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sábado, 29 de agosto de 2020

Sobre uma cena do filme Indochina – O que sabemos de sentimentos?

Indochine (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Indochina, anos 30, quando era uma colónia francesa
 

Vem-me à memória um jovem que viveu até á idade adulta com a avó, construindo uma imagem poderosa e, ao mesmo tempo, romântica e feliz de uma mãe guerreira, ativista política, na luta pela independência do Vietname.

Um dia, sabendo que estaria em França, numa receção, decide ir ao seu encontro, com o propósito de lhe falar. Cruzam-se, sabe quem é ela, mas não lhe fala. Ao contrário, ela não sabe quem é ele. Não o pode reconhecer, mesmo que todos os dias, naquele dia mesmo, ao levantar-se, ao sair de casa, tenha pensado no filho, porventura, a pessoa mais presente na sua vida.

Um filho que não viu crescer, ir à escola, jogar, ter sonhos …. Um filho que não reconhece, apesar de existirem laços familiares tão próximos e sentimentos tão profundos. Talvez ele tivesse ido aquela receção na esperança de que um clique os lançasse nos braços um do outro, como se os anos não tivessem passado e a vida separada não tivesse acontecido.

Mas, nem o tempo se suspendeu, nem os olhares se cruzaram, ao ponto de se fundirem. Dois estranhos, passando lado a lado, incapazes de se abraçarem, de se comunicarem. Ele podia tê-lo feito. Por que razão, quando passou junto dele, permaneceu mudo e imobilizado, no cimo daquela escada? Por que não foi capaz?

Talvez se encontrem de novo, noutras circunstâncias. Talvez, volte a andar quilómetros e quilómetros para a ver de perto, aplaudir o discurso, chorar uma lágrima e, quem sabe, ganhar coragem para dizer:

 - Mãe!

E ela se virar para trás, parar o discurso e indiferente a tudo, correr para ele e gritar:

- Filho!

Agora sim, aquele abraço pode durar para sempre!

 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Carolina Beatriz Ângelo: a primeira mulher a votar em Portugal


 Nasceu na cidade da Guarda, em 1877, numa família de ideais republicanos. Foi médica, a primeira cirurgiã mulher, e também uma ativista política e social, criando ou integrando, com outras companheiras, movimentos para a emancipação da mulher, nomeadamente o direito de votar.

Quando em 1911, a primeira lei eleitoral da república dizia que tinham direito de voto os «cidadãos portugueses com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família», sem especificar se eram homens ou mulheres, Carolina Beatriz Ângelo, viúva e com uma filha, considerou que era chefe de família e pediu o recenseamento eleitoral.

Foi-lhe negado; recorreu para o tribunal e num veredicto de um juiz sensível aos direitos das mulheres (pai de Ana de castro Osório, outra sufragista) foi-lhe concedido o direito de votar. Escusado será dizer que a próxima lei eleitoral já referia «chefes de família homens».

Morre aos 33 anos, em 3 de outubro de 1911, quatro meses depois de votar para a assembleia constituinte.