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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Terrorismo, em Nairobi

Um grupo terrorista, conhecido na zona, com ligações à Al-qaeda para o sul do Magrebe, atacou um centro comercial de luxo, na capital do Quénia. Escolheu quem queria matar, de resto, há cidadãos ingleses, franceses, canadeenses..., para lá de quenianos. O terrorismo está vivo e pode actuar de muitas formas e em muitos locais. A questão religiosa permanece decisiva: morreram os que não conseguiram provar ser islâmicos. Que podemos dizer, disto? Parece que estamos a anos luz de uma "racionalidade" aceitável.   É perturbação e fundamentalismo, apenas.

sábado, 21 de setembro de 2013

Ética cívica

questão hoje é a de saber como lidar com o pluralismo moral. Cortina fundamenta uma resposta interessante: articular o bem e o justo. Ou seja, para que as sociedades se possam organizar e dar as respostas sociais que esperamos, há uns mínimos de justiça que todos têm de aceitar – liberdade, igualdade, diálogo, respeito –  algo da ordem do normativo, exigido a todos, no espaço público..  A partir daqui todos podem viver privadamente com a sua ideia de bem, prosseguindo os fins bons que entenderem, conforme os  seus valores pessoais, familiares, culturais, ideológicos.... 
Ao incluir o diálogo, a exigir atitudes de abertura e de disponibilidade, a intenção é a de criar a possibilidade de conhecermos valores diferentes que possamos estimar mesmo que não os partilhemos.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

LUTHER KING, 50 anos depois

Martin Luther King nasceu a 15 de Janeiro de 1929, nos Estados Unidos. Lutou toda a sua vida, de forma pacífica, pelos direitos dos negros. Em 1964, recebeu o Prémio Nobel da Paz. Morreu baleado, em 4 de Abril de 1968.
  
Excerto do célebre discurso: “Tenho um sonho”,

 “Digo-vos meus amigos, embora tenhamos de enfrentar dificuldades, hoje e amanhã, tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho da América. Sonho que, um dia, esta nação erguer-se-á, para viver essa verdade, essa evidência: que todos os homens são iguais.
Tenho um sonho que, um dia, nas vermelhas colinas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos daqueles que os escravizaram, sentar-se-ão, juntos, na mesma mesa, como irmãos fraternos. (...).
Tenho um sonho, que as minhas quatro crianças viverão um dia numa nação onde não sejam julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu carácter. (…)
Tenho um sonho que, um dia, teremos, em Alabama, rapazes e raparigas negras juntando as mãos com rapazes e raparigas brancas como irmãos e irmãs”.





quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O arrumador de carros (empatia ou o que seja)

- Que horas são – pergunta-me o jovem (muito menos de vinte anos) que acaba de me ajudar a arrumar o carro?
- São seis horas. Por que será que há tanto movimento, tanta gente, aqui?
- Porque há jogo no Benfica, está tudo cheio, teve muita sorte em arranjar aqui um lugar. Podia dar-me este dinheiro todo – referia-se à nota de cinco euros que lhe tinha dado para retirar um euro e devolver-me o resto.
- Sabe que, quando não tenho moedas, não paro, mas, olhei para si e confiei – digo-lhe. Pensei: ‑ posso dar-lhe a nota que ele vai dar-me o troco.
- E vou mesmo, senhora. Vou mesmo.
- Afinal, não me enganei. Está a ver como ainda funciona olhar para os olhos das pessoas. Você tem uns olhos muito bonitos!
- Ah é! Não sei, não costumo olhar para a minha cara, nem para a minha, nem para a de ninguém.
- Por que é que é tão difícil olharmos-nos uns aos outros face a face? Por que será tão difícil parar para conversar?
- Dona, ninguém quer conversa, dão-me o dinheiro e não me olham e eu faço o mesmo.
- Importa-se com isso?
- Não, até, prefiro assim. Só me interessa o dinheiro. Só o dinheiro me interessa.
- Conversar não?
Afasta-se, repentinamente.
‑ Adeus, dona. Vai sair dali um carro, tenho que guardar o lugar.
– Adeus, jovem, um bom dia para si.
 Hoje, não pudemos conversar mais, mas quando nos voltarmos a encontrar falaremos de novo, tenho a certeza. Vamos ter tempo.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Onde estão os meus amigos?

Quando se perde tudo, mesmo tudo, e não há esperança, só resta a raiva. Contida ou expressa, uma raiva presente que tortura os dias, desfaz os sonhos e pior, ainda, desumaniza, embrutece e torna insensível a mais doce das criaturas.
Agredir e ser agredido, é o dia a dia destas crianças que sobrevivem em condições inimagináveis, abaixo de tudo o que seria o mínimo de dignidade possível capaz de lhes assegurar um pouco de estima por si mesmas. Funciona apenas o instinto da sobrevivência.
O João é um destes meninos. Perdeu tudo, lá longe onde vivia. Fugiu da guerra mas nunca encontrou paz. Suporta tudo: anda roto,  sujo, faminto, ferido, doente..., mas não suporta perder amigos, como se os sentimentos fossem para ele o mais fundamental. E são. Repete vezes sem conta: não aguento ver morrer os meus amigos. Está furioso, com raiva no olhar, na voz e nos gestos diz-nos:
- Quando saí do buraco, não vi o Américo, nem o Toné, nem a Micas. Onde estão os meus amigos? Corri todas as ruas, procurei-os todo o dia e por todo o lado. Onde estão?”. Eu não os perdi, ontem foram comigo para o buraco, alguém mos roubou. Mais uma vez me roubaram. Mataram o pai, a mãe e os irmãos, sozinho e assustado fugi.  

(uma criança africana, nos subúrbios de uma qualquer capital, dessas onde não se respeita a vida e se mata por nada)


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Inocentes gaseados na Síria


Ou estamos todos muito atordoados, pelo Verão, pelo calor, pelas férias…, ou o que se está a passar na Síria não é o que eu julgo ser: um crime contra a humanidade, mortes por arma química.  
A comunidade internacional, sem acordar para o problema, continua a tolerar o intolerável. Sei que o Secretário-Geral da ONU já falou, que a Comissão Permanente já reuniu e já deliberou, mas tudo se passa como se caso não tivesse a relevância que tem.
Se se comprovar que o ditador usa armas químicas, proibidas por todos os Tratados, é preciso outras pressões, outros embargos, outra saída.
Não acredito que este senhor saia alguma vez pelo seu pé, nenhum ditador o faz, continuará a ser filmado, pela sua própria propaganda, a rezar na mesquita, como se o mal fosse bem e o mau fosse bom. Desprezível, é o menos que podemos dizer.


 (Nos últimos dias, avançou-se um pouco, os Estados Unidos parecem decididos a intervir, a França apoia, o Reino Unido diz que não, o Papa apela a uma vigília..., se fosse uma coisa fácil, mas não é, talvez seja possível outra saída que não a das bombas a cair sobre o massacrado povo sírio).