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domingo, 21 de julho de 2019

Ilhan Omar – a congressista que enfrenta Trump


É uma das quatro congressistas pertencentes a minorias étnicas, eleitas para o congresso americano, pelo Partido Democrata, alvo de críticas e comentários racistas por parte do presidente Trump
Esta mulher, a mais nova de sete irmãos, nasceu na Somália, perdeu a mãe aos dois anos, a família fugiu da guerra civil do seu país e esteve quatro anos num campo de refugiados no Quénia, antes de obter asilo nos Estados Unidos, no Estado do Minnesota. Tem a cidadania americana desde os 17, há vinte anos. Estudou ciência política e relações internacionais e envolveu-se na política do seu estado; este ano foi eleita para o congresso federal.
Trump não a amedronta, pelo contrário, dá-lhe força para falar dos migrantes detidos em centros com condições degradantes e de muitos outros temas. Já avisou que não foi eleita para ficar calada.   

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Contra a xenofobia e a indiferença

Ontem, mesmo,  Salvini, o ministro italiano do Interior, quer que se faça um exaustivo recenseamento de todos os ciganos para, a seguir, serem expulsos de Itália.  A xenofobia cresce a olhos vistos por toda a Europa: ou, de uma vez por todas,  nos empenhamos a fazer tudo o que pudermos, ou um dia qualquer a indiferença bate à nossa porta.  Não escapa ninguém. Deixo um poema (que já divulguei outras vezes) de um poeta alemão que sabia bem do que falava.

A Indiferença

Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas,
Mas não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez
de alguns padres, mas como não sou religioso, também não liguei.

Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde

(Bertolt Brecht)



terça-feira, 5 de dezembro de 2017

As lágrimas do Papa, encontro com um grupo de rohingyas


O Papa encontrou-se com um grupo da minoria rohingya, refugiados no Bangladesh, depois de perseguidos no seu país, Myanmar, que não lhes reconhece a cidadania e, portanto, os priva de qualquer direito. Considerados apátridas, vivem numa pobreza e numa precariedade extremas. São muçulmanos, mas isso não importa para este Papa, o que importa é o humano, o ser humano.
O Papa disse-lhes “Deus está presente aqui; Deus também é rohingya”. E está e é mesmo, tenha o nome que tiver. A ideia de Deus estar no sentir, nas lágrimas, nas emoções, nos pensamentos, nas vidas cortadas, humilhadas, sacrificadas..., transporta uma humanidade que dá alento e reconforta; mas não chega, é preciso mais, muito mais. Vamos ver o que fazem as Nações Unidas que devem ter valores universais e não a política dos interesses nacionais ou regionais.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O êxodo da minoria rohingya da Birmânia

Estou tão decepcionada com a presidente da Birmânia - Aung San Suu Kyi -  prémio nobel da paz, que não sei o que dizer. Obviamente que há perseguições, limpeza étnica..., mas porque fecha ela os olhos? Porque se deixa dominar pelos militares? Mais valia resistir exemplarmente, do que deixar-se enredar nos meandros de um poder e de uns interesses de que não consegue sair. 
Pobre natureza humana, quando pensamos que há heróis e heroínas, é isto!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Incompreensão do mundo

Agosto avança. Muitos estão de férias, enquanto outros, em vários lugares do mundo, fogem das balas, dos bombardeamentos, das perseguições politicas, religiosas… A incompreensão pelo que se passa é cada vez maior. Parece que uma qualquer catástrofe humana se abateu sobre nós e apagou todas as referências, já não temos quadros, grelhas, categorias de análise e de resolução fundamentadas; o direito internacional é letra morta e os direitos humanos uma coisa a mais que não é necessário respeitar. Que eu sinta isso, não faz qualquer diferença, mas que políticos, analistas influentes, os grandes do mundo, se reúnam em Berlim, para discutir a crise na Ucrânia, se reúnam no Cairo, para resolver o problema israelo-palestiniano, se reúnam no conselho permanente da ONU e nada pareça verdadeiramente resultar, não é normal.
As Nações Unidas são ultrapassadas e desrespeitadas nas suas resoluções, a União Europeia, a mesma coisa, quase não nos damos conta das declarações que faz.
O que fica? Noticiários cheios de guerra, populações em fuga, campos de refugiados, campos de treino com jovens alucinados mais ou menos perdidos, movimentações políticas irrelevantes que não saem do impasse… Isto não deveria ser possível, depois de tantas declarações, tratados, convenções… Retrocedemos séculos ou talvez estejamos, como sempre, no mesmo sítio: o da miserável violência humana, só muda o machado.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

O povo cigano

Hoje, é o dia internacional dos ciganos. A Amnistia Internacional inaugura uma exposição e organiza uma tertúlia para  dar visibilidade a uma minoria que tem há muitos séculos permanecido numa espécie de  margem. Os ciganos portugueses, entre quarenta a cinquenta mil, não se sabe ao certo quantos são, vivem espalhados por todo o pais. Mas talvez seja o Alentejo a região  com maior número de comunidades ciganas, muitas delas em grande desintegração social.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ciganos (3)

Às vezes pergunto-me: será possível que alguém imagine possível um país, uma Europa, "puro", asséptico, homogéneo? Ninguém imagina. Aliás, o discurso político corrente é o de louvar a diversidade, a integração..., mas lá vem a prática mostrar o contrário, mesmo que as expulsões ocorram debaixo de um pano de legalidade: são expulsos por estarem ilegais no país.
A política tem de ser capaz de criar condições para resolver os problemas sociais, tomar medidas legislativas e outras para que os ciganos, sejam romenos, búlgaros ou de outra nacionalidade, tenham um chão, uma casa, um emprego, preservando o essencial da própria cultura. Temo que este tema ainda vá dar muito que falar. Bruxelas já se fez ouvir, Paris retorquiu, e os ciganos continuam a ser expulsos de França, Itália e sabe-se mais de onde no futuro.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os ciganos (2)

Era uma vez uma jovem de olhos negros, com uma longa cabeleira preta, que passeava pelo bosque, junto à aldeia onde vivia, quando encontrou o príncipe daquele reino. Olharam-se, e ele ficou enamorado da sua beleza e da forma como corria descalça e livre pelas margens do rio. Desde então, passou a ir muitas vezes à aldeia da jovem, com a intenção de a namorar.
As famílias não achavam bem o casamento, por serem pessoas muito diferentes. Naquela aldeia, não era costume casar com pessoas de fora, davam muita importância à família: se alguém fazia um bom negócio, era como se todos fizessem; se alguém tinha uma grande alegria, todos tinham; se alguém ficava doente, todos corriam a dar-lhe carinho; se alguém cometia um delito, toda a família se sentia envergonhada. Nunca abandonavam as crianças nem os velhos. Em todas as famílias, o homem mais velho – a quem chamavam o patriarca – era muito respeitado, representava a família no Conselho da Aldeia, dava conselhos e procurava que todas as tradições se cumprissem.
O Conselho do Reino e também o Conselho da Aldeia reuniram-se para discutir o namoro de um príncipe com uma aldeã. Depois de ultrapassados os problemas, começou a preparar-se o casamento. Uns dias antes, como era costume do seu povo, a jovem fugiu com o noivo para o palácio. Foi bem recebida, apreciavam a sua música, as suas danças e as suas capacidades para adivinhar o futuro. Mas, mesmo assim, começou a sentir-se infeliz, não se sentia livre. Não questionava a autoridade do marido, mas custava-lhe cumprir todas as regras do palácio, as horas de comida, as horas de saída, os sapatos sempre a apertar-lhe os pés, tudo previamente fixado…
Decidiu, então, que não iria mais casar-se. Pediu perdão à família e ao povo por não ter pensado bem nas consequências do seu casamento com o príncipe. O seu povo aceitou, mas não podia mais ficar naquele reino, a renúncia ao casamento era uma ofensa que não podiam suportar, esse povo nunca quebrava os seus compromissos. Arrumaram as suas coisas e, à hora em que se devia celebrar a boda, iniciaram uma longa viagem, sem fim e sem destino, que ainda hoje dura. Dizem que, lá pelo século XII, um monge os encontrou nos Montes Athos, no norte da Grécia, talvez vindos da Ásia Menor, mas a partir do século XV há relatos da sua presença em vários países da Europa. Também chegaram a Portugal, dizem que são entre 40 a 50 mil.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sempre em viagem, destino ou má sorte

Desmantelaram os acampamentos. Ofereceram-lhes um bilhete de avião e umas centenas de euros para voltar a Bucareste e a Budapeste. São ciganos romenos e húngaros expulsos da Europa rica onde as leis não são capazes de perceber a complexidade da situação.
Pobres, e com um elevado número de filhos, só muito dificilmente encontrarão possibilidades de sobrevivência nos países de origem. Deles voltarão a sair, com toda a certeza, num ciclo de idas e vindas que, para lá de não ser uma solução, tem matizes de racismo e de segregação. Esperamos que a história não se repita, mas é um mau sinal...