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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A precariedade humana

Bastaria olhar as imagens, hoje, continuamente difundidas, de refugiados, chegando à Europa, por diferentes rotas, para nos darmos conta da violência e da precariedade humanas, para nos darmos conta de como é ténue a linha entre a liberdade e a repressão, entre a solidariedade e o pontapé, entre o acolhimento e a xenofobia..., mesmo em sociedades e países arautos da defesa incondicional dos direitos humanos.
Por isso, a atitude tem de ser de alerta, sabendo que o campo em que se cumpre ou nega a humanidade é muito estrito: é o campo da escolha ética; o campo da responsabilidade individual e coletiva, da autonomia e da justiça, sem interesses particulares, egoísmos ou jogos de poder.




sábado, 19 de abril de 2014

Crianças e jovens que conheci (3) - a menina adotada

Passou-se, num dia de Janeiro, numa terra africana, numa casa, onde passava uns dias. Não compreendi, não compreendo, como se pode dar uma filha. Para mim, foi e é incompreensível, mesmo quando parece ser inevitável e, naquele caso, não parecia.
Não esquecerei nunca os olhos e o choro da menina. Um choro contínuo e convulsivo, como se pressentisse, como se tivesse consciência de tudo, do passado, do presente e do futuro.
- Não venha para aqui, não venha para aqui, que a minha filha não a pode voltar a ver – pede a mãe adotiva, insistentemente, à mãe biológica – juntas, porventura pela última vez, no dia do baptizado da menina, por coincidência, no dia em que foi definitivamente entregue aos pais adoptivos, um casal italiano.
- Está bem, não vou – diz, em lágrimas, a mãe verdadeira (desculpem se utilizo este adjectivo, naquele momento, foi assim que senti)
 – Sei que se ela me visse deixava de chorar – insistia.