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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Há ironias ...

Vi, há poucos dias, “A Gaiola das Loucas”, sem dúvida, um grande espectáculo de música, dança…, mas aqui quero falar da história, muito bem contada por sinal. O desfecho mostra bem a diferença entre a verdade e a fachada, entre o que é e o que parece ser.
O dono do cabaré vive com Zazá, a grande vedeta do transformismo, que sempre criou o seu filho com o maior desvelo. O rapaz está noivo de uma rapariga do norte, de uma família tradicional, cheia de valores e bons costumes, o pai com aspirações políticas, etc. Para não decepcionar, no jantar de apresentação, pede ao pai para alterarem tudo o que possa denunciar a verdadeira situação familiar. Mudam a decoração da casa, procuram a mãe verdadeira (que nunca viveu com ele) e insistem para Zazá não aparecer. Esta não aceita ser posta de lado, e decidem, então, fazê-la passar por um tio. Ensaiam todos os pormenores que possam denunciar as maneiras gay: o andar, o falar, o cumprimentar, o vestir…
Zazá esforça-se, mas não aguenta ver-se dentro daquele fato preto. Sobe as escadas e, quando desce,vestida como sempre, comporta-se como a verdadeira mãe do rapaz. A cena decorre, com inevitáveis equívocos, e eis senão quando o jardim e a casa são invadidos por jornalistas que querem saber o que se passa com o pai da noiva, visto que o seu sócio apareceu morto … O homem assustado (sabe-se lá por quê) tenta fugir, esconder-se, e é a própria Zazá quem o ajuda a sair pelas traseiras do cabaret. Não deixa de ser irónico: afinal, qual das famílias tinha mais a esconder? Será sequer comparável uma opção de vida, por mais estranha que pareça aos outros, a negócios pouco claros ou escuros mesmo?

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