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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

João Rendeiro, um foragido à justiça

 João Rendeiro, um antigo banqueiro que se revelou um burlão, falsificador…, fugiu para o Belize para não cumprir, em Portugal, uma das penas (tem três para cumprir) já transitada em julgado, depois de todos os recursos possíveis.

Fugir, é uma cobardia. Os cobardes concentram em si os piores instintos – maldade, imoralidade, incapacidade de assumir erros…

Também os órgãos de justiça que não fizeram o suficiente para impedir a sua fuga, deviam explicar bem aos cidadãos o que é que se passou para isto acontecer?

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Os imigrantes haitianos, debaixo daquela ponte, no Texas

Chegaram aos milhares, atravessando o rio Grande na fronteira do México com os Estados Unidos, junto da cidade Del Rio, no estado do Texas. Uma vaga de migrantes clandestinos, na maioria haitianos, na maior precariedade que possamos imaginar: não têm literalmente nada.

É-lhes atribuído um número e têm de aguardar que as autoridades americanas os chamem para ser feito o registo e o longo inquérito sobre a possibilidade de abrigo ou a deportação. Milhares já regressaram ao Haiti, um país em ruínas.  

Entretanto, assistimos a atos cruéis que julgávamos uma coisa do passado; policias a cavalo, contra aquela multidão, pisando, agredindo indiscriminadamente. Isto é perversidade, um abuso. Era necessário isto, quando olhamos a fragilidade daquelas  pessoas? Claro, que não era.

sábado, 25 de setembro de 2021

Para os que se demitem de pensar...

 Em nome dos interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem abusos e sorriem para quem desprezam. Abdicar de pensar também é crime. Hannah Arendt

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Os vendedores de missangas

 Olho infinitamente os coqueiros, a praia e o mar do Tofo, Inhambane, Moçambique. Olho esse mar do Índico, vasto, enigmático e desconhecido, como todos os mares; a ondulação pouco forte a desfazer-se em espuma; a limpidez inigualável da água de um azul multicolor, ora carregado, ora mais claro, sempre dourada; e o sol intenso que torna tudo muito luminoso.

Extasiada com a paisagem, ainda não tinha dado por gente, até ver uns miúdos a aproximarem-se. Vendem, aos turistas, pulseiras e colares feitos de conchas e missangas. Um deles mostra-me uma pulseira:

- Vinte meticais, senhora.

- Quinze, e compro duas, uma a cada um.

Hesitam e dizem-me:

- Vamos voltar, cá.

Voltarão, estou certa. Mas, enquanto se afastam, fico a pensar na minha atitude de regatear o preço, menos de um euro! Passado pouco tempo, oiço-os:

 - Senhora, aceitamos.

- Muito bem! Já agora, vou comprar dois colares, um a cada um. Quanto custa um colar?

- Quarenta meticais. Duas pulseiras e dois colares são 110 meticais.  

- É isso, 55 a cada um. São muito bonitos! Sabem quem são os artistas que os fazem?

Dizem não saber. Só sabem que as mães os compram a um senhor para eles venderem na praia. Terminei a manhã, a olhar infinitamente os olhos daqueles meninos, a ver sonhos, desejos e vida por viver. Os coqueiros, a praia e o mar do Tofo ganharam outro sentido. Um sentido que guardo para sempre.


terça-feira, 14 de setembro de 2021

A propósito de todos os totalitarismos...

 O sujeito racional e livre não precisa do Estado, nem de nenhuma crença religiosa, ideológica ou outra,  para saber o que é o bem e o mal.  São noções inatas; estão connosco, desde sempre, mesmo antes da nossa capacidade  do exercício do livre-arbítrio.  Portanto,  quando a razão e a liberdade são instrumentalizadas, é a humanidade em nós que fica em causa. São os direitos humanos que são  negados.

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Morreu Jorge Sampaio

Com pessoas, como Jorge Sampaio, aprendemos a exigência dos princípios, a integridade de caráter,   o rigor e a humanidade em todos os gestos, em todos os cargos, em todas as situações. 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

História de Glória - uma refugiada sudanesa

Uma história real:

Ainda há apenas seis meses, Gloria vivia com um modesto rendimento, mas suficiente, na região poeirenta de Darfur, na parte ocidental do Sudão. Agora tem de sobreviver com um punhado diário de milho, numa tenda fustigada pelo vento, num campo de refugiados do UNHCR/ACNUR, na fronteira com o Chade, esperando pacientemente pelo dia em que possa regressar. Tudo começou quando milícias invadiram a sua aldeia, disparando armas de fogo e desferindo golpes de catana. Receando a morte, Gloria esperou o cair da noite para fugir para o deserto. Caminhou durante dias e dias, comendo apenas insectos e raízes, lutando contra um vento incessante carregado de areia, até ser finalmente encontrada por uma equipa do UNHCR/ACNUR que trabalhava no terreno. As suas provações terminaram finalmente.
        

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Os números dos refugiados no mundo

 No último relatório do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) 2020, de 18 de junho de 2021, havia no mundo:

 - 82, 4 milhões de pessoas deslocadas e refugiadas.

Destes:

- 20, 7 milhões têm apoio do ACNUR;

~48 milhões são deslocados internos, fogem para zonas seguras, sem saírem do pais;

- 4,1 milhões solicitam asilo, em diferentes países, ainda sem uma situação regularizada.

 Os números são avassaladores, duplicaram em dez anos. Pensar que por detrás de cada um destes números há uma vida humana sofrida, alterada, desfeita…, com perdas irreparáveis, de filhos, pais, irmãos…, por conflitos armados, guerras civis, terrorismo…, perseguições e discriminações de toda a ordem, percebemos a enormidade do problema dos refugiados no mundo.