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terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Lembrar Auschwitz, 80 anos depois
sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
27 de janeiro - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
O pianista, o filme
É o relato de um sobrevivente, de alguém que perdeu toda a família, passou o inimaginável para sobreviver, mas nunca vendeu a alma. É sobre uma pessoa real, Szpliman, que, na altura do filme, em 2000, ainda vivia em Varsóvia.
Talvez, o que mais perturbe sejam as cenas de humilhação, quando se perde completamente a capacidade de autonomia (ainda que, em rigor possamos dizer que tudo era humilhante), como a cena da dança, à saída do gueto, os judeus dançavam para os guardas, que troçavam, riam, voltavam a rir…; ou as cenas de sobrevivência, como quando um grupo de pessoas tenta roubar uma panela de sopa das mãos de uma senhora; ela foge, a sopa entorna-se, e aquelas pessoas lambem do chão, tudo, até ao mínimo resto de alimentos. Também a cena da criança que grita desesperadamente em casa, a certa altura, sai por um buraco para a rua, mas é tal seu estado que morre, ali, à nossa frente.
Foi o mesmo desespero por comida que levou o pianista, quando estava refugiado numa casa e a pessoa que devia levar-lhe alimentos não pode fazê-lo, tal a dimensão do tiroteio em Varsóvia, a procurar alimentos por todo o lado, a abrir portas de armários, a fechar portas, procurando alguma coisa que pudesse comer. Quando finalmente encontra uma lata, agarra-a com tanta força que a lata cai no chão, espalha-se a farinha e o barulho é tal que os vizinhos chamam a polícia e o pianista é preso.
Também, há no filme encontros humanos muito bonitos: os polacos não judeus que resolvem ajudar os judeus a sobreviver, a organizar a resistência no gueto, etc. Há um encontro particularmente improvável de um soldado alemão que encontra o pianista, fugindo e escondendo-se. Olha-o e pergunta-lhe:
- Quem é você?
- Sou pianista, eu era pianista.
Há um clic qualquer no SS que resolve ajudá-lo. Depois do cerco a Varsóvia, este soldado, tal como todos os outros, é preso e lavado pelos russos para um campo de prisioneiros. Um dia viu, ao longe, um rapaz que gritava: “eu era violinista, tiraram-me tudo".
Lembrou-se do pianista, levantou-se, afastou-se do grupo e disse ao violinista:
- Conhece Szpliman?
- Sim.
- Diga-lhe que estou aqui.
Mas, quando Szpilman o procurou, no campo de prisioneiros, depois de ter tido conhecimento do sucedido, percebeu que o campo tinha sido desmantelado e que esse soldado já não estava vivo.
O filme é em sua memória e em memória dos judeus mortos.
https://www.youtube.com/watch?v=6NXjPxA_z0Q&ab_channel=MillieLamonier
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Nazismo - a invisibilidade do mal
Não era só um mal banal, era também um mal invisível.
Por um qualquer mecanismo, talvez, por instinto de sobrevivência, era como se aquela maldade se tornasse invisível. Forma de cada um suportar o quotidiano e poder continuar, continuar…; agindo como se estivessem anestesiados, sem compaixão, sem humanidade, sem responsabilidade...
Uma invisibilidade do mal, como se tudo se passasse num tempo enevoado, numa penumbra, onde ninguém via ou pensava em nada, mesmo que fossem horrores de uma dimensão absurda.
domingo, 25 de outubro de 2020
No nazismo, todos são culpados - líderes, funcionários ...
- A culpa coletiva (não individual): como pode, nesta engrenagem, haver responsabilidade individual?
Eichmann, apenas, assegurava o transporte dos judeus europeus, para os
campos de concentração, Auschwitz e outros, não era responsável pela seleção, pelo
fuzilamento, pelo gaseamento, pelos fornos, pelas valas comuns...
Em relação à ausência de culpa individual e à ausência da voz da
consciência, o mesmo argumento: a humanidade tem liberdade de agir e deve
responsabilizar- se pelas consequências dos seus atos.
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Como é que o nazismo pode acontecer, no século XX, na Europa?
As teorias que tendem a explicar o nazismo, expressas no tribunal de Jerusalém, são três: a peça na engrenagem, a culpa coletiva e a voz da consciência.
- A peça na engrenagem: Eichmann, como outros, era um zeloso funcionário, cumpridor
eficiente de ordens superiores. Obedecia a ordens, nunca agiu por iniciativa
própria, ora, a obediência é uma virtude.
Não sendo um líder nazi, este homem
normal, podia ter sido substituído por outro qualquer cidadão alemão, igualmente
zeloso e cumpridor, e aquela máquina de morte continuaria exatamente a
funcionar da mesma maneira, com departamentos, hierarquias, cadeias de comando,
do partido e do governo….
Peças desumanizadas, como se não vissem, não pensassem e não sentissem.
cada um, a querer agradar ao superior, esperando uma eventual promoção
profissional.
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
O nazismo - a banalidade do mal
Hannah Arendt fala da banalidade do mal, como algo inédito, que os nazis trazem à humanidade; uma maldade que não se questiona, que não leva a reações que nos pareceriam óbvias. Mesmo os que se opõem a Hitler, fazem-no por razões politicas e militares – a derrota da Alemanha é uma humilhação que não querem – e não por razões morais; não se opõem, porque se matam inocentemente milhões de pessoas, em frentes de guerra, em campos de concentração…