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quarta-feira, 1 de junho de 2022

Dia Internacional da criança - o direito à saúde

 O homem deixou, na mesa, um maço de notas e disse à mulher, através de gestos, (talvez fosse surda-muda), que eram para levar menino ao médico.

Sete, oito, anos, estendido numa esteira, ardendo em febre, olhos fechados, imóvel, com uma fragilidade que dói e assusta, porque se pressente o pior, o menino ali está.

Se fosse um país desenvolvido, teria sido assistido, a tempo e horas, num hospital e um antibiótico ou outro medicamento ter-lhe-iam salvo a vida. Mas, naquele subúrbio insalubre, duma imensa cidade asiática, o destino seria provavelmente outro.

Foi muito tempo a mais a tentarem arranjar aquele dinheiro, e o menino não resistiu. O tal senhor que tinha deixado o maço das notas (talvez o pai), chega para o funeral, há muita gente, a mãe não está só…, cumprem-se os rituais religiosos e o menino parte.

 

(Sobre um documentário, de que já não recordo o nome).

terça-feira, 18 de março de 2014

A menina cigana, casada aos onze anos

Uma menina de onze anos, duma comunidade cigana da região de Aveiro, foi dada em casamento a um rapaz da mesma comunidade. O caso não é único, mas, neste, as autoridades intervieram, os pais e os sogros foram levados à justiça.
Muitas vezes, as autoridades assistem sem fazer nada. O ir à escola é uma obrigação, com onze anos, aquela criança deve estar na escola e deve ter tempo para brincar. 
Os pais têm deveres e as crianças têm direitos, independentemente da etnia, cultura, local de nascimento, situação social…
Estas famílias são cidadãos portugueses, têm direitos e apoios sociais – escola, saúde, segurança social… - têm por isso de viver com os outros, socialmente, cumprindo as leis fundamentais do país.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Morre-se, assim


Deixou na mesa um maço de notas e disse à mãe da criança que eram para a levar ao médico, fazendo todos os gestos possíveis para que ela entendesse (talvez fosse surda-muda). Estendido numa esteira, ardendo em febre, olhos fechados, imóvel, com uma fragilidade que dói e assusta, pois pressente-se o pior, o menino ali está.
Se fosse num país desenvolvido, teria sido, a tempo e horas, assistido num hospital e um antibiótico ou outro medicamento ter-lhe-ia salvo a vida. Mas, assim, naquele subúrbio insalubre, daquela imensa cidade asiática, o destino seria outro. Foi tempo de mais até se arranjar o dinheiro necessário para o tratar.  
Se estivesse a escrever ficção, este menino não morreria, haveria tempo para a mãe o levar ao hospital, para comprar medicamentos, e o fim seria o de uma criança feliz, a brincar na rua, mas como estou a escrever sobre a realidade, não posso fugir ao fim trágico, o menino morreu.
O tal senhor que tinha deixado o maço das notas, chega para o funeral, há muita gente, a mãe não está só. Cumprem-se os rituais religiosos e culturais, e o menino parte. Mas, talvez nunca parta enquanto viverem, alguns dos que ali estão, pelo menos a mãe.