Passou-se, num dia de Janeiro, numa terra africana,
numa casa, onde passava uns dias. Não compreendi, não compreendo, como se pode
dar uma filha. Para mim, foi e é incompreensível, mesmo quando parece ser
inevitável e, naquele caso, não parecia.
Não
esquecerei nunca os olhos e o choro da menina. Um choro contínuo e convulsivo,
como se pressentisse, como se tivesse consciência de tudo, do passado, do presente
e do futuro.
- Não
venha para aqui, não venha para aqui, que a minha filha não a pode voltar a ver
– pede a mãe adotiva, insistentemente, à mãe biológica – juntas, porventura
pela última vez, no dia do baptizado da menina, por coincidência, no dia em que
foi definitivamente entregue aos pais adoptivos, um casal italiano.
- Está bem, não vou – diz, em lágrimas, a mãe verdadeira (desculpem se utilizo
este adjectivo, naquele momento, foi assim que senti)
– Sei que se ela me visse deixava de
chorar – insistia.
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