquei em 15/09/2012)

sábado, 28 de novembro de 2020

A escola, a ética e a cidadania

 A escola não pode, apenas, instruir, tem de educar. Educar para a autonomia, a responsabilidade e a cidadania, preparando as crianças e jovens para assumirem, na sociedade, de forma participada e consciente, o exercício dos seus direitos e deveres.

Isto só acontecerá, se a escola desenvolver nos alunos a consciência moral e cívica, ou seja, a capacidade de se questionarem sobre o bem e o mal do que fazem, em relação a si e aos outros.  

A abordagem pedagógica não pode deixar de ser transversal, mas também sistemática, com implicações nos currículos, nas práticas, na formação de professores e no quotidiano escolar.

 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O Holocausto, Shoah , extermínio...

A  palavra holocausto significa todos queimados; shoah palavra hebraica significa destruição; extermínio significa genocídio, crime contra a humanidade (o que realmente aconteceu). 

Não é possível nenhum apaziguamento humano com o que aconteceu, de 1942 a 1944, nos campos de concentração, onde foram exterminados judeus e outras minorias. Senti essa impossibilidade, quando visitei Auschwitz-Birkenau. É algo que esmaga, mesmo; algo que excede a nossa capacidade de compreensão. 

O extermínio funcionava, como uma qualquer linha de montagem de uma qualquer fábrica, em que o importante era produzir mais e ao menor custo, a diferença é que aqui produziam cadáveres e cinzas. É duro, muito duro, mas foi assim.


domingo, 22 de novembro de 2020

Volto ao mal e à política

 O  ponto é sempre o mesmo:  o mal não está no ser humano, porque sendo nós racionais e livres, podemos sempre escolher o bem. Mas, o que acontece quando a liberdade não pode ser exercida (foi assim na escravatura, no colonialismo, nos totalitarismos de direita e de esquerda...)? 

É assim hoje, não acabaram os ditadores, os que tomam as terras que não lhe pertencem (o caso da Amazónia, é tão gritante!); não acabaram as conflitos étnicos, religiosos...; crescem as estafas e as humilhações nas redes sociais, onde tudo agora parece acontecer! 

Espera-se que as declarações dos políticos sejam claras, firmes e sustentadas (podem olhar para a chanceler alemã!)


terça-feira, 17 de novembro de 2020

Mais uma vez, a política no seu «melhor»!

 Continuam avassaladores os números da pandemia em Portugal, em mortes, cuidados intensivos, internamentos e infetados. Está anunciada a tragédia! Um dia qualquer atinge-se o  limite.  


 Também continuam os jogos, os recados (entre BE; PS, PCP…), sobre a aprovação do Orçamento de Estado, a ver se no final todos podem dizer que ganharam e seguraram o seu eleitorado. Mas talvez não consigam: as pessoas cansam-se.  


 Ainda a polémica do acordo do PSD com o partido Chega (que de facto é racista, xenófobo…) no governo regional dos Açores; vamos ver até onde isto vai, quem é que perde a cara ou ganha uma nova.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Para que servem as teorias?

  Se eu pudesse acabava com todos os "ismos" – humanismo, etnocentrismo, multiculturalismo…. – que têm servido para falar das pessoas e suas vidas, como entidades abstratas, e isso serve para muito pouco.

Passava a falar de ti, de mim, de nós, aqui, agora, num contexto real, que nenhuma teoria pode explicar, por ser sempre algo de novo, como corresponde à essência do humano: a individualidade absoluta, a não repetição.

Passava muito mais tempo à procura de histórias verdadeiras, a ouvir o  João, o Pedro, a Rita, a Joana…, para ver se percebia, como podemos viver melhor uns com os outros.



domingo, 8 de novembro de 2020

Bom dia América - a vitória de Biden e Harris

A América virou a página. O discurso é de união, esperança, verdade e decência na política sem negacionismos, sem racismo, sem quaisquer discriminações. É o discurso, espero que seja a prática. Trabalhar pela igualdade e a justiça de todos os americanos e pelas grandes questões mundiais (relações multilaterais, pandemia, clima…) é uma tarefa gigantesca, mas nunca tão urgente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Enquanto espero a ver se Trump perde...

 A rã não bebe até ao fim a água do charco.

                                                                                               Prov. Americano

 Há um equilíbrio na própria natureza e um instinto de sobrevivência no reino animal que o homem parece teimar em não entender. Um dia verificará que os rios e os mares estão todos poluídos – desapareceram os peixes,

 A delapidação dos recursos naturais, a destruição ambiental, o derrube de florestas, enfim, parecem ser mais tontos que as rãs.

sábado, 31 de outubro de 2020

Em tempo de eleições nos Estados Unidos, um provérbio americano

  Onde há vontade há um caminho.

                                                        Prov. Americano

 A vontade humana é o mais precioso instrumento de luta contra todas as injustiças, discriminações e dificuldades. Se quisermos (e pudermos), sempre é possível encontrar soluções, mesmo para problemas ou situações que às vezes vemos como desesperadas.

 Sempre que queremos e agimos, construímos caminhos, abrimos saídas, encontramos direções. 

(Espero sinceramente que por vontade dos eleitores, Trump não ganhe).

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Educação:Não dês o peixe, ensina a pescar.

 Não dês o peixe, ensina a pescar.

                                                                                 Prov. Chinês

 

Parece óbvio, pois quem sabe pescar, se tiver condições e vontade, pesca. É isto educar: dar ferramentas, conhecimentos, desenvolver capacidades e tornar possível determinadas atitudes e comportamentos.

Mas é mais que isso, educar é também um modelo de desenvolvimento, por exemplo, os países do 3º mundo só se desenvolverão de forma sustentada se “forem ensinados a pescar” se desenvolverem as suas capacidades e os seus conhecimentos, se aliarem de forma consistente o saber, a técnica e os recursos naturais. Na educação está a chave para o desenvolvimento e a justiça global.

 

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Nazismo - a invisibilidade do mal

  Não era só um mal banal, era também um mal invisível. 

Por um qualquer mecanismo, talvez, por instinto de sobrevivência, era como se aquela maldade se tornasse invisível. Forma de cada um suportar o quotidiano e poder continuar, continuar…; agindo como se estivessem anestesiados, sem compaixão, sem humanidade, sem responsabilidade...

Uma invisibilidade do mal, como se tudo se passasse num tempo enevoado, numa penumbra, onde ninguém via ou pensava em nada, mesmo que fossem horrores de uma dimensão absurda. 

domingo, 25 de outubro de 2020

No nazismo, todos são culpados - líderes, funcionários ...

 - A culpa coletiva (não individual): como pode, nesta engrenagem, haver responsabilidade individual?

Eichmann, apenas, assegurava o transporte dos judeus europeus, para os campos de concentração, Auschwitz e outros, não era responsável pela seleção, pelo fuzilamento, pelo gaseamento, pelos fornos, pelas valas comuns... 

 - A (não) voz da consciência: Eichmann nunca se refere à consciência dos atos praticados. Deixaram estes funcionários do regime nazi de ter consciência do que se passava e da sua responsabilidade nos atos que cometiam? 

Em relação à ausência de culpa individual e à ausência da voz da consciência, o mesmo argumento: a humanidade tem liberdade de agir e deve responsabilizar- se pelas consequências dos seus atos. 


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Como é que o nazismo pode acontecer, no século XX, na Europa?

As teorias que tendem a explicar o nazismo, expressas no tribunal de Jerusalém, são três: a peça na engrenagem, a culpa coletiva e a voz da consciência.

- A peça na engrenagem: Eichmann, como outros, era um zeloso funcionário, cumpridor eficiente de ordens superiores. Obedecia a ordens, nunca agiu por iniciativa própria, ora, a obediência é uma virtude.

 Não sendo um líder nazi, este homem normal, podia ter sido substituído por outro qualquer cidadão alemão, igualmente zeloso e cumpridor, e aquela máquina de morte continuaria exatamente a funcionar da mesma maneira, com departamentos, hierarquias, cadeias de comando, do partido e do governo….

Peças desumanizadas, como se não vissem, não pensassem e não sentissem. cada um, a querer agradar ao superior, esperando uma eventual promoção profissional.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O nazismo - a banalidade do mal



 Hannah Arendt fala da banalidade do mal, como algo inédito, que os nazis trazem à humanidade; uma maldade que não se questiona, que não leva a reações que nos pareceriam óbvias. Mesmo os que se opõem a Hitler, fazem-no por razões politicas e militares – a derrota da Alemanha é uma humilhação que não querem – e não por razões morais; não se opõem, porque se matam inocentemente milhões de pessoas, em frentes de guerra, em campos de concentração…


domingo, 18 de outubro de 2020

O radicalismo religioso

Na última sexta-feira, um professor francês foi morto, decapitado numa rua de Paris, com uma faca,  por um radical islâmico, alegadamente por ter mostrado numa aula imagens do profeta Maomé. O caso foi tratado como terrorismo, o assassino perseguido e morto pela polícia.

O que é isto? Como é que uma crença religiosa pode levar a isto? Temos de encontrar passagens, plataformas de diálogo; não podem existir culturas tão fechadas aos valores das sociedades livres e democráticas onde vivem.-

domingo, 11 de outubro de 2020

A peste da Covid-19

 Mudam os tempos, continuam os mesmos males: fome, peste e guerra.

A peste é hoje a pandemia covid-19 que atinge todos, mas não da mesma maneira. Digam lá se é igual ter coronavírus na Quinta do Ferro (zona degradada, no meio de Lisboa) ou ter a mesma doença numa vivenda do Restelo (zona chique de Lisboa). Não é, obviamente. A pandemia veio acentuar as desigualdades, mais de 100 mil desempregados, muito mais gente a recorrer ao banco alimentar, à Cáritas e outras organizações.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

O incêndio no campo de refugiados de Moria

Milhares de refugiados protestam em Lesbos após incêndios no campos
A saída forçada do campo, carregando o que resta 

 O incêndio no campo de refugiados de Moria, ilha de Lesbos, Grécia, mostra bem a precariedade em que viviam mais de 12 500 pessoas. Muitos ficaram sem nada, documentos, roupa, medicamentos…, pode lá haver emergência maior! 

Responsáveis políticos, ONU e instituições europeias estão já a movimentar-se. Vamos ver o quanto e de que maneira. Temo que a resposta seja outra vez precária. Seja outra vez tendas de lona , sobrelotação... 

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A diversidade cultural da Europa

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Mapa da Europa

 Edgar Morin refere-se à Europa como “um universo de pequenos compartimentos culturais – locais, regionais, provinciais e nacionais – é o dialógico (um valor e o seu contrário) que está no coração da identidade europeia”.

 Isto faz com que a sua cultura comporte uma multiplicidade de línguas, tradições e costumes que fazem dela, necessariamente, um lugar de encontro e de partilha, mas, ao mesmo tempo, um lugar de tensões e de conflitos, por existirem expressões distintas do pensar, sentir e viver.

Em vez de redutos fechados, precisamos de diálogo e vivência intercultural.

sábado, 5 de setembro de 2020

Que estranheza é esta ?

ONU: crianças migrantes estão "em situações de alto risco de violações dos direitos  humanos" | TVI24
Imigrantes  fugindo à morte

 Longe de assumimos que, do ponto de vista dos direitos humanos,  todos caímos ao mar mediterrâneo, todos estamos detidos em campos de detenção para migrantes, todos resistimos em campos de refugiados, todos somos vítimas de guerras, discriminações, violência...,  todos somos apátridas, sem abrigo, sem terra, vítimas da pandemia que assola o mundo...,  continuamos a olhar-nos como estranhos. 

Estranho o vizinho do lado que desce comigo no elevador,  estranho a pessoa com quem me cruzo à saída de casa... 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A festa do Avante

Vista geral de uma passada festa do Avante

 Continua a polémica, com argumentos válidos de quem é a favor e contra. A festa do Avante é uma espécie de peregrinação, de propaganda ideológica, de identidade e sobrevivência dos comunistas.

Percebo, isto. Mas não vejo que se cumpra o princípio da igualdade, quando foram cancelados todos os festivais de verão similares e dispensadas todas as rentrées políticas, por bom senso dos partidos, quando está em causa a saúde pública. 

Como se pode achar que tudo está igual, quando há pessoas confinadas há mais de seis meses, quando a pandemia dá mostras de avanço em vez de retrocesso!  

 

sábado, 29 de agosto de 2020

Sobre uma cena do filme Indochina – O que sabemos de sentimentos?

Indochine (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Indochina, anos 30, quando era uma colónia francesa
 

Vem-me à memória um jovem que viveu até á idade adulta com a avó, construindo uma imagem poderosa e, ao mesmo tempo, romântica e feliz de uma mãe guerreira, ativista política, na luta pela independência do Vietname.

Um dia, sabendo que estaria em França, numa receção, decide ir ao seu encontro, com o propósito de lhe falar. Cruzam-se, sabe quem é ela, mas não lhe fala. Ao contrário, ela não sabe quem é ele. Não o pode reconhecer, mesmo que todos os dias, naquele dia mesmo, ao levantar-se, ao sair de casa, tenha pensado no filho, porventura, a pessoa mais presente na sua vida.

Um filho que não viu crescer, ir à escola, jogar, ter sonhos …. Um filho que não reconhece, apesar de existirem laços familiares tão próximos e sentimentos tão profundos. Talvez ele tivesse ido aquela receção na esperança de que um clique os lançasse nos braços um do outro, como se os anos não tivessem passado e a vida separada não tivesse acontecido.

Mas, nem o tempo se suspendeu, nem os olhares se cruzaram, ao ponto de se fundirem. Dois estranhos, passando lado a lado, incapazes de se abraçarem, de se comunicarem. Ele podia tê-lo feito. Por que razão, quando passou junto dele, permaneceu mudo e imobilizado, no cimo daquela escada? Por que não foi capaz?

Talvez se encontrem de novo, noutras circunstâncias. Talvez, volte a andar quilómetros e quilómetros para a ver de perto, aplaudir o discurso, chorar uma lágrima e, quem sabe, ganhar coragem para dizer:

 - Mãe!

E ela se virar para trás, parar o discurso e indiferente a tudo, correr para ele e gritar:

- Filho!

Agora sim, aquele abraço pode durar para sempre!

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A propósito das vacinas COVID-19…

Expresso | Covid-19. Instituto indiano tenciona produzir 500 doses ...
Espero que a vacina seja universal e gratuita

 

Parece uma guerra entre países, laboratórios, investigadores…, como se a informação não pudesse ser partilhada ao minuto, a ver quem chega primeiro à tão desejada e necessária vacina.

Percebemos, sem poder fazer nada, que tudo é política, tudo é economia; promete-se venda a quem tem dinheiro para pagar, faz-se negócio antecipado… Custa a crer que mais uma vez os pobres dos pobres fiquem de fora ou no fim da fila.

Nem em tempo de pandemia, incerteza e tanta vulnerabilidade os sentimentos humanos mais mesquinhos desaparecem.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

As manifestações na Bielorrússia

 

Malditos ditadores, ignoram o povo e o que é a decência humana. Agarram-se ao poder como carraças e põem os exércitos na rua. 

 Estou à espera de ver o que vai fazer a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia, tem de haver maneira deste presidente sair do poder e deixar a democracia ganhar folgo com novas eleições e novos protagonistas.




terça-feira, 18 de agosto de 2020

.O que está a acontecer na sociedade portuguesa?

Manifestação contra a extrema direita em Lisboa (16/8/2020)

Um movimento de extrema direita (a Nova Ordem  de Avis) ameaça três deputadas e sete ativistas de movimentos antirracismo e antifascismo. Outro ou o mesmo manifesta-se de cara tapada, em frente à sede da associação SOS Racismo.
André Ventura está já em 10% de intenções de voto para as presidenciais? Como é que aquele discurso tão radical, xenófobo e populista consegue isto? 
Para mim é difícil de explicar. Mas constato que afinal a extrema direita em Portugal é tudo menos residual, como se pensava.  


terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ontem, morreu Waldemar Bastos

Morreu Waldemar Bastos
Waldemar Bastos 

 (Deixo um poema seu que mostra bem as faces do colonialismo em Angola: o medo, a subserviência, a pobreza, a exploração, o existir sem existir...)

Velha Chica

Antigamente, a velha chica
Vendia cola e gengibre
E lá pela tarde ela lavava a roupa
Do patrão importante
E nós os miúdos lá da escola
Perguntávamos à vovó chica
Qual era a razão daquela pobreza
Daquele nosso sofrimento

Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política
Mas a velha chica embrulhada nos pensamentos
Ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento

Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política

E o tempo passou e a velha chica, só mais velha ficou
Ela somente fez uma kubata com teto de zinco, com teto de zinco

Xé menino, não fala política, não fala política

Mas quem vê agora
O rosto daquela senhora, daquela senhora
Só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política
E ela agora só diz:

- Xé menino, posso morrer, posso morrer
Já vi angola independente!
- Xé menino, posso morrer, posso morrer
Já vi angola independente!

 

                                                        https://www.ouvirmusica.com.br/waldemar-bastos/velha-xica/

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Ana Moura, a minha preferida

Ana Moura Hamburg Billets, Laeiszhalle Hamburg, Großer Saal, 09 ...
Ana Moura 


Estive a ver o concerto que Ana Moura deu, o ano passado, nas Festas do Mar, de Cascais e mais uma vez fiquei rendida. 

 Ana Moura é a voz, o corpo, o movimento, a dança, os vestidos (brilhantes, quase sempre escuros, com decotes ou transparências…), os brincos, o cabelo, a maquilhagem…. Nada nela é excessivo. Tudo é comedido, com uma simplicidade e uma alegria desconcertantes. Puxa pelos músicos, deixa-os brilhar.

Ana Moura é sempre mais do que estamos à espera. Parece que se supera!

https://www.youtube.com/watch?v=MOKx48vtn_o

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Explosões em Beirute, Líbano



Líbano lida com devastação feita por explosões no porto | Agência ...
A  destruição  é bem visível, em Beirute
Parece uma maldição, o que aconteceu ontem em Beirute! Centenas de mortes, milhares de feridos, escombros por todo o lado, como se de um bombardeamento aéreo se tratasse. Não sei se foi acidente, ataque, atentado..., daqui ou dali. 

Sei que a vida é assim mesmo, esta absoluta imprevisibilidade. Um mistério de que quase nada sabemos. Um caminho com mais espinhos e lágrimas, do que rosas e risos. A vida consome-nos. 


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