Fui ver, ao Coliseu dos Recreios, Milton Nascimento.
Tem 76 anos, quase não se pode movimentar, canta sempre sentado e precisa ajuda
para se levantar, sair do palco e agradecer no final. Mas a voz está como sempre:
límpida, segura, única, transcendente... Foi Elis Regina que um dia disse: «Se Deus
quisesse cantar, escolheria a voz do Milton». Está tudo dito.
Os temas são os de sempre: a vida, os sentimentos, a liberdade, os direitos, a discriminação, a exploração… (por isso, parece
estranho que este espetáculo passe por Telavive).
Houve duas convidadas especiais: Carminho, a fadista, cantou duas canções, muito tocantes - Milton abraçou-a, numa
cumplicidade invulgar; Fáfa de Belém, artista brasileira, falou da
amizade com Milton e da importância incomparável da sua música. Foi muito bonito.
Fiquei a pensar no valor e
no poder da música. Fiquei a pensar na «eternidade» do Milton.