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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O menino-soldado

 Saiu de noite, sem se despedir da mãe, levado à força, para um destino desconhecido e incerto de que ele sentia curiosidade e também arrepios de medo. Eram muitos os que subiram no velho camião conduzidos por três homens soldados.

- Tu vais ser um soldado, defender a pátria! 

Disso ele não percebe nada. Sabe que hoje está vivo e amanhã poderá ser morto. Pensa que não se despediu da mãe que andava na lavra. Que terá ela pensado, irá arrumar-lhe as poucas coisas que deixou, esperará por ele, o que lhe dirá quando voltar?

- Vais matar o inimigo, o bandido armado - continuava  o oficial.

“E, então, ele não era bandido armado” – pensava o miúdo cada vez mais encostado à grade do camião que se arrastava demoradamente, sempre em grandes solavancos, como se a viagem fosse um prenúncio da tragédia que ia viver.

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