Com uma aparência de desleixo, afastado de todos, deixa-se cair contra o muro. Abandona-se como se desistisse de tudo.
- Deixem-me,
deixem-me, deixem-me... – gritava, ao mesmo tempo que dizia palavrões.
- Estás bem?
Sentes-te bem?
- Como posso
estar bem? Vê além a “bófia”? Vêm de carro e armados, prontos para dar porrada,
para a “bófia” todos aqui são drogados e ladrões.
- E não são, sei bem que não.
- Claro que
não. Há “bué” de gente que trabalha e putos que andam na escola.
- E tu andas?
- Não. Já
andei, mas não gostava, não sabia nada, era perder tempo. Quando os “cotas” foram dentro nunca mais voltei à escola.
- Os teus
pais estão presos?
- Estão, há
“bué” de tempo....
Faz silêncio
e olha-me, intensamente, não sei se com raiva se com súplica, como se eu tivesse
alguma coisa a ver com tudo o que estava a acontecer e pudesse ajudá-lo.
- O que é que
tem estarem presos? – Pergunta-me, zangado.
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