Pesquisar neste blogue

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A liberdade

O que se passa no mundo árabe  por estes dias é bem elucidativo do valor da liberdade.  Faz parte intrínseca do ser humano, ser livre. Temos naturalmente a  capacidade de pensar, de  ter iniciativas, de fazer projectos, escolhas e decisões, por nós proprios,  sem a necessidade de "iluminados" a apontarem-nos o caminho. Se assim não fosse, porque precisariam os ditadores de negar as liberdades individuais, reprimindo, controlando, proibindo...?  Não precisavam. Mas chega um dia, sobretudo quando as sociedades evoluem a nível de conhecimentos, que a revolta se torna inevitável e a exigência de liberdade é o primeiro dos direitos a ser reivindicado. Não precisamos de donos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Kadafi, maldade ou loucura?

Aquela 1ª declaração de Kadafi, dentro de um automóvel, com um chapéu de chuva aberto, à chuva, é surreal. Mas a segunda, frente ao palácio bombardeado nos anos oitenta pelos americanos é ainda pior. Parece louco, está louco. Pergunto:  aquele povo pode estar sujeito a isto?  A comunidade internacional pode estar sujueta a isto? Não há nenhuma dúvida de que ele vai massacrar até ao fim, morra quem morrer, ninguém está a salvo, espero que o resgate de estrangeiros não tenha problemas graves, já se viu que  o grande líder está disposto a tudo. Grande líder de quê? Dos infernos, talvez!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Líbia, será o fim daquele regime?

A Europa reune, está atenta, mostra preocupações, divide-se entre a estratégia e os interesses com Kadafi  e a defesa intransigente da democracia e dos direitos humanos. O mesmo na América, Clinton mais diplomata, Obama mais direitos,  mais liberdades... Todos tememos o pior, haverá um alto preço a pagar, mas era tão importante que a revolução ganhasse, que os ditadores, todos os ditadores, desde os que se julgam mais ou menos deuses, aos  que se julgam indispensáveis, duma vez por todas, deixassem o povo determinar o seu futuro!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Meninos soldado. no Chade

São crianças ainda, algumas  para  proteger as famílias dos ataques, para fugirem da miséria mais absoluta, entram nas fileiras tanto dos rebeldes como das forças governamentais. Outras são raptadas, levadas à força. De arma na mão, drogas no corpo, treinos sem fim, perdem a infância e muitas até a alma. Meninos meio perdidos, meio abandonados, para quem a  convenção dos direitos da criança e o protocolo adicional sobre a proibição do envolvimento de crianças em conflitos armados parecem de nada valer. É tudo letra morta para quem tem a obrigação  de zelar pelo seu cumprimento, e faz exactamente o contrário.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Novo blogue

Ontem dei início a um novo blogue onde pretendo escrever sobre a minha estadia em Moçambique. Chama-se "Moçambique: rostos do ìndico", Se alguém estiver interessado pode aceder em http://www.mocambiquerostosdoindico.blogspot.com/

Repressão na Líbia, já anunciada

O grande chefe já veio dizer que terá tolerância zero com quem se manifestar nas ruas de Tripoli. Não duvido,  Todos sabemos do que é capaz, mas chega uma hora, quando a desesperança é absoluta, que nada há  a perder, ou melhor há tudo a perder, atinge-se um ponto de não retorno.  Ver estes ditadores manobrarem, corromperem, comportarem-se como donos  dos países, dos povos e até das consciências, é uma infâmia. Bravos manifestantes que lutam nas ruas!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Egipto, a desejada democracia

Mubarak cedeu e saiu de cena. Já não era em tempo, há muito que o devia ter feito. É a velha história do poder e de quem o exerce, para alguns (ditadores) não há limites. A festa foi grande nas ruas, mas a esperança e as expectativas são ainda maiores. O povo quer tudo a que tem direito, e já. Não é possível. É preciso uma nova constituição, eleições livres e justas, instituições democráticas, liberdades civis e politicas, direitos sociais e económicos, o respeito intransigente  pelos direitos humanos, A lição do Egipto que outros países árabes seguirão tem de ser um exemplo, há muitos perigos à espreita.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dignidade

A dignidade não é um conceito simples, apenas, da ordem do racional, dos princípios objectivos – liberdade, respeito, justiça – incorpora também valores subjectivos, da ordem dos sentimentos, das crenças e das convicções mais profundas que determinam o modo como as pessoas se vêem e se  valorizam a si mesmas e querem que os outros as vejam e valorizem, diz tudo sobre o que somos e também sobre o que queremos ser. Cada um ao questionar-se sobre: - O que há em mim que jamais poderei pôr em causa, sem deixar de ser eu próprio? O que guardo eu, no reduto mais escondido de mim mesmo? – encontrará respostas, pertença a que lugar, cultura ou religião pertencer.
Por isso, quando dizemos: “Sou isto e não aquilo que os outros querem que eu seja, determino o meu viver pelos meus valores, as minhas crenças e os meus sentimentos”, falamos do que verdadeiramente nos faz a pessoa que somos. A nossa dignidade é algo inviolável, não a podemos suspender, ferir, maltratar, negociar, trocar…, nem deixar que outros o façam. A dignidade não tem preço, porque não tem equivalente, nada a substitui. “No reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode pôr-se, em vez dela, qualquer outra coisa como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite equivalente, então, ela tem dignidade.” (Kant, 1991:77).

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Camané: o dom da voz

Ontem fui ouvir Camané ao teatro São Luís, e valeu a pena. Cantou  sobretudo temas do último disco, sobre as coisas do amor, do desamor, da dor e da raiva,  como disse. Cantou poetas e outros autores. Mas o que toca verdadeiramente é a sua voz, há alturas que parece tocar o sublime, algo que sou incapaz de descrever; algo que me toca, me envolve e me emociona. Ninguem canta como Camané.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Difícil diálogo

Se eu pudesse acabava com as grandes construções teóricas que têm servido para falar das pessoas e das suas vidas, sem tocarem verdadeiramente no essencial. Passava a falar de ti, de mim, de nós, aqui, agora, num contexto marcado por condicionalismos que nenhuma teoria pode explicar, por serem algo de novo, de diferente, de renovado, como corresponde à existência do humano.
Se calhar, acabava também com alguns adjectivos – espertos, inteligentes, maravilhosos, delinquentes, racistas... – e até com frases que de tão banalizadas se tornaram vazias - todos diferentes, todos iguais ...  – e procurava, apenas, histórias verdadeiras, contadas de forma simples, a ver se, de uma vez por todas,  nos podemos entender.

Mortos e feridos, no Cairo

O mundo assiste  estupefacto. Por momentos, acreditámos que aquele movimento podia conduzir o povo a uma revolução pacífica,  envolvente,  sem exclusões, tiros e mortes. Mas não aconteceu. Mubarak que não sai,  um grupo pró, instruído ou não pelo regime, irrompe na praça e agride, confronta, assusta... Nada é já previsível. Tristes ditadores!