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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

A luta das mulheres no Irão

Mahsa Amin, era uma jovem iraniana, de 22 anos, presa pela polícia da moralidade, em Teerão, e que veio a morrer, três dias depois, em 16 de setembro de 2022, quando estava sob custódia policial. Foi acusada de não estar a usar corretamente o véu islâmico, o hijab, por não lhe cobrir todo o cabelo. Vejam só, porque são assassinadas as mulheres no Irão!

Estou cada vez mais atenta ao que está a passar neste país. Talvez, ingenuamente, pois esta repressão vem de longe, desde a revolução islâmica de 1979 e o integrismo islâmico não deixa margem para qualquer abertura no respeito pelos direitos das mulheres, basta ver como têm sido reprimidas as manifestações (dezenas de mortos, centenas de presos...). 

Foto: Tirada pelos próprios manifestantes (in site da Euronews) 



sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Desejo (e espero) que 2022 seja diferente

2021 não deixa saudades, foram muitos os problemas. Destaco a pandemia, os talibãs e a imigração ilegal. - A pandemia continua sem dar tréguas, temo que deixe marcas psicológicas em muita gente. É tempo a mais, a fugirmos uns dos outros, como se todos fossem um perigo. É tempo a mais, sem olhar o rosto das pessoas, parece que não conhecemos ninguém e que ninguém nos conhece. Tornámo-nos estranhos! - O regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão e a tragédia daquele povo. Custa acre-ditar como o governo de Cabul caiu sem resistência, com o presidente a fugir do país, os americanos e outras forças internacionais em debandada e as frágeis instituições a su-cumbirem, uma a uma. - As vagas de migrantes do Norte África para a Europa e da América Latina para os Es-tados Unidos. Muitos morreram, muitos foram detidos, permanecendo, sem saída, em campos de refugiados e de detenção. Foram poucos os que conseguiram chegar e iniciar processos de legalização.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Os atos terroristas no Sri Lanka


Há pouco mais de três semanas, houve, no Sri Lanka, 253 mortos, levados a cabo por 7 fundamentalistas islâmicos que se fizeram explodir, em quatro hotéis de luxo e em três igrejas católicas. 
Parece o desumano à solta, e o pior é que o fazem em nome de Deus. É tão irracional esta intolerância! É tão triste esta desumanidade! Não aprendemos nada, não aprendemos o mínimo dos mínimos: ver no outro um semelhante, independentemente de quais sejam as diferenças. Nos últimos tempos, retrocedemos em direitos fundamentais, como seja a liberdade religiosa.



terça-feira, 20 de março de 2018

O que terá acontecido às jovens de Teerão?

Há um mês atrás, 29 jovens foram presas, mas não cometeram nenhum crime. Apenas tiraram o lenço, que são obrigadas a usar em público, colocaram-no numa haste e, como se fosse uma bandeira, a sua bandeira, agitaram-no de um lado para o outro, desafiando as autoridades e as policias para os bons costumes daquele país.
Não se percebem estas crenças que atentam contra a liberdade individual, que obrigam a pessoa a diluir-se no grupo e na religião, como se não tivesse vontade própria.
Cada mulher é que pode dizer se quer ou não usar o lenço, não pode ser uma determinação religiosa, social ou o que seja. Quem quer usar, usa; quem não quer, não usa.
O presidente diz que é infantilidade que há 80 milhões de mulheres a usá-lo.  Eu digo que é demência de um regime e de uma deriva fundamentalista  sem racionalidade.


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Terror em Barcelona

É certo, como parece ter dito o rei de Espanha: “todos somos Barcelona, todos estamos nas Ramblas”, no sentido de dizer que o que se passou como uma coisa de todos, de cada um, é verdade, se há problema global, o terrorismo é um deles, condená-lo, absolutamente, ocorra onde ocorra, é um dever de todos.
A maneira como matam, como escolhem os momentos, mostra que estes assassinos estão organizados, tem uma ideologia de morte que está longe de ter os dias contados.


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Os meninos de Aleppo

A criança síria, resgatada dos escombros de uma casa em Aleppo, após mais um bombardeamento (já nem sei de quem são as bombas, são tantos a disparar), sentada, quase irreconhecível, paralisada, no banco da ambulância que a levou ao hospital, parece estar a recuperar, enquanto o irmão não resistiu e já morreu.
A tua mudez é ensurdecedora, apela à responsabilidade do mundo. Oiço os teus gritos silenciosos e sinto-me responsável pelo que te está a acontecer, mesmo que pouco possa fazer, mesmo que tenha escrito muitas vezes contra os ditadores, os fundamentalismos, a guerra, a violência…; sinto que o que te aconteceu me diz respeito.
O pior ainda é que quase já ninguém se sente responsável; o pior é que as imagens de crianças denunciando e clamando pela consciência do mundo começam a ser tão banais que temo se tornem irrelevantes. Jantamos, conversamos, desligamos a televisão… e seguimos as nossas vidas como se os meninos de Aleppo e todos os outros meninos, vítimas de tantos abusos, fossem apenas imaginação.



quinta-feira, 9 de junho de 2016

Fundamentalismo islâmico: o inferno era ali (3)

Queria eu ter um ponto mínimo que me permitisse compreender. Não encontrava, e isso era o mais terrível, o mais doloroso. Tudo ruía dentro de mim. Tudo. A minha vida, as minhas crenças, o meu passado, o meu presente e, pior, ainda, o meu futuro. Sairia alguma vez dali? Não sabia. Mas, tal como todos os outros, imaginava essa possibilidade. Precisava, para sobreviver, de acreditar que o pesadelo teria um fim.

- O povo, todo o povo, estará com os Taliban? – interrogava-me, milhares e milhares de vezes. Não estava, mas não havia possibilidades de rebelião, a opressão era tal e assumia tais formas que era impossível, bastava uma fatha e tudo se desmoronava, aumentava a violência, o medo, a desconfiança. Seria possível mudar? Seria possível uma coisa diferente? Voltariam as mulheres a fazer parte da sociedade, a ter direitos, a passear com os filhos? Voltariam a existir jardins, espaços de convívio e de educação públicos, bibliotecas, escolas, torneios de futebol, voltaríamos a ouvir música a sentir a emoção de assistir a um filme?
E os homens? Os homens, muitos deles, são igualmente vítimas.

O uso da Burka é, em primeiro lugar, uma questão religiosa, um preceito religioso, mas é igualmente uma questão social. Mas apesar de tudo o mais violento e inaceitável era a obrigação de usá-la, 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Fundamentalismo islâmico: o inferno era aí (2)

Se ficam viúvas ou são mães solteiras, renegadas pelos parentes, ficam completamente desesperadas. O abandono e a fragilidade são completos. Uma tragédia sem limites as devora por dentro, as perturba, as leva ao limite da sua capacidade de sofrimento mental. Psicologicamente afectadas, como podem continuar a pensar, a cuidar-se e a tratar dos filhos? Infinitamente sós vagueiam, pedindo esmola, prostituindo-se, sendo usadas e abusadas por homens que as tratam sem pingo de humanidade e as condenam à valeta.
O pior é que o fazem em nome de uma religião, dum fundamentalismo religioso, que não deixa qualquer espaço para a denúncia, o confronto ou a fuga. Só alguns podem. Muitas vezes me interrogava: 
- Como podemos continuar caladas? Como podemos continuar passivas? Como poderemos contar aos nossos filhos o que nos está a acontecer?
Mas a resposta às minhas perguntas era óbvia. Como podíamos resistir de estômago e mãos vazias? Como podíamos, sem nada, lutar contra homens alucinados, dependentes do cheiro a pólvora, armados e sem outra linguagem que não fosse a da violência. Aqui a vida não tem o mesmo sentido. Não pode ter, senão como explicar isso?


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Fundamentalismo islâmico: o inferno era ali (1)

(Quis escrever, mais uma vez, sobre os refugiados do estado islâmico, mas vieram-me à lembrança imagens de outros ou do mesmo inferno. Este fundamentalismo não começou hoje, vem de longe e de perto, vem de sempre).

Abrir a janela, sair à rua, eram coisas impossíveis. A guerra, a contínua e destruidora guerra, levava os homens para a guerrilha, deixando desamparadas muitas mulheres e crianças. Mulheres e crianças muitas vezes vítimas e várias vezes fechadas. Restava-lhes sonhar que um dia seria possível atravessar as altas montanhas, atingir o lado de lá da fronteira e entrar no Paquistão, onde poderiam, pelo menos, ter a esperança de ver diminuída a insegurança e o medo. Como se fosse possível, aí, aliviar o inferno! 
Mil vezes, perguntei a mim própria como era possível ter chegado ali. Viver como se tudo tivesse ruído, a sociedade recuado cem anos, todos os direitos perdidos, toda a dignidade em causa e toda a capacidade de seguir vivendo normalmente aniquilada. Viver em subterrâneos, educar as crianças clandestinamente, correr, a toda a hora, sérios riscos de vida, era o dia a dia de milhões de pessoas. Fecharam as escolas, reduziram a vida e a condição das mulheres a uma situação humilhante.
Há trinta anos, setenta por cento dos professores eram mulheres. Trabalhavam, saíam de casa, havia uma normalidade de vida, embora muito determinada pela cultura e as tradições. Isso tinha deixado de existir.
Nada, agora, era normal. A severidade e a demência dos taliban deitavam por terra qualquer tipo de lógica, qualquer tipo de sentimento, como se os mais elementares traços de humanidade que cada um de nós transporta não pudessem existir. Começamos por nos esquecer de rir, de falar, de amar, de ser solidário, com a nossa sanidade mental,continuamente posta à prova, numa luta diária, para não deixar de ser gente. Manter alguma dignidade e alguma decência exigiam a capacidade de continuar. Resistir era o mais importante.