Saiu de noite, sem se despedir da mãe, levado à força, para um destino desconhecido e incerto de que ele sentia curiosidade e também arrepios de medo. Eram muitos os que subiram no velho camião conduzidos por três homens soldados.
- Tu vais ser um soldado, defender a pátria!
Disso ele não percebe nada. Sabe que hoje está vivo
e amanhã poderá ser morto. Pensa que não se despediu da mãe que andava na
lavra. Que terá ela pensado, irá arrumar-lhe as poucas coisas que deixou, esperará por
ele, o que lhe dirá quando voltar?
- Vais matar
o inimigo, o bandido armado - continuava o oficial.
“E, então,
ele não era bandido armado” – pensava o miúdo cada vez mais encostado à grade
do camião que se arrastava demoradamente, sempre em grandes solavancos, como se
a viagem fosse um prenúncio da tragédia que ia viver.
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