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terça-feira, 19 de abril de 2022

O jovem morto na guerra - poema de Fernando Pessoa

 O menino de sua mãe

 

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,

De balas trespassado

Duas, de lado a lado,

Jaz morto, e arrefece

 

Raia-lhe a farda o sangue

De braços estendidos,

Alvo, louro, exangue,

Fita com olhar langue

E cego os céus perdidos

 

Tão jovem! Que jovem era!

(agora que idade tem?)

Filho único, a mãe lhe dera

Um nome e o mantivera:

“O menino de sua mãe”.

 

Caiu-lhe da algibeira

A cigarreira breve

Dera-lha a mãe. Está inteira a cigarreira.

Ele é que já não serve.

 

De outra algibeira, alada

Ponta a roçar o solo,

A brancura embainhada

De um lenço … deu-lho a criada

Velha que o trouxe ao colo.

 

Lá longe, em casa, há a prece:

“Que volte cedo, e bem!”

(Malhas que o Império tece”)

Jaz morto, e apodrece,

O menino de sua mãe

 

                                          Fernando Pessoa

 

 

 

 

 

 

domingo, 20 de março de 2022

Guerras

Empilhem os corpos em Austerlitz e Waterloo. Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar – Eu sou a erva; eu cubro tudo. E empilhem-nos também em Gettysburg; Empilhem-nos em Ypres e Verdun. Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar. Dois anos, dez anos, e os passageiros perguntam ao motorista: Que lugar é este? Onde é que estamos? Eu sou a erva. Deixem-me trabalhar Carl Sandburg

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

História de Glória - uma refugiada sudanesa

Uma história real:

Ainda há apenas seis meses, Gloria vivia com um modesto rendimento, mas suficiente, na região poeirenta de Darfur, na parte ocidental do Sudão. Agora tem de sobreviver com um punhado diário de milho, numa tenda fustigada pelo vento, num campo de refugiados do UNHCR/ACNUR, na fronteira com o Chade, esperando pacientemente pelo dia em que possa regressar. Tudo começou quando milícias invadiram a sua aldeia, disparando armas de fogo e desferindo golpes de catana. Receando a morte, Gloria esperou o cair da noite para fugir para o deserto. Caminhou durante dias e dias, comendo apenas insectos e raízes, lutando contra um vento incessante carregado de areia, até ser finalmente encontrada por uma equipa do UNHCR/ACNUR que trabalhava no terreno. As suas provações terminaram finalmente.
        

domingo, 16 de maio de 2021

A guerra de Israel contra a Palestina

Caem rockets em Gaza, a destruição daqueles altos edifícios, as mortes inocentes, que vimos ontem nas televisões, é de uma desumanidade, de uma indecência, que eu desejo que as Nações Unidas se reúnam, se pronunciem e aquele líder, Netanyahu, seja preso e levado ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.

Como é que um povo, que sofreu na pele o genocídio nazi, é agora capaz de outro genocídio contra os palestinianos. É disso que se trata: acabar metódica e persistentemente com o povo palestiniano.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Valas comuns de todas as guerras

 À memória de tantos e tantos milhares de pessoas (talvez milhões), combatentes ou não, vítimas de todas as guerras, que um dia foram enterrados em valas comuns e de quem nunca mais se soube o rasto. Passado pouco tempo cresceu a erva, depois, já sem sinal do que ali existe, fizeram estradas e caminhos de ferro, plantaram árvores, construíram edifícios...  Perderam-se, assim.

Sobre este tema, deixo um poema de Carl Sandburg:
Erva
 Empilhem os corpos em Austerlitz e Waterloo.
Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar –
Eu sou a erva; eu cubro tudo.

E empilhem-nos também em Gettysburg;
Empilhem-nos em Ypres e Verdun.
Acamem-nos bem e deixem-me trabalhar.
Dois anos, dez anos, e os passageiros perguntam ao motorista:
Que lugar é este?
Onde é que estamos?

Eu sou a erva.
Deixem-me trabalhar.

                      


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Dia Mundial do Refugiado


Ontem, dia 20 de junho, assinalou-se o dia mundial do refugiado. No mundo, segundo informação do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), há mais de 68 milhões de pessoas deslocadas ou refugiadas; pessoas que tiveram de deixar as suas casas, fugindo para locais seguros, dentro do país ou  para fora do seu país.
Desde 1951 que existe uma Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados – o que significa que há leis internacionais que definem quem pode ser considerado refugiado e como deve ser tratado. Os países que assinaram esta Convenção têm o dever de acolher, integrar e  assegurar todos os direitos que a estatuto de refugiado lhes confere. Portugal assinou esta Convenção e tem acolhido e integrado pessoas que aqui pedem asilo, sendo considerado, até, um exemplo, por parte da União Europeia, em políticas de integração.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mortes no Mediterrâneo, a imigração ilegal

Mais mortes no Mediterrâneo, setecentos, ou talvez mais; fala-se agora também de duzentas mulheres e de cinquenta crianças. O drama continua e continuará. Já era hora de se perceber que a resposta tem de ser outra. Todos falam: o Papa, os presidentes, os ministros dos negócios estrangeiros, outros responsáveis políticos..., mas uma resposta integrada, que considere os interesses de segurança da Europa e também a o desenvolvimento e a pacificação das zonas de onde vêm, parece tardar. Vigiar, salvar, acolher por uns dias e fazer retornar, não é solução. Voltarão a tentar sair das suas vidas de miséria e de guerra, uma e outra vez.