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terça-feira, 1 de junho de 2010

Direitos das crianças

Hoje é dia da criança. Por todas as escolas, as crianças falam dos seus direitos. Há festa e muita atenção aos mais pequenos. Depois, em muitas situações, e em muitos contextos, tudo continuará igual. Sabemos que no nosso país, as crianças são de um modo geral bem tratadas, cuidadas, mimadas, ouvidas…, mas não é assim em muitos lugares e países do mundo.
Quero aqui lembrar-me de meninos que também são crianças, mas que não celebram o seu dia, meninos a quem falta quase tudo, meninos que não sabem o que é ter uma família, uma escola, uma vacina, uma casa, um brinquedo…
Lembro-me dos meninos de seis, sete, anos que vão diariamente para as fábricas tecer tapetes, na Índia, no Paquistão…; lembro-me dos meninos órfãos do Quénia, Moçambique, África do Sul…., que viram os pais morrer de sida, meninos sós, sem ninguém, assustados, descrentes; lembro-me dos meninos dos bairros de lata do Brasil, de Bogotá…, vivendo vidas miseráveis, entre fogo cruzado e balas perdidas, cheirando cola, fumando erva e o resto, utilizados sem quaisquer escrúpulos por traficantes; lembro-me dos meninos da lixeira de Maputo a quem viraram as costas anos e anos, a quem deixaram crescer como se não fossem gente; lembro-me dos meninos das pedreiras que partem pedras, oito ou mais horas por dia, para as calçadas das cidades, deformando irremediavelmente o seu corpo em crescimento; lembro-me das meninas traficadas para a prostituição no Bangladesh, no Sirilanka.. ; lembro-me das jovens afegãs que deitam fogo ao próprio corpo, num grito de total desespero; lembro-me dos milhões de crianças que hoje vão dormir sem um prato de arroz; lembro-me dos meninos que deambulam pelos campos de refugiados; lembro-me de tantos, tantos, tantos…A lista é interminável.
Para todos os meninos a quem mataram os sonhos, a quem só ensinaram o negro da vida, busco um raio de sol, uma janela aberta e um futuro com direitos.

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