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domingo, 26 de janeiro de 2014

As praxes académicas, uma indignidade

Espero que a comunicação social continue a destapar o véu, todos os véus. O que se passa com as praxes é inaceitável e ponto, nem precisaríamos argumentar, dada a desconsideração, o desrespeito, que vai até à humilhação - em que há uma completa anulação do eu, a vítima é colocada numa posição  em que nada pode fazer, senão sujeitar-se - e à morte como pode te acontecido no Meco com os jovens da Lusófona. Ora, isto é inumano, simplesmente.

Um não regresso a casa

Ia sem saber bem o que procurar, talvez a casa, a casa dos pais. Estaria ainda de pé, passados quase quarenta anos, estaria a acácia vermelha florida e os canteiros no pátio...? E as pessoas, reencontrará alguém conhecido?
Pensava nisto, enquanto evitava um remoinho interior, que se transformou num quase mal estar. Sabia bem que nunca se regressa ao mesmo lugar, duas vezes, nunca se regressa ao ambiente que se deixa atrás, e neste caso por muitas razões. Talvez, tudo seja estranho, talvez ninguém o reconheça e talvez não reconheça ninguém. Estrangeiro na sua terra que agora talvez já não possa chamar sua. 
Desce do carro, afasta-se da estrada principal, entra na cidade, dirige-se ao sitio onde viveu anos a fio com os pais, os irmãos, os tios e os primos, reconhece as casas, a sua casa, está habitada, quem a habitará, ainda haverá lá dentro algo que possa reconhecer?
Anda mais uns passos abaixo, na direcção das ultimas casas da rua, quando vê alguém familiar, muito familiar, que caminha na sua direcção, alguém que reconhece imediatamente, permanecem frente a frente, olham-se, abraçam-se:
- “Es o Zé”
Ouve de volta: 
-“És o João”
Emocionam-se. 
-Não chores! Éramos tão amigos...
- Não, somos amigos. A tua casa foi dada a gente de fora, a pessoas que vieram do norte. Não são daqui. Queres vê-la, talvez possas?
- Não sei se quero, vim sem um plano, à espera do que encontrasse, e encontrei-te, já valeu a pena.
Continuam a conversa, que os leva longe, muito longe, a um tempo, ainda não perdido, porque muitos o recordam, mas necessariamente distante, a um tempo de muitos matizes e lados, de muitos enganos e tropeções. 
Não teve coragem de bater à sua porta, de falar com o novo dono, de dizer-lhe sem mágoa: esta casa faz parte de mim, faz parte da minha família...
Regressa a Maputo,  aliviado por não ter desfeito o encanto que a sua memória guarda de um tempo feliz e também  por ter sentido o valor da amizade. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Corrupção e ganância, triste natureza humana

A notícia de ontem de que uma parte dos deputados e governantes chineses são corruptos, acumulando  uma riqueza incomensurável, em paraísos fiscais, é mais do mesmo. Quantas vezes já ouvimos e soubemos disto (em muitos países africanos mas mão só). É a corrupção mais desenvergonhada. É a triste natureza humana!
somos assim. Mas nem todos somos. Não haverá maneira de sair disto? Obviamente que há, com democracia, Estados de direito, respeito absoluto pela igualdade de todos os seres humanos.


África do Sul, ainda a propósito de Mandela

Não sei já onde ouvi ou li que as comunidades de negros, brancos, diferentes grupos etnicos…, num estudo realizado – portanto, não se trata de uma perceção simples, mas de algo fundamentado – vivem sem interagir entre elas. Ou seja, estamos muito longe de uma comunidade de partilha e de vivência intercultural, apesar das instituições, das leis democráticas, da igualdade cívica, etc. Estamos muito longe de uma sociedade arco iris como simboliza a bandeira sul-africana e preconizava Mandela.
Por quê? Talvez, porque há no humano algo de muito mais fundamental e decisivo, para as suas vidas, da ordem do sentir mais profundo, de uma identidade outra, que as leis não fixam mas que não podemos ignorar se queremos verdadeiramente construir interação cultural e comunidade na diversidade.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A questão cultural, decisiva no mundo de hoje

Talvez, uma das maiores evidências, no campo da cidadania, seja a multiplicidade de referências que povoa as sociedades contemporâneas. Portanto, é uma questão que a escola tem inevitavelmente de considerar, naquilo que é a formação moral e cívica das crianças e dos jovens. 
Há em muitas escolas mais de uma dezena de nacionalidades e de diferentes grupos culturais, com uma diversidade de línguas, de costumes, de modos de viver…. Obviamente que esta realidade não é de hoje, e talvez fosse maior antes da crise, quando chegavam até nós muitos emigrantes. 
Não restam quaisquer dúvidas de que a questão cultural é uma das mais decisivas, no mundo aberto e global, mesmo que muitos nasçam e morram sem sair do mesmo sitio. O paradigma virtual e a tecnologia, que chegam às zonas mais recônditas da terra, como bem mostram as redes sociais, estão a criar uma humanidade outra, seja isso o que for.
Só existe, só conta, o que está na rede. Acabamos a falar, a contar a nossa vida, a centenas ou a milhares de pessoas, mas não cumprimentamos o vizinho que desce connosco no elevador. Estamos, assim. Mas, estamos todos? Não, obviamente que não. De resto, mesmo os “ligados” sabem que a proximidade relacional não está na rede.
Ainda assim, a abertura social não se faz por decreto, faz-se por vontade dos indivíduos: o outro interessa-me; o seu destino não me é indiferente. Não quero que o outro me abra a porta, sou eu quem tomo a iniciativa de o convidar a entrar; é quebrar a reciprocidade, o esperar sempre algo em troca, que pode criar plataformas de diálogo,