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sábado, 29 de junho de 2019

Milton Nascimento


Fui ver, ao Coliseu dos Recreios, Milton Nascimento. Tem 76 anos, quase não se pode movimentar, canta sempre sentado e precisa ajuda para se levantar, sair do palco e agradecer no final. Mas a voz está como sempre: límpida, segura, única, transcendente... Foi Elis Regina que um dia disse: «Se Deus quisesse cantar, escolheria a voz do Milton». Está tudo dito.
Os temas são os de sempre: a vida, os sentimentos, a liberdade, os direitos, a discriminação, a exploração… (por isso, parece estranho que este espetáculo passe por Telavive).
Houve duas convidadas especiais:  Carminho, a fadista, cantou duas canções, muito tocantes - Milton  abraçou-a, numa cumplicidade invulgar; Fáfa de Belém, artista brasileira, falou da amizade com Milton e da importância incomparável da sua música. Foi muito bonito. 
Fiquei a pensar no valor e no poder da música. Fiquei a pensar na «eternidade» do Milton.

sábado, 26 de maio de 2018

Mãe-negra - palmas para Paulo de Carvalho

Hoje de manhã, por acaso, pois, abri a televisão um pouco antes, ouvi o Paulo de Carvalho cantar, em direto, a "A mãe negra". Emocionei-me. Ninguém imagina a importância que algumas canções deste  artista têm na minha vida, desde os dezassete anos, pelo menos.  Deixo o poema para quem quiser ler e pensar.

Prelúdio
 Pela estrada desce a noite
Mãe-negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.
 Mãe-negra tem voz de vento,
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...
 Tem voz de noite descendo,
De mansinho pela estrada...
 Que é feito desses meninos
Que gostava de embalar?....
 Que é feito desses meninos
Que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora histórias
Que costumava contar?...
 Mãe negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo
Mãe-negra!...
 Os teus meninos cresceram,
E esqueceram as histórias
Que costumava contar...
 Muitos partiram pr’a longe
Quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada
 É a tua voz deste vento,
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada...
 (poesia de Alda Lara, in Poemas, 1966, Angola, in Os direitos humanos na Língua Portuguesa, )