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terça-feira, 16 de junho de 2015

Redistribuição ou reconhecimento?

A discussão contemporânea sobre a justiça, pelo menos no campo da reflexão filosófica e política, situa-se muito entre os que entendem que a justiça distributiva, na linha da moral kantiana, responde a todas as questões da distribuição justa dos bens sociais, por se tratar de  princípios universais; e os que entendem que isso é impossível sem o reconhecimento dos indivíduos concretos, das suas identidades, práticas culturais e  objectivos específicos, impossíveis de universalizar. 
Tratar estas perspectivas como antagónicas, leva a criar pólos que se opõem em vez de  criar possibilidades de alguma conciliação. O ponto é saber como pode isso ser feito. a questão é: como conciliá-las em vez de as colocar em oposição?

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

África do Sul, ainda a propósito de Mandela

Não sei já onde ouvi ou li que as comunidades de negros, brancos, diferentes grupos etnicos…, num estudo realizado – portanto, não se trata de uma perceção simples, mas de algo fundamentado – vivem sem interagir entre elas. Ou seja, estamos muito longe de uma comunidade de partilha e de vivência intercultural, apesar das instituições, das leis democráticas, da igualdade cívica, etc. Estamos muito longe de uma sociedade arco iris como simboliza a bandeira sul-africana e preconizava Mandela.
Por quê? Talvez, porque há no humano algo de muito mais fundamental e decisivo, para as suas vidas, da ordem do sentir mais profundo, de uma identidade outra, que as leis não fixam mas que não podemos ignorar se queremos verdadeiramente construir interação cultural e comunidade na diversidade.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A questão cultural, decisiva no mundo de hoje

Talvez, uma das maiores evidências, no campo da cidadania, seja a multiplicidade de referências que povoa as sociedades contemporâneas. Portanto, é uma questão que a escola tem inevitavelmente de considerar, naquilo que é a formação moral e cívica das crianças e dos jovens. 
Há em muitas escolas mais de uma dezena de nacionalidades e de diferentes grupos culturais, com uma diversidade de línguas, de costumes, de modos de viver…. Obviamente que esta realidade não é de hoje, e talvez fosse maior antes da crise, quando chegavam até nós muitos emigrantes. 
Não restam quaisquer dúvidas de que a questão cultural é uma das mais decisivas, no mundo aberto e global, mesmo que muitos nasçam e morram sem sair do mesmo sitio. O paradigma virtual e a tecnologia, que chegam às zonas mais recônditas da terra, como bem mostram as redes sociais, estão a criar uma humanidade outra, seja isso o que for.
Só existe, só conta, o que está na rede. Acabamos a falar, a contar a nossa vida, a centenas ou a milhares de pessoas, mas não cumprimentamos o vizinho que desce connosco no elevador. Estamos, assim. Mas, estamos todos? Não, obviamente que não. De resto, mesmo os “ligados” sabem que a proximidade relacional não está na rede.
Ainda assim, a abertura social não se faz por decreto, faz-se por vontade dos indivíduos: o outro interessa-me; o seu destino não me é indiferente. Não quero que o outro me abra a porta, sou eu quem tomo a iniciativa de o convidar a entrar; é quebrar a reciprocidade, o esperar sempre algo em troca, que pode criar plataformas de diálogo,

sábado, 10 de setembro de 2011

Nas margens, sei que são ciganos romenos

O sinal ficou vermelho; paro no cruzamento. Uma jovem mulher, com um filho  mais à cintura que ao colo, aproxima-se de mim e entrega-me uma folha de papel. Leio: “Sou romena, tenho 5 filhos, preciso de ajuda para comer. O meu marido está muito doente".
Não sei se é verdade, ninguém sabe, estratagemas deste género são às dezenas. Pode ser mentira, claro,  mas não é mentira a sua fragilidade, o seu aspecto, a vida desgraçada que leva.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Interculturalidade, para um diálogo entre culturas

Vivemos num mundo em que os grandes sistemas ideológicos já não respondem à organização e ao viver social. Tudo gira em torno da economia e dos mercados, num inexorável movimento de globalização que cria inevitáveis dezenraízamentos e sentimentos de exclusão; já não somos verdadeiramente de lado nenhum, ao mesmo tempo, que somos de todos os lugares. Este sentimento de não pertença, faz toda a diferença quando se trata de pensar as questões da convivência intercultural, na procura de uma perspectiva fundamentada que permita práticas sociais e cívicas concretas, para o enquadramento de leis, a definição de políticas e planos de acção, envolvendo pessoas reais – imigrantes, grupos étnicos, religiosos...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Difícil diálogo

Se eu pudesse acabava com as grandes construções teóricas que têm servido para falar das pessoas e das suas vidas, sem tocarem verdadeiramente no essencial. Passava a falar de ti, de mim, de nós, aqui, agora, num contexto marcado por condicionalismos que nenhuma teoria pode explicar, por serem algo de novo, de diferente, de renovado, como corresponde à existência do humano.
Se calhar, acabava também com alguns adjectivos – espertos, inteligentes, maravilhosos, delinquentes, racistas... – e até com frases que de tão banalizadas se tornaram vazias - todos diferentes, todos iguais ...  – e procurava, apenas, histórias verdadeiras, contadas de forma simples, a ver se, de uma vez por todas,  nos podemos entender.

sábado, 21 de novembro de 2009

Quero ouvir o que tens para me contar

Se eu pudesse acabava com todos os"...ismos" – humanismo, etnocentrismo, multiculturalismo…. – que têm servido para falar dos homens e das suas vidas como entidades abstractas, e não porque não me interessem as grandes construções teóricas, mas porque verificamos, a cada dia, que a maior parte serve para muito pouco. Passava a falar de ti, de mim, de nós, aqui, agora, num contexto marcado por condicionalismos que nenhuma teoria pode explicar, por ser algo de novo, de diferente, de renovado, como corresponde à essência do humano: a individualidade absoluta, a não repetição. Passava muito mais tempo à procura de histórias verdadeiras, a ouvir o Sasha, o Mamadou, a Shaila, o Xiang, a Joana…, para ver se percebia melhor o que é viver bem uns com os outros.