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domingo, 23 de setembro de 2018

Palmas para Joana Marques Vidal

Já  aqui elogiei, por mais de uma vez, o trabalho da Procuradora Geral da República que vai cessar funções. Julgo que  o trabalho dela é inquestionável, mesmo para leigos; os poderosos que ela e o ministério público investigaram não tem qualquer paralelo com o que se passava antes. Esta Procuradora Geral foi capaz de fazer o que nenhum Procurador Geral tinha feito antes,  porque mostrou competência, isenção e sentido do dever (prefiro à palavra coragem).
Por tudo  isto, Joana Marques Vidal devia ter sido convidada para um segundo mandato na Procuradoria.
Não foi,  e muito estranho o comportamento do Presidente da República: então o interesse do país não justificava que pusesse em causa aquele argumento do mandato único e longo que diz ter há mais de vinte anos?  Quando é preciso e há razões para isso temos de mudar de ideias. Também sou  a favor da limitação de mandatos, não quero gente insubstituível  nos cargos, mas, convenhamos,  o país merecia que a Procuradora continuasse o seu trabalho.


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

As desigualdades de género no trabalho


Foi ontem anunciado que no Circuito Mundial do Surf em 2019 os prémios de homens e mulheres terão o mesmo valor monetário. Ainda bem que tal vai suceder.
As desigualdades entre mulheres e homens no mundo do trabalho são vastas. Sabe-se que há mais mulheres nas universidades e, no geral, com melhores desempenhos escolares, mas, depois, não acedem, em grande número, a cargos de topo.
Têm uma taxa de emprego mais baixa, ganham muitas vezes menos que os homens, mesmo que desempenhem os mesmos trabalhos, e ficam desempregados durante mais tempo; alguns grupos de mulheres, como as imigrantes ou as portadoras de deficiência, têm, ainda, dificuldades acrescidas.

As mulheres trabalham mais em part-time que os homens, porque assumem responsabilidades familiares, como cuidar das crianças e dos idosos. São, ainda, maioritariamente, empregadas nas profissões que sempre desempenharam, ligadas ao secretariado e às áreas da educação e da saúde.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Valorizar a escola: meio caminho para o sucesso escolar


Há múltiplas razões, de natureza pessoal, familiar, cultural e social, que determinam o valor que os próprios alunos e suas famílias atribuem à educação e à escola; aspeto que influencia, desde logo, as expectativas que têm e os esforços que estão dispostos a fazer.
Altas expetativas são meio caminho para o sucesso, mas claro, num sistema tão complexo, com tantas variantes muitos são os problemas que se colocam. A agora debatida questão dos professores (a contagem integral do tempo de serviço para progressão na carreira, uma justiça, a meu ver) é apenas mais uma.



sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O que se está a passar em Pedrógão Grande?

Como é que pôde acontecer o que tem vindo a ser apresentado, primeiro pela revista Visão, em 19 de julho, e agora pela TVI: mentiras, irregularidades, contorno da lei...?
Parece que o raciocínio foi simples: no meio da confusão e da desgraça, quem é que vai dar conta ou importar-se se aquela casa foi destruída pelo incêndio ou estava há muito desabitada e em ruínas! Quem é que se vai chatear em saber se aquela casa é de primeira, segunda ou terceira habitação! Ninguém vai querer saber!
Mas com tantos organismos no terreno, com tanta gente a olhar para o que se passa, parece uma completa ingenuidade. Ora, aqueles senhores não são ingénuos!
E é esta ingenuidade que me surpreende. Não podia imaginar uma orquestração desta ordem. 


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Somos todos responsáveis


Bastaria olhar para o problema dos refugiados, os que atravessam o Mediterrâneo para fugir da Síria e de outros países, onde a violência e a miséria são constantes, ou os que saem da Venezuela para os países vizinhos, para fugir da ditadura em que vivem, para se perceber que há uma responsabilidade primeira, anterior a qualquer resposta das organizações locais, nacionais ou internacionais; ou seja, há uma primeira responsabilidade que é daquele a quem batem à porta. De cada um, portanto.


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

A jovem cigana de Avis que deixou a escola

Acabou de ser noticiado que uma jovem de quinze anos, no 7º ano de escolaridade, deixou a escola com o argumento da tradição cigana. Foi-lhe instaurado um processo, uma vez que a escola é obrigatória até aos dezoito anos. Mas, uma juíza do Juízo de Competência Genérica de Fronteira, da Comarca de Portalegre, acha que a tradição cigana justifica o abandono escolar. 
Eu acho que não. Há muito a fazer pela integração dos ciganos e, nesse longo processo, a educação é decisiva,  porque pode mudar mentalidades e dar ferramentas que de outro modo as comunidades ciganas não terão,


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A jovem cigana

Encontrei-a num centro de saúde. Disse-me que tinha dezanove anos, dois filhos e que vivia do rendimento mínimo. Disse-lhe: «Por que não se candidata um emprego»? Responde-me que é cigana. 
E eu fiquei sem saber o que dizer. Falou-me como se uma «essência cigana» determinasse a vida dela. Como se os ciganos não fossem cidadãos portugueses e não tivessem os mesmos direitos, desde logo, o direito a um emprego.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A Venezuela – a cegueira de Maduro


A situação política, social e económica a que aquele povo chegou parece de não retorno. Sempre a descer, até ao precipício final. Pelo caminho, o que acontecerá ainda? Ninguém saberá dizer, ao certo; com um ditador daqueles que continua com a propaganda do costume, sem ter a noção, mínima que seja, de que não é a ideologia que dá comida ao povo, o que se espera, nem sequer é mais do mesmo, é sempre o pior. Os números começam a assustar, mais de um milhão já fugiu para os países vizinhos,  para pedir refúgio.