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sábado, 29 de agosto de 2020

Sobre uma cena do filme Indochina – O que sabemos de sentimentos?

Indochine (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Indochina, anos 30, quando era uma colónia francesa
 

Vem-me à memória um jovem que viveu até á idade adulta com a avó, construindo uma imagem poderosa e, ao mesmo tempo, romântica e feliz de uma mãe guerreira, ativista política, na luta pela independência do Vietname.

Um dia, sabendo que estaria em França, numa receção, decide ir ao seu encontro, com o propósito de lhe falar. Cruzam-se, sabe quem é ela, mas não lhe fala. Ao contrário, ela não sabe quem é ele. Não o pode reconhecer, mesmo que todos os dias, naquele dia mesmo, ao levantar-se, ao sair de casa, tenha pensado no filho, porventura, a pessoa mais presente na sua vida.

Um filho que não viu crescer, ir à escola, jogar, ter sonhos …. Um filho que não reconhece, apesar de existirem laços familiares tão próximos e sentimentos tão profundos. Talvez ele tivesse ido aquela receção na esperança de que um clique os lançasse nos braços um do outro, como se os anos não tivessem passado e a vida separada não tivesse acontecido.

Mas, nem o tempo se suspendeu, nem os olhares se cruzaram, ao ponto de se fundirem. Dois estranhos, passando lado a lado, incapazes de se abraçarem, de se comunicarem. Ele podia tê-lo feito. Por que razão, quando passou junto dele, permaneceu mudo e imobilizado, no cimo daquela escada? Por que não foi capaz?

Talvez se encontrem de novo, noutras circunstâncias. Talvez, volte a andar quilómetros e quilómetros para a ver de perto, aplaudir o discurso, chorar uma lágrima e, quem sabe, ganhar coragem para dizer:

 - Mãe!

E ela se virar para trás, parar o discurso e indiferente a tudo, correr para ele e gritar:

- Filho!

Agora sim, aquele abraço pode durar para sempre!

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A propósito das vacinas COVID-19…

Expresso | Covid-19. Instituto indiano tenciona produzir 500 doses ...
Espero que a vacina seja universal e gratuita

 

Parece uma guerra entre países, laboratórios, investigadores…, como se a informação não pudesse ser partilhada ao minuto, a ver quem chega primeiro à tão desejada e necessária vacina.

Percebemos, sem poder fazer nada, que tudo é política, tudo é economia; promete-se venda a quem tem dinheiro para pagar, faz-se negócio antecipado… Custa a crer que mais uma vez os pobres dos pobres fiquem de fora ou no fim da fila.

Nem em tempo de pandemia, incerteza e tanta vulnerabilidade os sentimentos humanos mais mesquinhos desaparecem.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

As manifestações na Bielorrússia

 

Malditos ditadores, ignoram o povo e o que é a decência humana. Agarram-se ao poder como carraças e põem os exércitos na rua. 

 Estou à espera de ver o que vai fazer a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia, tem de haver maneira deste presidente sair do poder e deixar a democracia ganhar folgo com novas eleições e novos protagonistas.




terça-feira, 18 de agosto de 2020

.O que está a acontecer na sociedade portuguesa?

Manifestação contra a extrema direita em Lisboa (16/8/2020)

Um movimento de extrema direita (a Nova Ordem  de Avis) ameaça três deputadas e sete ativistas de movimentos antirracismo e antifascismo. Outro ou o mesmo manifesta-se de cara tapada, em frente à sede da associação SOS Racismo.
André Ventura está já em 10% de intenções de voto para as presidenciais? Como é que aquele discurso tão radical, xenófobo e populista consegue isto? 
Para mim é difícil de explicar. Mas constato que afinal a extrema direita em Portugal é tudo menos residual, como se pensava.  


terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ontem, morreu Waldemar Bastos

Morreu Waldemar Bastos
Waldemar Bastos 

 (Deixo um poema seu que mostra bem as faces do colonialismo em Angola: o medo, a subserviência, a pobreza, a exploração, o existir sem existir...)

Velha Chica

Antigamente, a velha chica
Vendia cola e gengibre
E lá pela tarde ela lavava a roupa
Do patrão importante
E nós os miúdos lá da escola
Perguntávamos à vovó chica
Qual era a razão daquela pobreza
Daquele nosso sofrimento

Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política
Mas a velha chica embrulhada nos pensamentos
Ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento

Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política

E o tempo passou e a velha chica, só mais velha ficou
Ela somente fez uma kubata com teto de zinco, com teto de zinco

Xé menino, não fala política, não fala política

Mas quem vê agora
O rosto daquela senhora, daquela senhora
Só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política
E ela agora só diz:

- Xé menino, posso morrer, posso morrer
Já vi angola independente!
- Xé menino, posso morrer, posso morrer
Já vi angola independente!

 

                                                        https://www.ouvirmusica.com.br/waldemar-bastos/velha-xica/

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Ana Moura, a minha preferida

Ana Moura Hamburg Billets, Laeiszhalle Hamburg, Großer Saal, 09 ...
Ana Moura 


Estive a ver o concerto que Ana Moura deu, o ano passado, nas Festas do Mar, de Cascais e mais uma vez fiquei rendida. 

 Ana Moura é a voz, o corpo, o movimento, a dança, os vestidos (brilhantes, quase sempre escuros, com decotes ou transparências…), os brincos, o cabelo, a maquilhagem…. Nada nela é excessivo. Tudo é comedido, com uma simplicidade e uma alegria desconcertantes. Puxa pelos músicos, deixa-os brilhar.

Ana Moura é sempre mais do que estamos à espera. Parece que se supera!

https://www.youtube.com/watch?v=MOKx48vtn_o

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Explosões em Beirute, Líbano



Líbano lida com devastação feita por explosões no porto | Agência ...
A  destruição  é bem visível, em Beirute
Parece uma maldição, o que aconteceu ontem em Beirute! Centenas de mortes, milhares de feridos, escombros por todo o lado, como se de um bombardeamento aéreo se tratasse. Não sei se foi acidente, ataque, atentado..., daqui ou dali. 

Sei que a vida é assim mesmo, esta absoluta imprevisibilidade. Um mistério de que quase nada sabemos. Um caminho com mais espinhos e lágrimas, do que rosas e risos. A vida consome-nos. 


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