Não lembro o título, era um filme/documentário, de que só vi uma parte, sobre
uma jovem norte americana que chega à Palestina, a uma zona ocupada pelos
israelitas, onde nasceram os pais e onde viveram todos os seus antepassados. É
filha de palestinianos, imigrantes forçados, nos Estados Unidos.
Está aqui, na sua terra, mas é uma estranha. Clandestina nas suas
intenções, fingindo-se turista, com um passaporte válido, mas com um visto já caducado,
sabe que pode ser apanhada, num desses controlos policiais que estão por todo o
lado e a cada passo.
Procura a aldeia dos pais. Mas já nada existe, ou melhor, nada existe
como o ouviu descrever, vezes sem conta. Os nomes das cidades, das aldeias, dos
vales e das colinas já não são os mesmos. Mudaram, tudo está escrito em
hebraico, e ela não sabe hebraico.
Entra numa loja, pergunta pela terra dos pais, pronunciando diversas
vezes, espaçadamente, o nome em árabe, mas o comerciante judio não sabe árabe e
não pode ajudar.
Como se apaga assim um passado que, de resto, ainda é presente, é de há
pouco mais de sessenta anos? Apaga-se, por decisão e persistência politicas,
obviamente.
Ainda assim, a jovem continua o caminho e vai ter a um vale onde se depara
com uma aldeia abandonada e destruída que julga ser a dos seus antepassados.
Olha lenta e demoradamente o vale, o céu, as nuvens, o horizonte, o tudo e o
nada, como se tivesse chegado a uma terra de destino que não consegue abarcar. Invadida
por um sentimento profundo, abraça emocionada o jovem que a acompanha.
Permanecem, nessa noite, na casa em ruínas, a um canto de parede, junto a um
portal, talvez de uma antiga janela.
Partem na manhã, seguinte. Continuará a não pode dizer quem é, nem ao que
veio, mentirá às autoridades, até ser possível, perdendo-se ou encontrando-se,
nos vales da Palestina. Vales que também são seus. Podem lá os decretos, os Estados
e as ocupações acabar com os sentimentos!
(releio e texto, e penso que se calhar o documentário não foi bem assim)