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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O menino-soldado

 Saiu de noite, sem se despedir da mãe, levado à força, para um destino desconhecido e incerto de que ele sentia curiosidade e também arrepios de medo. Eram muitos os que subiram no velho camião conduzidos por três homens soldados.

- Tu vais ser um soldado, defender a pátria! 

Disso ele não percebe nada. Sabe que hoje está vivo e amanhã poderá ser morto. Pensa que não se despediu da mãe que andava na lavra. Que terá ela pensado, irá arrumar-lhe as poucas coisas que deixou, esperará por ele, o que lhe dirá quando voltar?

- Vais matar o inimigo, o bandido armado - continuava  o oficial.

“E, então, ele não era bandido armado” – pensava o miúdo cada vez mais encostado à grade do camião que se arrastava demoradamente, sempre em grandes solavancos, como se a viagem fosse um prenúncio da tragédia que ia viver.

sábado, 12 de abril de 2014

Uma criança soldado, num sítio qualquer (e há vários)

Ninguém lhe explicou para onde ia. Disseram-lhe que precisavam dele, mas não lhe explicaram porquê nem para quê.
Deixou a sua vida em aberto, suspensa, ou, se calhar, fechada para sempre. Saiu de noite, sem se despedir da mãe, levado à força para um destino desconhecido e incerto de que sentia alguma curiosidade, mas sobretudo arrepios de medo. Foram muitos os que subiram no velho camião conduzido por três homens soldados.
- Tu vais ser um soldado, defender a pátria.
Disso, não percebe nada. Sabe que hoje está vivo e que amanhã poderá ser morto. Pensa que não se despediu da mãe que andava na lavra. Que terá ela pensado? Irá arrumar-lhe as poucas coisas? Esperará por ele? O que lhe dirá quando voltar?
- Vais matar o inimigo, o bandido armado - continuava o oficial.
“E, então, ele não era bandido armado” – pensava o miúdo cada vez mais encostado à grade do camião que se arrastava demoradamente sempre em grandes solavancos, como se a viagem fosse já prenûncio de uma  grande tragédia.