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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cruzar olhares

A questão da identidade é para mim uma interrogação profunda. Quem somos? O que fundamentalmente nos move? É verdade que aprendemos, desde crianças, a ver o mundo com os olhos da nossa cultura e isso condiciona a forma como sentimos e valorizamos o que nos rodeia. Muito do que somos, pela vida fora, está, ainda, nas experiências vividas e nas cumplicidades partilhadas, naquela rua, aldeia ou cidade da nossa infância, com a família, os vizinhos e os amigos, como se uma identidade familiar, cultural e social se nos colasse à pele e determinasse, em muito, o que somos.
É por isso que, frequentemente, olhamos o mesmo mas não vemos a mesma coisa e nem sequer lhe atribuímos o mesmo valor, por termos noções e sentimentos sobre o que consideramos ser o bem e o mal, o essencial e o acessório, muito distintos dos de outros grupos culturais. E é assim que, no mesmo espaço, às vezes, na mesma rua, no mesmo prédio, na mesma casa, encontramos diferentes modos de valorizar e de compreender as situações, e isso influi nas escolhas e nas opções de cada um. Portanto, o que incomoda não são os diferentes modos de sentir e de olhar, o que incomoda é a incapacidade de olharmos no mesmo sentido e de partilharmos esses olhares.

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