Aparenta ter mais de oitenta anos, de barba branca, por fazer…. Neste tempo, vésperas de Natal, do que mais sente falta é da família que está longe, espalhada, alguma na ilha de Santiago (Cabo Verde), outra na América e outra nos arredores de Lisboa. Não procura ninguém e nem ninguém o procura. Pode lá haver maior solidão – pensamos nós.
- Não estou só, tenho
uma companheira de muitas noites e dias, mas às vezes desaparece e nessas
alturas fico sozinho e doe-me tudo: o corpo e a alma. Preciso dela, é muito
decidida, se não fosse ela não tinha arranjado o bilhete de identidade e não
recebia nada do Estado.
- É um grande amor –
diz-lhe o jovem voluntário que lhe entrega comida quente.
- É, mesmo – e começa
a chorar.
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