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sábado, 17 de dezembro de 2022

Cada rosto, me convoca

 Oiço o apelo daquela pessoa concreta. Não é ficção minha, é real, está ali. Não importa se é muçulmano, judeu, hindu, cristão, budista, não crente, homem, mulher, velho, jovem, criança, europeu, asiático, africano, americano…; não importa qual a origem e quais os contextos em que nasceu e viveu ou viva; não importa se sei muito ou pouco acerca dela, se a minha vivência quotidiana, social e cultural, está próxima ou distante da sua…; o que importa, é aquele apelo que me convoca a um encontro inicial, face a face, sem necessidade de quaisquer conhecimentos ou exigências.

Rostos


terça-feira, 14 de setembro de 2021

A propósito de todos os totalitarismos...

 O sujeito racional e livre não precisa do Estado, nem de nenhuma crença religiosa, ideológica ou outra,  para saber o que é o bem e o mal.  São noções inatas; estão connosco, desde sempre, mesmo antes da nossa capacidade  do exercício do livre-arbítrio.  Portanto,  quando a razão e a liberdade são instrumentalizadas, é a humanidade em nós que fica em causa. São os direitos humanos que são  negados.

 

terça-feira, 28 de julho de 2020

O assassínio de Bruno Candé Marques

Bruno Candé Marques 

Tinha 39 anos, era ator, pai, amigo, irmão…, foi morto com quatro tiros por um homem de 80 anos. Dizem tratar-se de um crime racial. 

O racismo não é apenas imoral, ignóbil…, é irracional. Tem o homem assassinado responsabilidade por ser negro? Tem o homem que o matou responsabilidade por ser branco? Não têm. Responsabilidade temos, cada um de nós, pelos atos que escolhemos praticar.

Não há nenhuma justificação para o racismo, nem a cultural. Foram os brancos que escravizaram, colonizaram, maltrataram…A história mostra bem de que lado está a responsabilidade, não por ser negro ou branco, mas por ser boa ou má pessoa. É o mal, a prepotência, a sobranceria..., parece que estamos sempre no ano zero da humanidade, prontos para voltar às cavernas.


sábado, 17 de agosto de 2019

Sentido humano

Independentemente de raças, etnias, crenças, culturas…, só há uma humanidade e, portanto, seja qual for a situação política, social, económica, religiosa…, em que nos encontremos mergulhados, o compromisso é com todos os seres humanos, sem exceção.
De algum modo, todos caímos ao mar mediterrâneo, todos estamos detidos em campos de detenção para migrantes, todos resistimos em campos de refugiados, todos somos apátridas, todos somos sem abrigo, vagueando pelas cidades, todos somos sem terra …

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Ser humano


Ao nível do senso comum, se perguntássemos a alguém: - Quem somos? Todos responderiam: - Somos seres humanos. Pertencer ao género humano é o que nos identifica, independentemente de raças, etnias, culturas, crenças…
Se continuássemos a questionar, todos chegariam a dizer que ser humano significa pensar, falar, escolher, decidir e agir – tudo um conjunto de características que identificamos com o ser pessoa, com aquilo que é comum à humanidade.



sexta-feira, 20 de abril de 2018

O dizer do Papa

Interessam-me particularmente os sinais do Papa, sendo que o meu plano de análise é sempre o do indivíduo e o da sociedade. O que ele tem vindo a dizer é que assistimos a limiares de exclusão, de violência, que ou  nos empenhamos todos, começando por olhar e por tratar com humanidade aquele que nos bate à porta, seja muçulmano, judeu, cristão, ateu…, ou a desumanidade está a uma curta distância. Todas as instituições, a começar pela ONU, têm de se empenhar a fundo, para que a demência de alguns não ponha em causa a vida de tanta e tanta gente.



terça-feira, 17 de abril de 2018

Não há um determinismo para o humano



“Quando a criação humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança a sua alma, todo o universo conspira a seu favor”.

                                                                                                                                             Goethe

Acredito nisto. Sei que serão os poetas, os escritores, os filósofos, os músicos,  os pintores... os primeiros a sonhar; sei que se juntarão num coro para mudar a realidade. Sei  que há um potencial, uma redenção para o  humano, que passa por aqui, pelo que formos capazes de criar. Criar do nada ou do todo, não sei bem. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A precariedade humana

Bastaria olhar as imagens, hoje, continuamente difundidas, de refugiados, chegando à Europa, por diferentes rotas, para nos darmos conta da violência e da precariedade humanas, para nos darmos conta de como é ténue a linha entre a liberdade e a repressão, entre a solidariedade e o pontapé, entre o acolhimento e a xenofobia..., mesmo em sociedades e países arautos da defesa incondicional dos direitos humanos.
Por isso, a atitude tem de ser de alerta, sabendo que o campo em que se cumpre ou nega a humanidade é muito estrito: é o campo da escolha ética; o campo da responsabilidade individual e coletiva, da autonomia e da justiça, sem interesses particulares, egoísmos ou jogos de poder.




quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Um ideal de vida boa, todos temos ou não?

Julgo que sim e isso é cultural. Na verdade, quando olhamos uma pessoa, por mais estranha e desconhecida que seja, em qualquer lugar da cidade ou do mundo, não vemos, à partida, um potencial agressor, mas, antes, uma pessoa com quem podemos estabelecer comunicação. Pensamos tratar-se de alguém com autonomia, significados de vida boa e valores morais e, por isso, se esboçamos um sorriso, dirigimos uma palavra ou um cumprimento, esperamos receber o mesmo e não que essa pessoa nos vire as costas ou atire pedras. 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Direitos e dignidade

Num tempo de tantas perplexidades – a maior vaga de refugiados depois da II Guerra mundial, os critérios universais a mostrarem os seus limites, as instituições supranacionais em impasses ou respostas insuficientes... –, muitos cidadãos questionam-se que conceitos é preciso redefinir, que conceitos ganham centralidade para que o fosso entre os princípios e a realidade não seja tão grande? Impossível passar ao lado como se nada fosse, como se tudo se jogasse na formalidade dos direitos. Ou as regras servem, se adequam e respondem ou as regras criam dificuldades, por procedimentos vazios, por burocracias, por excessos de zelo...
 Em meu entender  é preciso que a dignidade humana seja o centro  da defesa dos direitos humanos, mesmo que seja difícil definir este conceito por ser muito complexo, com diferentes sentidos em diferentes culturas. 

domingo, 18 de outubro de 2015

A dignidade é um tesouro

A dignidade é como se fosse um tesouro - tento explicar, ao jovem que me interpela - onde guardas o que mais estimas, aquilo a que dás valor, coisas que têm a ver com a forma como vês a vida e o modo como desejas e queres vivê-la. Por exemplo, sei que dás valor à liberdade, nem tu nem ninguém quer viver aprisionado, queres ser capaz de planear e organizar projectos, de inventar e de transformar a vida, de ter o respeito que julgas merecer e que queres que os outros te reconheçam. 
  A dignidade está dentro de ti, não a podes comprar, herdar do pai ou da mãe, é um bem precioso que  não têm um preço e por isso não a podes negociar. És responsável por esse tesouro que  guardas no lugar mais profundo de ti mesmo, não podes tu ou alguém fazer-lhe mal. O tesouro é frágil, se não estiveres atento pode quebrar-se. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Somos seres humanos situados

Importa analisar a universalidade dos direitos humanos, não para a pôr em causa, mas para mostrar a sua insuficiência. Não chega dizer: pertencemos todos à Humanidade, temos uma razão e uma liberdade que ninguém pode pôr em causa; não chega dizer: “tu tens direitos, és um ser de direitos”, importa olhar o individuo na sua situação. Somos seres situados, na nossa vida concreta, há contextos que se tornam determinantes do viver; contextos, onde, o que define o humano é muito mais a experiência religiosa, a pertença a uma cultura, a um povo ou a um grupo, do que a noção universal de Humanidade. Não reconhecer isto, é cair em impasses ou em respostas parciais que não são solução para as questões dos refugiados, dos migrantes, da diversidade com que a Europa (na verdade, o mundo todo) está confrontada.



quinta-feira, 10 de setembro de 2015

É o tempo da escolha justa

As imagens dos refugiados tentando chegar à Europa por diferentes rotas, mostra à saciedade a violência e a precariedade humana. Há uma linha ténue entre a liberdade e a repressão, entre a solidariedade e o pontapé, entre o  acolhimento e a xenofobia, entre o abrir  e o fechar as portas...
É neste espaço que o ser humano se realiza, que cumpre ou nega a sua humanidade, que instaura ou impossibilita a relação com o outro. É o tempo das escolhas, da ética, da responsabilidade individual e cívica, das leis e dos compromissos. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Génesis, a exposição

Visitei a exposição de Sebastião Salgado, e gostei muito. Não posso dizer que tenha sido surpreendida, de algum modo, conhecendo outros trabalhos do autor, esperava o que vi. Há uma qualidade e uma essência nas fotografias que chega e ultrapassa a mera observação. Salgado mostra, denuncia, propõe, compromete...
Para mim são particularmente tocantes os rostos. O que dizem os rostos de Sebastião Salgado? Ninguém sabe. Dizem tudo.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Discurso final de Charles Chaplin no filme "O grande Ditador” - Parte 2

- "Soldados não vos entregueis a esses homens brutos que vos desprezam e vos tratam como escravos; homens que governam as vossas vidas, decidem os vossos actos e os vossos pensamentos; domesticam-vos, tratam-vos como animais e utilizam-vos como carne para canhão. Não vos coloqueis nas mãos desses homens anti naturais, desses homens máquinas, com coração de máquinas.
Vós não sois máquinas! Não sois animais! Sois homens! Levais o amor e a humanidade nos vossos corações. Não odieis. Só os que não são amados odeiam. Os que não são amados e os anormais... soldados não combatais pela escravatura, combatei pela liberdade.
No capítulo 17 do Evangelho segundo São Lucas lê-se: “O reino de Deus está no próprio homem”, não num único homem, não num único grupo de homens, mas em todos os homens e vós, vós, sois o povo, tendes o poder para criar máquinas, o poder para criar a felicidade. Vós, o povo, tendes o poder para criar a vida livre e esplêndida ... para fazer dessa vida uma radiante aventura.
Então, em nome da democracia, utilizemos esse poder... Unamos-nos todos, lutemos por um mundo novo, um mundo limpo que ofereça a todos a possibilidade de trabalhar, que dê à juventude um futuro e  que proteja os velhos da miséria".

sexta-feira, 13 de março de 2015

A Bondade do Papa


"Por que há crianças a sofrer?" - pergunta a criança filipina numa mensagem que lia ao Papa. Mas, não aguentou. Mesmo com o apoio do jovem que a acompanhava e lhe tocava levemente nas costas, como que a dar força e ânimo para que prosseguisse, continuou soluçando.
A menina chorou e fez chorar. O Papa disse: “ precisamos chorar”, com o sentido de que precisamos de sofrer com os que sofrem. “Nós, todos os instalados na vida precisamos chorar”, continuou o Papa.
Não sei quem é aquela jovem. Sabemos que foi abandonada, que cresceu nas ruas e foi resgatada por uma instituição. O Papa abraçou-a e ela abraçou o Papa, por baixo da cintura, à sua altura, como se não houvesse distâncias. Talvez, a humanidade toda esteja aqui, neste gesto, nesta proximidade, neste encontro.
O que vimos é evangelho, anúncio, boa nova. O Papa surpreende a cada passo, seja em visitas pastorais, encontros diplomáticos, encontros com o clero, telefonemas ou cartas para gente anónima…; surpreende pelo inusitado, pelo novo, pela surpresa. Mas, talvez, cada gesto tenha sempre o mesmo sentido e a mesma fonte: a bondade do Papa.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

A guerra, a barbárie

28 de julho de 2014, há cem anos começava a I Guerra Mundial. Haverá com toda a certeza documentários, perspectivas, análises…
Mas haverá também, no noticiário de hoje, a destruição de Gaza, mais de um milhar de mortos, a desintegração da Líbia, o separatismo na Ucrânia, novo ataque do grupo Boko Haram, agora, nos Camarões e tudo o resto..
O que falhou? Falhou quase tudo. Falhou a intervenção Papal, recorde-se que em junho se reuniram, nos jardins do Vaticano, os lideres israelita, do Hamas e o próprio Papa para, nas diferentes religiões, rezarem pela paz. Falharam as primaveras árabes, as revoluções de jasmim, a crença na decência dos senhores de Moscovo, etc., etc., etc.
É certo que o problema reside na natureza humana. Somos maus, violentos, vingativos, fantoches, ambiciosos, faccionários …; mas isso não nos desculpa, temos a capacidade de uma comunicação racional, temos a capacidade de encontrar consensos, se formos capaz de deixar cair o que nos distingue, não porque não valha, mas porque não é o essencial. Centremo-nos no que interessa verdadeiramente; centremo-nos no valor inquestionável da vida humana, seja quem for e onde for.
 Estou tão cansada da impossibilidade de compreender as coisas, de perceber de como é ténue a linha entre a decência e a desumanidade, entre a liberdade a violência. a humanidade está em ser capaz de não ultrapassar essa linha (como referia Lévinas).



quarta-feira, 2 de abril de 2014

O aviador, o filme

O que surpreende no filme, até ao ponto de nos perturbar, é como uma pessoa tão inteligente, capaz dos maiores raciocínios lógicos e matemáticos, carrega uma fobia que lhe transtorna a vida, ao ponto de um desequilíbrio mental.
Ter medo de germes, perscrutá-los em todo o lado, não será algo que um ser inteligente pode racionalizar? Pelos vistos não. Sabemos tão pouco de nós próprios, a mente humana está na infância do conhecimento. Para onde caminhamos? E o futuro, como de resta acaba o filme, haverá um futuro mais capaz de lidar com tantas dualidades? Talvez, não. Para este homem, Howard Hughes, que morre em 1976,  o futuro foi a deteriorização progressiva da sua situação clínica.