Pesquisar neste blogue

domingo, 28 de fevereiro de 2021

António Guterres – recandidato a Secretário Geral da ONU

Foi há poucos dias formalizada, pelo primeiro ministro português, a recandidatura de António Guterres ao mais alto cargo das Nações Unidas. Impressiona o percurso deste homem: natural de Donas, uma aldeia do Fundão, chegou onde chegou, como se nada fosse; sempre com o mesmo sentido de serviço, humanidade, gratidão, firmeza nos princípios....

É assim Guterres. Parece nunca querer o primeiro plano, mas tem-no, evidentemente.

 


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O menino-soldado

 Saiu de noite, sem se despedir da mãe, levado à força, para um destino desconhecido e incerto de que ele sentia curiosidade e também arrepios de medo. Eram muitos os que subiram no velho camião conduzidos por três homens soldados.

- Tu vais ser um soldado, defender a pátria! 

Disso ele não percebe nada. Sabe que hoje está vivo e amanhã poderá ser morto. Pensa que não se despediu da mãe que andava na lavra. Que terá ela pensado, irá arrumar-lhe as poucas coisas que deixou, esperará por ele, o que lhe dirá quando voltar?

- Vais matar o inimigo, o bandido armado - continuava  o oficial.

“E, então, ele não era bandido armado” – pensava o miúdo cada vez mais encostado à grade do camião que se arrastava demoradamente, sempre em grandes solavancos, como se a viagem fosse um prenúncio da tragédia que ia viver.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

O bispo de Pemba deixou Moçambique, a mando do Papa

 Era uma das poucas vozes que denunciava os massacres das populações, por grupos armados pertencentes a fações do estado islâmico. Vivia no meio do povo, chamando a atenção para aquela catástrofe humanitária. Foi mandado para uma região do interior do Brasil, país de onde é natural. Por que é que o Papa fez isto? Por que razão isto aconteceu? Se houve pressões políticas, é inadmissível!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O outro

 Quem é o outro, sentado a meu lado, em frente ou atrás de mim, no transporte público, na repartição, no teatro, na rua, na casa onde vivo…? 

Quem o outro que vejo sentado no muro de um qualquer lugar, que trabalha comigo, no mesmo gabinete, na mesma escola, no mesmo hospital…? 

Quem é o outro, meu vizinho, meu amigo, meu irmão, meu pai, meu marido, meu filho…?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Lá longe ...num lugar e tempo (9)

Saída da cidade  de Nova Lisboa, hoje Huambo 

Mas é certo que não se fazem revoluções, para que nada mude. Intuem uma tragédia, sobretudo a mãe que repetia, sem parar: -“Temos de sair, temos de sair”!

O pai debatia-se, entre o sair de imediato, deixando tudo atrás, sem organizar o mínimo que fosse ou ficar na cidade, até à próxima saída, também, em coluna militar, empacotando uma vida, em malas e caixotes que chegariam ou não a algum sítio. A aflição da mãe era tal, que decidem partir.

O que fica atrás, é nada, quando se teme pela própria vida. Levam alguma roupa, coisas pessoais, fotografias, livros.... Ficam a casa, os móveis, o jardim, o cão…; os olhos do cão, a corrida desenfreada, os uivos de aflição …, fizeram com que aquela saída fosse ainda mais dolorosa, longe de pensarem no que iriam viver, muito proximamente.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Lá longe... num lugar e tempo (8)

 A exploração branca

Muitos dos que nasceram e viveram, nas colónias portuguesas em África, pelo menos os mais novos, não tinham a perceção do que era a exploração branca e a vida miserável e sub-humana da quase totalidade dos negros.

Não imaginavam o que eram as elites brancas, os chás das senhoras, os bailes nos clubes privados, as festas reservadas, os colégios dos meninos ricos…. Só muito mais tarde, perceberam a hipocrisia daquelas vidas.

 A esses senhores, colonizadores da cabeça aos pés, os revolucionários deviam ter batido à porta, abanado as consciências, feito perguntas, exigido responsabilidades…, mas aos meus pais,  não.

Mas qual responsabilidade, foram os primeiros a sair. Como sempre, até na maior crise, o mal não é igual para todos, quem tem dinheiro, poder e contactos, movimenta-se por veredas que só eles conhecem, inacessíveis ao comum das pessoas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Lá longe... num lugar e tempo (7)

 Colonialismo

O colonialismo, tenha a capa e o rosto que tiver, é uma desumanidade, pelo que desconsidera e humilha. A humilhação é o pior dos males, às vezes até pior que a morte, porque a pessoa humilhada, fica sem capacidade de reação, de dizer ou fazer seja o que for. Percebe-se como é fácil pisar, em alguém assim, a quem retiramos a autonomia.

Considerar que há pessoas inferiores, de segunda classe, sem direitos, escravos dos seus desejos, vontades e ordens! Conhecemos bem os discursos sobre senhores e servos, colonizadores e oprimidos, pobres e ricos…. Podem ter ficado na história as leis esclavagistas e colonialistas…, mas o que não ficou na história foi a atitude de sobranceria que muitos continuam a ter em relação aos seus semelhantes.

Qualquer discriminação, é uma quebra com a dignidade humana.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

A vacinação indevida à Covid-19

 Repetem-se os casos, mas nem todos iguais. Não é igual, vacinar os profissionais da pastelaria mais próxima, para não deitar vacinas fora, que vacinar a mulher, a filha, a prima, o presidente da Câmara o administrador da misericórdia, do lar ou do que seja, sorrateiramente, a ver se ninguém dá conta.

É preciso ter uma grande autoconfiança e sobranceria para acharem que, numa altura destas, ninguém vai dar conta. É abuso de poder, mesmo. Espero que sejam investigados todos os casos e que haja consequências. Também ainda não se percebeu por que é que há vacinas a mais em tanto lado; o governo devia explicar isto bem!