Olho infinitamente os coqueiros, a praia e o mar do Tofo, Inhambane, Moçambique. Olho esse mar do Índico, vasto, enigmático e desconhecido, como todos os mares; a ondulação pouco forte a desfazer-se em espuma; a limpidez inigualável da água de um azul multicolor, ora carregado, ora mais claro, sempre dourada; e o sol intenso que torna tudo muito luminoso.
Extasiada com a paisagem,
ainda não tinha dado por gente, até ver uns miúdos a aproximarem-se. Vendem,
aos turistas, pulseiras e colares feitos de conchas e missangas. Um deles
mostra-me uma pulseira:
- Vinte meticais, senhora.
- Quinze, e compro duas,
uma a cada um.
Hesitam e dizem-me:
- Vamos voltar, cá.
Voltarão, estou certa. Mas,
enquanto se afastam, fico a pensar na minha atitude de regatear o preço, menos
de um euro! Passado pouco tempo, oiço-os:
- Senhora, aceitamos.
- Muito bem! Já agora, vou
comprar dois colares, um a cada um. Quanto custa um colar?
- Quarenta meticais. Duas
pulseiras e dois colares são 110 meticais.
- É isso, 55 a cada um. São
muito bonitos! Sabem quem são os artistas que os fazem?
Dizem não saber. Só sabem
que as mães os compram a um senhor para eles venderem na praia. Terminei a
manhã, a olhar infinitamente os olhos daqueles meninos, a ver sonhos, desejos e
vida por viver. Os coqueiros, a praia e o mar do Tofo ganharam outro sentido.
Um sentido que guardo para sempre.