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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ontem, morreu Waldemar Bastos

Morreu Waldemar Bastos
Waldemar Bastos 

 (Deixo um poema seu que mostra bem as faces do colonialismo em Angola: o medo, a subserviência, a pobreza, a exploração, o existir sem existir...)

Velha Chica

Antigamente, a velha chica
Vendia cola e gengibre
E lá pela tarde ela lavava a roupa
Do patrão importante
E nós os miúdos lá da escola
Perguntávamos à vovó chica
Qual era a razão daquela pobreza
Daquele nosso sofrimento

Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política
Mas a velha chica embrulhada nos pensamentos
Ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento

Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política

E o tempo passou e a velha chica, só mais velha ficou
Ela somente fez uma kubata com teto de zinco, com teto de zinco

Xé menino, não fala política, não fala política

Mas quem vê agora
O rosto daquela senhora, daquela senhora
Só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
Xé menino, não fala política
Não fala política, não fala política
E ela agora só diz:

- Xé menino, posso morrer, posso morrer
Já vi angola independente!
- Xé menino, posso morrer, posso morrer
Já vi angola independente!

 

                                                        https://www.ouvirmusica.com.br/waldemar-bastos/velha-xica/

terça-feira, 31 de março de 2020

Nevoeiro - de Fernando Pessoa


N E V O E I R O

Nem rei nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro.


É a Hora!

Fernando Pessoa (1926), in Mensagem 


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tagore

Rabindranath Tagore (1861-1941), poeta indiano, prémio Nobel da literatura em 1913, escreve sobre a cultura e a paz universais,  a partir do concreto, apelando ao infinito que povoa a mais simples das coisas ou das situações.  Deixo um dos seus aforismos:
"Se de noite chorares pelo sol, não verás as estrelas" ( in " Coração da Primavera, p.130).

... se cada um pudesse dar valor e desfrutar do que tem, rentabilizando ao máximo  aquilo de que pode dispor,  talvez  entendesse que há sempre alternativas.