Prelúdio
Pela estrada desce a noite
Mãe-negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.
Mãe-negra tem voz de vento,
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite descendo,
De mansinho pela estrada...
Que é feito desses meninos
Que gostava de embalar?....
Que é feito desses meninos
Que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora histórias
Que costumava contar?...
Mãe negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo
Mãe-negra!...
Os teus meninos cresceram,
E esqueceram as histórias
Que costumava contar...
Muitos partiram pr’a longe
Quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada
É a tua voz deste vento,
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada...
(poesia de Alda Lara, in Poemas,
1966, Angola, in Os direitos humanos
na Língua Portuguesa, )
Mãe-negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...
De mansinho pela estrada...
Que gostava de embalar?....
Que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora histórias
Que costumava contar?...
Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo
Mãe-negra!...
E esqueceram as histórias
Que costumava contar...
Quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada...
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