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sexta-feira, 26 de março de 2021

O menino negro não entrou na roda - poema de Geraldo Bessa

 O menino negro não entrou na roda

 O menino negro não entrou na roda

Das crianças brancas – as crianças brancas

Que brincavam todas numa roda viva

De canções festivas, gargalhadas francas...

 

O menino negro não entrou na roda.

 E chegou o vento junto das crianças –

E bailou com elas e cantou com elas

As canções e as danças das suaves brisas,

As canções e danças das brutais procelas

 

O menino negro não entrou na roda.

 Pássaros, em bando, voaram chilreando

Sobre as cabecinhas lindas dos meninos

E pousaram todos em redor. Por fim,

Bailaram seus voos, cantando seus hinos...

 

O menino negro não entrou na roda.

 “venha cá, pretinho, venha cá brincar”

- disse um dos meninos com seu ar feliz.

A mamã, zelosa, logo fez reparo;

O menino branco já não quis, não quis...

 

O menino negro não entrou na roda

Das crianças brancas. Desolado, absorto,

Ficou só, parado com olhar cego,

Ficou só, calado com a voz de morto

 

(Geraldo Bessa Victor, Obra poética)

 

 

terça-feira, 23 de março de 2021

Contra o racismo e atitudes racistas...

  Há dois dias, a 21 de março, comemorou-se o Dia Internacional de luta contra a discriminação racial. O racismo parece renascer, todos os dias e em todas as sociedades, apesar de toda a legislação internacional e nacional que existe.

Visível, quando um negro quer alugar uma casa, candidatar-se a um trabalho, publicar uma obra artística..., com uma subtileza, que às vezes magoa e humilha mais que as atitudes explicitas,  é convidado a voltar no dia seguinte, a ir para o fim da fila…

Estamos assim, em 2021…

terça-feira, 18 de agosto de 2020

.O que está a acontecer na sociedade portuguesa?

Manifestação contra a extrema direita em Lisboa (16/8/2020)

Um movimento de extrema direita (a Nova Ordem  de Avis) ameaça três deputadas e sete ativistas de movimentos antirracismo e antifascismo. Outro ou o mesmo manifesta-se de cara tapada, em frente à sede da associação SOS Racismo.
André Ventura está já em 10% de intenções de voto para as presidenciais? Como é que aquele discurso tão radical, xenófobo e populista consegue isto? 
Para mim é difícil de explicar. Mas constato que afinal a extrema direita em Portugal é tudo menos residual, como se pensava.  


terça-feira, 28 de julho de 2020

O assassínio de Bruno Candé Marques

Bruno Candé Marques 

Tinha 39 anos, era ator, pai, amigo, irmão…, foi morto com quatro tiros por um homem de 80 anos. Dizem tratar-se de um crime racial. 

O racismo não é apenas imoral, ignóbil…, é irracional. Tem o homem assassinado responsabilidade por ser negro? Tem o homem que o matou responsabilidade por ser branco? Não têm. Responsabilidade temos, cada um de nós, pelos atos que escolhemos praticar.

Não há nenhuma justificação para o racismo, nem a cultural. Foram os brancos que escravizaram, colonizaram, maltrataram…A história mostra bem de que lado está a responsabilidade, não por ser negro ou branco, mas por ser boa ou má pessoa. É o mal, a prepotência, a sobranceria..., parece que estamos sempre no ano zero da humanidade, prontos para voltar às cavernas.


quarta-feira, 22 de julho de 2020

Excerto do discurso de Nelson Mandela, em Oslo (2)

Esse triunfo encerrará, finalmente, cinco séculos de colonização africana, que começou com o estabelecimento do império português. Constituirá um grande passo na história e servirá como caução para os povos do mundo que lutam contra o racismo, seja qual for a forma que tenha e o lugar onde ocorra.

No extremo sul do continente africano, está em preparação uma recompensa, um incalculável presente, para aqueles que, em nome da humanidade, sacrificaram tudo pela liberdade e pela dignidade humana».



domingo, 19 de julho de 2020

Morreu John Lewis

Aqui, nesta ponte, a polícia carregou sobre os manifestantes. John Lewis foi ferido.


Morreu a 17 de julho de 2020, com oitenta anos. Nasceu a 21 de Fevereiro de 1940, no Alabama. Era o último sobrevivente do movimento, marchas pacíficas, pelos direitos cívicos dos negros, encabeçado por Martin Luther King, iniciado na célebre ponte, em Selma, Alabama, que viria a obrigar o Congresso a aprovar uma lei que reconheceu aos negros o direito de voto. Foi em 1965.

Membro do Congresso desde 1986, John Lewis era uma consciência, uma voz, uma atitude…, na defesa dos direitos dos negros. Há poucas semanas, já muito doente, participou nas manifestações: «As vidas dos negros contam»,  contra o racismo, na sequência da morte de negros, por polícias.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

A escravatura (5)

Há sempre consciências que elevam a sua voz, em nome dos sem nome, contra todas as indignidades. Foi assim que surgiu o abolicionismo - movimento político contra a escravatura que  faz o seu caminho e se impõe em meados do século XIX.
A abolição da escravatura  em Portugal foi em 1761 e em todo o império português em 1854. Nos Estados Unidos a escravatura termina em 1863, mas não terminou a segregação dos negros, como acontecimentos recentes mostram à evidência; negros continuam a ser mortos às mãos de polícias racistas.
 . 

terça-feira, 16 de junho de 2020

As vidas dos negros contam, e muito

O racismo é a discriminação mais citada em todos os relatórios da ONU, a mais incidente e a que parece, apesar de leis, uma coisa e outra, a mais difícil de combater.  Parece que estamos sempre no ano zero,  com tudo por fazer. Não sei a dimensão que o movimento: « As vidas dos negros contam» vai tomar. Espero sinceramente que de uma vez por todas haja instituições justas, eficientes, capazes de respostas  em que os negros assumam o protagonismo. É duro, estar sempre no campo dos deserdados.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Um polícia de Minneapolis matou um homem, por nada

Um polícia branco matou um homem negro em Minneapolis (Estados Unidos).
Esta discriminação não é rara nem é estranha naquela sociedade racista. Temos de denunciar.
Chamava-se George Floyd, tinha 46 anos, e era um ser humano, um indivíduo,
único, singular..., 
Enquanto, o polícia o asfixiava, disse repetidamente que não estava a conseguir respirar. 
Mais três polícias assistem e há outras pessoas, alguém filma o assassínio.
Nas imagens, vemos homem a morrer à nossa frente. 
Este homem é para a polícia e para as estatísticas mais um número, apenas isso.
Mas, para a filha de seis anos que deixou, para a mulher, a mãe, os irmãos...,
era uma pessoa amada, certamente.
E para todos nós, George Floyd era um  ser humano
que a polícia tinha a obrigação de tratar com respeito, justiça e humanidade.  
Mas, não tratou.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

O racismo no futebol e no mais…


Sucessivos relatórios da ONU mostram que o racismo é a discriminação com maior incidência. É tão comum, que se banalizou e não parece incomodar-nos muito, a não ser que tome proporções públicas e mediáticas, como no caso de Marega, o jogador do futebol clube do Porto.
Se Marega, não tivesse abandonado o campo, nada de substantivo, em relação ao racismo no desporto, teria acontecido. Era mais uma tarde ou noite de atitudes e manifestações racistas, contra profissionais de futebol. Mas, Marega saiu, porque não aguentou mais.
Eu percebo, porque há um ponto, em que o individuo perde, de tal modo, a sua autonomia, a sua capacidade de fazer seja o que for, que a sua dignidade é atingida, ao ponto da humilhação. Humilhar, pisar em alguém, é o pior que há.
A humilhação é a desumanidade em último grau. Marega, não se deixou humilhar, até ao limite da impossibilidade de reação. Ainda bem que saiu. Os outros companheiros de equipa e respetivos dirigentes deviam ter feito o mesmo. Mas há lá valor mais importante que os três pontos no final do jogo! 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

André Ventura – um extremista de serviço


Na sequência de uma proposta do partido LIVRE, apresentada pela deputada Joacine Katar Moreira, no parlamento, para que as obras de arte, trazidas das ex-colónias para Portugal, regressem aos países de origem, André Ventura escreveu, numa rede social, que a deputada é que devia ser deportada para o seu país de origem.
Por mais argumentos contra a proposta do LIVRE que possam ser exibidos, não se podem tolerar declarações racistas e xenófobas, como esta. A deputada é uma cidadã portuguesa, com todos os direitos e deveres de cidadania.
É um facto que a extrema direita é racista; é um facto que o André Ventura quer palco, já aconteceu o mesmo, em relação aos ciganos; mas é meu entendimento que não se pode deixar passar. Precisamos denunciar e condenar. Viver em democracia, exige respeito a todos, pensem ou não como nós.

domingo, 21 de julho de 2019

Ilhan Omar – a congressista que enfrenta Trump


É uma das quatro congressistas pertencentes a minorias étnicas, eleitas para o congresso americano, pelo Partido Democrata, alvo de críticas e comentários racistas por parte do presidente Trump
Esta mulher, a mais nova de sete irmãos, nasceu na Somália, perdeu a mãe aos dois anos, a família fugiu da guerra civil do seu país e esteve quatro anos num campo de refugiados no Quénia, antes de obter asilo nos Estados Unidos, no Estado do Minnesota. Tem a cidadania americana desde os 17, há vinte anos. Estudou ciência política e relações internacionais e envolveu-se na política do seu estado; este ano foi eleita para o congresso federal.
Trump não a amedronta, pelo contrário, dá-lhe força para falar dos migrantes detidos em centros com condições degradantes e de muitos outros temas. Já avisou que não foi eleita para ficar calada.   

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Bom Natal


Desejo a todos um Bom Natal. Repito um poema sobre o racismo, ainda, hoje, a maior das discriminações. 

É proibido publicar

Seria aborrecido se Cristo
Voltasse, e fosse preto.
Há tantas igrejas
Onde não poderia rezar
Nos Estados Unidos
Em que o acesso dos negros
Por santos que sejam, é proibido.
Em que se celebra
Não a religião
Mas a raça.
Experimentai dizê-lo
E pode ser que sejais
Crucificados.

(Langston Hugges, 1902-1967, Estados Unidos da América)



sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Contra atitudes racistas, deixo um poema


Num programa televisivo, pergunta Herman José à escritora Margarida Rebelo Pinto se já teve um namorado "colorido" ,  ela responde: "Não, não sou dada a etnias"). Dos presentes, só a artista Sara Tavares não achou piada. Eu também não achei.


A cor que se tem 


Quando for crescida
Hei-de inventar
Um perfume de encantar.


Quem o cheirar
há-de ficar
com a cor da pele
que mais gostar.


Branco ou amarelo
Se preferir
Preto ou vermelho
É só decidir.


 Para alegrar
até vou pensar
Outras cores acrescentar.


 Cor de rosa
Verde ou lilás
São cores bonitas
E tanto faz.


 E assim,
Há-de chegar
O dia de acreditar
Que o valor de alguém
Não se pode avaliar
Pela cor que se tem.


 E então,
Tudo estará bem.
                                 (Poesia de Maria Cândida Mendonça)
  


segunda-feira, 2 de julho de 2018

Jovem columbiana insultada e espancada



Nicol, a jovem de 21 anos, colombiana, agredida na madrugada do São João no Porto, é uma vítima mais do racismo sempre latente na sociedade portuguesa. O racismo, como sucessivos relatórios da ONU têm mostrado, é a maior das discriminações e por isso não podemos deixar passar atos desta natureza.
Sei que se vão abrir inquéritos (na empresa de segurança privada a que pertencia o agressor, na PSP, chamada ao local, no Ministério Público…) e vamos ver o que vai acontecer; o que se passou é muito grave, para não haver qualquer consequência.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Martin Luther King, 50 anos após a sua morte


Martin Luther King nasceu a 15 de Janeiro de 1929, nos Estados Unidos. Lutou toda a sua vida, de forma pacífica, pelos direitos dos negros. Em 1964, recebeu o Prémio Nobel da Paz. Morreu baleado, em 4 de Abril de 1968.

Excerto do célebre discurso “Eu tenho um sonho”

“Digo-vos meus amigos, embora tenhamos de enfrentar dificuldades, hoje e amanhã, ainda, tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho da América. Sonho que um dia esta nação se vai erguer para viver essa verdade: a evidência de que todos os homens são iguais. 
Sonho que um dia, nas vermelhas colinas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos daqueles que os escravizaram se vão sentar juntos, na mesma mesa, como irmãos fraternos. (...). Sonho que as minhas quatro crianças viverão um dia numa nação onde não sejam julgados pela cor da sua pele mas pelo seu carácter. (…)
Sonho que um dia teremos, no Alabama, rapazes e raparigas negras, juntando as mãos, com rapazes e raparigas brancas, como irmãos e irmãs”.



(Infelizmente, o sonho de Luther King, com este presidente Trump, regrediu).

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Um dia, talvez, terminem todas as atitudes racistas

Eu, também


Também eu canto a América
Sou eu o mais preto dos irmãos.
Mandam-me comer na cozinha
Quando chegam as visitas,
Mas eu rio,
E como bem,
E forte vou crescendo.

Amanhã,
Estarei à mesa
Quando as visitas chegarem.
Ninguém ousará
Dizer-me
Come na cozinha,
Então.

Aliás,
Eles verão como sou belo
E envergonhar-se-ão.
Também eu sou a América.

(saiu na Revista Pública de 14 de Outubro de 2001, retirado de Langston Hughes, 1925, Collected Poems)


sábado, 2 de setembro de 2017

O racismo na América e por muitos lados

Na cidade de Charlottesville, estado da Virginia, e em outros lugares houve manifestações neonazis, numa linguagem e em termos que julgávamos ultrapassados: a supremacia branca, o ultra nacionalismo... O ódio é o mesmo, contra quem é diferente, sejam judeus, negros, ciganos...; o presidente assiste, não toma, a tempo, a reação devida, e o problema agrava-se.
Pensamos: como podem sociedades tão diversas viver tão desintegradas! Como podem sociedades tão múltiplas viver como se as minorias não existissem e não tivessem direitos!
Começamos a achar que o andar para trás, em valores e em princípios, é uma realidade. Começamos a achar que se instalou uma loucura qualquer que não nos deixa ver claro e, entretanto, muitos dos que estão a salvo cuidam das suas vidinhas, fecham as janelas e as portas, têm medo.
Mas o mesmo não pode acontecer quando há organizações internacionais (ONU e suas Agências, Conselhos mundiais...), com força normativa e por isso têm o dever de agir, de mostrar ações contra quem for e esteja onde estiver: na América, na Europa, no Médio Oriente, na Ásia, onde for.