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sábado, 19 de junho de 2010

Morreu José Saramago

Morreu um homem grande. Grande, sim. Grande para o seu país, para a Europa, para o mundo. Morreu um cidadão universal. Muitos duvidam, claro, por mesquinhez, vil inveja, formatação ideológica..., outros têm a certeza da sua importância, hoje e através dos séculos. Fica a literatura, mas também a sua integridade, a sua inteireza, a sua luta incessante por causas que considerava justas. Um homem como Saramago, com o poder que tinha no mínimo que dissesse, faz falta.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fome

A fome ronda a rua , o bairro, a cidade, o país. Não está lá longe, na África, na Ásia. Está aqui. E o que fazemos? Os que deveriam fazer, parecem atordoados, a reboque de Bruxelas, sem um plano pensado, definido e executado para as pessoas daqui, para os vizinhos do lado... Ai, se não houvesse igreja, banco alimentar e outras ONG'S, o que seria de muita desta gente, há anos e anos, no fim da linha, muitos sem qualquer protecção social! Sobem impostos para reduzir o deficit, por causa da dívida pública, dos mercados, disto e daquilo. Ficamos a pensar: para que serve isto tudo, tal é a precaridade da situação?
E as pessoas sem trabalho? E o desemprego que não pára e continuará a subir? Falem do deficit a quem não tem nada para comer, a ver se entendem o que lhes dizem! Como podem entender!
As pessoas esperam, desesperam, desiludem-se. Já não há ilusões, já não há utopias, tudo é decepção e desânimo. Mas, é mesmo. Não se vêem saídas. O desengano é a pior das crises.

domingo, 6 de junho de 2010

Ajuda humanitária de uns, desumanidade de outros

Seis barcos foram atacados pela tropa israelita. O problema não é de hoje, e o impasse internacional também não. Israel continua o bloqueio à Faixa de Gaza, mesmo tratando-se de ajuda humanitária. Num dos barcos de nacionalidade turca nove pessoas foram mortas a semana passada, a justificação foi a de que depois de avisados, ao serem interceptados, reagiram com violência. É normal que os porta-vozes respectivos digam isto para justificar o injustificável; mas não é normal que ninguém, muito menos um povo inteiro, seja privado do direito a uma vida digna.
Mas, obviamente que do lado dos palestinianos não há só vítimas, há violência organizada, o Hamas não é inocente, é evidente que não é, mas tem de haver um entendimento mínimo, que gere a confiança necessária a um processo de paz. É tempo de mais para tanta aniquilação, é tempo de mais para tanta gente armada, para tantas bombas a cair de ambos os lados…
A proposta que tem vindo a ser trabalhada, por parte dos Estados Unidos e da ONU, dois estados e um estatuto especial para a cidade Jerusalém, que todos querem e ninguém aceita dividir, não parece descabida e tem de ser possível. Sem uma solução para a Palestina, o fundo é cada vez mais fundo e a luz cada vez mais ténue. Às vezes a sensação é de noite escura, terreno propício ao extremismo, como todos sabemos.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Direitos das crianças

Hoje é dia da criança. Por todas as escolas, as crianças falam dos seus direitos. Há festa e muita atenção aos mais pequenos. Depois, em muitas situações, e em muitos contextos, tudo continuará igual. Sabemos que no nosso país, as crianças são de um modo geral bem tratadas, cuidadas, mimadas, ouvidas…, mas não é assim em muitos lugares e países do mundo.
Quero aqui lembrar-me de meninos que também são crianças, mas que não celebram o seu dia, meninos a quem falta quase tudo, meninos que não sabem o que é ter uma família, uma escola, uma vacina, uma casa, um brinquedo…
Lembro-me dos meninos de seis, sete, anos que vão diariamente para as fábricas tecer tapetes, na Índia, no Paquistão…; lembro-me dos meninos órfãos do Quénia, Moçambique, África do Sul…., que viram os pais morrer de sida, meninos sós, sem ninguém, assustados, descrentes; lembro-me dos meninos dos bairros de lata do Brasil, de Bogotá…, vivendo vidas miseráveis, entre fogo cruzado e balas perdidas, cheirando cola, fumando erva e o resto, utilizados sem quaisquer escrúpulos por traficantes; lembro-me dos meninos da lixeira de Maputo a quem viraram as costas anos e anos, a quem deixaram crescer como se não fossem gente; lembro-me dos meninos das pedreiras que partem pedras, oito ou mais horas por dia, para as calçadas das cidades, deformando irremediavelmente o seu corpo em crescimento; lembro-me das meninas traficadas para a prostituição no Bangladesh, no Sirilanka.. ; lembro-me das jovens afegãs que deitam fogo ao próprio corpo, num grito de total desespero; lembro-me dos milhões de crianças que hoje vão dormir sem um prato de arroz; lembro-me dos meninos que deambulam pelos campos de refugiados; lembro-me de tantos, tantos, tantos…A lista é interminável.
Para todos os meninos a quem mataram os sonhos, a quem só ensinaram o negro da vida, busco um raio de sol, uma janela aberta e um futuro com direitos.