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domingo, 23 de fevereiro de 2020

O racismo no futebol e no mais…


Sucessivos relatórios da ONU mostram que o racismo é a discriminação com maior incidência. É tão comum, que se banalizou e não parece incomodar-nos muito, a não ser que tome proporções públicas e mediáticas, como no caso de Marega, o jogador do futebol clube do Porto.
Se Marega, não tivesse abandonado o campo, nada de substantivo, em relação ao racismo no desporto, teria acontecido. Era mais uma tarde ou noite de atitudes e manifestações racistas, contra profissionais de futebol. Mas, Marega saiu, porque não aguentou mais.
Eu percebo, porque há um ponto, em que o individuo perde, de tal modo, a sua autonomia, a sua capacidade de fazer seja o que for, que a sua dignidade é atingida, ao ponto da humilhação. Humilhar, pisar em alguém, é o pior que há.
A humilhação é a desumanidade em último grau. Marega, não se deixou humilhar, até ao limite da impossibilidade de reação. Ainda bem que saiu. Os outros companheiros de equipa e respetivos dirigentes deviam ter feito o mesmo. Mas há lá valor mais importante que os três pontos no final do jogo! 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A diretiva da Procuradora-Geral da República

A separação de poderes (legislativo, executivo e judicial) devia ser inviolável, nas democracias, mas parece que não é o que acontece.
A atual Procuradora-Geral da República, com a célebre diretiva que obriga os procuradores a cumprir o que o superior hierárquico determinar, sem que isso fique registado no processo, criou um inevitável mal-estar.
A novidade aqui é o não ficar registado. Por exemplo, no processo de Tancos, quando os procuradores quiseram ouvir o Primeiro-ministro e o Presidente da República e não o puderam fazer, por ordem superior, deixaram isso escrito no processo. A partir de agora, não o podem fazer, se a diretiva, entretanto suspensa, vingar.
Os políticos fazem as leis, mas não podem aplicar a justiça; aquilo a que estão obrigados é a criar as condições necessárias, para uma justiça que trate todos por igual. Se o poder político não dá meios, se não se investiga, e não pode haver nem arguidos nem condenados.
Desde 1994 que existe uma lei anticorrupção, em Portugal, mas de pouco valeu. Houve um Procurador-Geral, Pinto Monteiro, que se esqueceu que a lei existia. Só com Joana Marques Vidal se viu que os poderosos não estavam acima da lei; a atual procuradora parece retroceder nesta tarefa contra os corruptos, com diretivas deste género que diminuem a autonomia dos procuradores e tornam tudo mais opaco.



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O rapaz tatuado


Reparei que o rapaz, sentado a meu lado, no metro, tinha o continente africano e a ilha de Madagáscar (vejam o pormenor) tatuadas no pescoço, atrás da orelha direita.
Por que é que um jovem de origem africana, muito menos de vinte anos, de terceira ou quarta geração, faz uma tatuagem destas? Não é nostalgia, dificilmente alguma vez terá estado lá; também não parece rebeldia, mas é afirmação de algo…
Fazem-no por um sentimento de pertença a uma cultura, a um povo, a uma identidade…, de que precisam, mesmo que isso pareça estranho para os de fora. Aquela tatuagem não pode deixar de ter, para ele, um sentido.

André Ventura – um extremista de serviço


Na sequência de uma proposta do partido LIVRE, apresentada pela deputada Joacine Katar Moreira, no parlamento, para que as obras de arte, trazidas das ex-colónias para Portugal, regressem aos países de origem, André Ventura escreveu, numa rede social, que a deputada é que devia ser deportada para o seu país de origem.
Por mais argumentos contra a proposta do LIVRE que possam ser exibidos, não se podem tolerar declarações racistas e xenófobas, como esta. A deputada é uma cidadã portuguesa, com todos os direitos e deveres de cidadania.
É um facto que a extrema direita é racista; é um facto que o André Ventura quer palco, já aconteceu o mesmo, em relação aos ciganos; mas é meu entendimento que não se pode deixar passar. Precisamos denunciar e condenar. Viver em democracia, exige respeito a todos, pensem ou não como nós.