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quarta-feira, 22 de maio de 2019

Soledad Bravo - uma artista venezuelana

Nasceu em 1943, em Logronho, Espanha, onde viveu até aos sete anos. Tem uma voz que impressiona. Canta poetas, folclore, revoluções..., diferentes géneros de música.
Descobri-a, há muito mais de trinta anos, numa rádio espanhola e comprei vários CD’S. Ouvia-os, em silêncio, concentrada, como se fossem uma iniciação à liberdade, à justiça, ao amor, à vida, ao comprometimento, à política..., numa América Latina, cheia de latifundiários e oligarcas, onde as revoluções faziam sentido.
Mas, tudo desmoronou; a revolução fez-se morte, sangue, pobreza, miséria, dor profunda… Por que falharam as revoluções? O que fizeram os revolucionários? Por que traíram o povo?
Soledad Bravo já não canta canções revolucionárias, não esteve com Chaves nem está com Maduro; continua, como pode, a lutar por uma Venezuela livre. Descubram-na no Youtube e  confirmem o que digo.    

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Nobel da Paz


Este ano o Prémio Nobel da Paz foi atribuído a duas pessoas que denunciaram a violência sexual sofrida pelas mulheres nos conflitos armados.
Nadia Murad é uma jovem yazidi, nascida no Curdistão iraquiano, que sofreu na pele a violência do estado islâmico; viu a sua aldeia destruída, grande parte da sua família morrer, enquanto era levada para ser escrava sexual. Ao fim de três meses, conseguiu libertar-se, vive agora na Alemanha. Escreveu um livro, falou nas Nações Unidas e viajou por diferentes países dando conta das atrocidades que viveu.
O médico, Denis Mukwege, é congolês, construiu um hospital para atender as meninas, as jovens e as mulheres que, após brutais violações, chegam até si em situação física e moral de grande sofrimento.  Há relatos pungentes. Fez da sua vida a causa destas mulheres, tratando-as e denunciando a barbárie.
Agora, não podemos dizer que não sabemos do que se passa. Ainda bem que este prémio lhes foi atribuído, é um enorme ganho para a causa destes dois seres humanos.


domingo, 23 de setembro de 2018

Palmas para Joana Marques Vidal

Já  aqui elogiei, por mais de uma vez, o trabalho da Procuradora Geral da República que vai cessar funções. Julgo que  o trabalho dela é inquestionável, mesmo para leigos; os poderosos que ela e o ministério público investigaram não tem qualquer paralelo com o que se passava antes. Esta Procuradora Geral foi capaz de fazer o que nenhum Procurador Geral tinha feito antes,  porque mostrou competência, isenção e sentido do dever (prefiro à palavra coragem).
Por tudo  isto, Joana Marques Vidal devia ter sido convidada para um segundo mandato na Procuradoria.
Não foi,  e muito estranho o comportamento do Presidente da República: então o interesse do país não justificava que pusesse em causa aquele argumento do mandato único e longo que diz ter há mais de vinte anos?  Quando é preciso e há razões para isso temos de mudar de ideias. Também sou  a favor da limitação de mandatos, não quero gente insubstituível  nos cargos, mas, convenhamos,  o país merecia que a Procuradora continuasse o seu trabalho.


sábado, 26 de maio de 2018

Mãe-negra - palmas para Paulo de Carvalho

Hoje de manhã, por acaso, pois, abri a televisão um pouco antes, ouvi o Paulo de Carvalho cantar, em direto, a "A mãe negra". Emocionei-me. Ninguém imagina a importância que algumas canções deste  artista têm na minha vida, desde os dezassete anos, pelo menos.  Deixo o poema para quem quiser ler e pensar.

Prelúdio
 Pela estrada desce a noite
Mãe-negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
Nem vestidinhos de folhos,
Nem brincadeiras de guisos,
Nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
Em duas faces cansadas.
 Mãe-negra tem voz de vento,
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro...
 Tem voz de noite descendo,
De mansinho pela estrada...
 Que é feito desses meninos
Que gostava de embalar?....
 Que é feito desses meninos
Que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora histórias
Que costumava contar?...
 Mãe negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo
Mãe-negra!...
 Os teus meninos cresceram,
E esqueceram as histórias
Que costumava contar...
 Muitos partiram pr’a longe
Quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
Mãos cruzadas no regaço,
Bem quieta bem calada
 É a tua voz deste vento,
Desta saudade descendo,
De mansinho pela estrada...
 (poesia de Alda Lara, in Poemas, 1966, Angola, in Os direitos humanos na Língua Portuguesa, )
  

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Elogio para Joana Marques Vidal – Procuradora Geral da República


Cautelosa, quase pedindo licença para passar, chegou onde ninguém tinha chegado, porque, manifestamente, quis chegar, quis afrontar poderes, quis mostrar como a lei é igual para todos.
A promiscuidade entre política e negócios, entre empresas e banqueiros, teceu uma teia de interesses e de impunidades, que nunca passou pela cabeça desses senhores (Salgado, Sócrates e outros noutros processos) a possibilidade de serem investigados. 
Não é só trabalho da Procuradora Geral, como é evidente. Mas ela merece, particularmente, pelo entendimento, levado à séria, de que todos devem ser investigados, logo que surja o menor indício de corrupção.  

sexta-feira, 20 de abril de 2018

O dizer do Papa

Interessam-me particularmente os sinais do Papa, sendo que o meu plano de análise é sempre o do indivíduo e o da sociedade. O que ele tem vindo a dizer é que assistimos a limiares de exclusão, de violência, que ou  nos empenhamos todos, começando por olhar e por tratar com humanidade aquele que nos bate à porta, seja muçulmano, judeu, cristão, ateu…, ou a desumanidade está a uma curta distância. Todas as instituições, a começar pela ONU, têm de se empenhar a fundo, para que a demência de alguns não ponha em causa a vida de tanta e tanta gente.



sábado, 24 de março de 2018

Marielle Franco, assassinada


Marielle Franco, tinha 39 anos, era socióloga e vereadora no Rio de Janeiro. Foi morta, no dia 14 de março, com quatro tiros na cabeça, juntamente com o seu motorista.
Por que mataram Marielle Franco? O que incomodava os seus assassinos? Incomodava-os que ela fosse uma ativista dos direitos humanos, contra o racismo, a pobreza, a vida sub-humana das favelas, a violência policial…, voz dos que não têm voz?
Não sei; sei que a sua morte tomou tal proporção que ela se tornará num símbolo para todos os que defendem a dignidade de qualquer ser humano, seja quem for.
Em Portugal, várias organizações organizaram vigílias, em Lisboa, Viseu, Braga e Porto. Prestou-se homenagem, fizeram-se perguntas e exigências: encontrem os assassinos; expliquem o que aconteceu.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

As lágrimas do Papa, encontro com um grupo de rohingyas


O Papa encontrou-se com um grupo da minoria rohingya, refugiados no Bangladesh, depois de perseguidos no seu país, Myanmar, que não lhes reconhece a cidadania e, portanto, os priva de qualquer direito. Considerados apátridas, vivem numa pobreza e numa precariedade extremas. São muçulmanos, mas isso não importa para este Papa, o que importa é o humano, o ser humano.
O Papa disse-lhes “Deus está presente aqui; Deus também é rohingya”. E está e é mesmo, tenha o nome que tiver. A ideia de Deus estar no sentir, nas lágrimas, nas emoções, nos pensamentos, nas vidas cortadas, humilhadas, sacrificadas..., transporta uma humanidade que dá alento e reconforta; mas não chega, é preciso mais, muito mais. Vamos ver o que fazem as Nações Unidas que devem ter valores universais e não a política dos interesses nacionais ou regionais.


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Gandhi, o filme

A primeira cena é o assassinato de Gandhi (30-1-1948); um jovem hindu irrompe pela multidão, parecia ser um admirador que lhe quer falar, mas não, puxa de uma pistola e atira. Depois, o filme prossegue, com Gandhi, em 1893, advogado, que estudou em Londres, numa carruagem de 1ª classe, na África do Sul, à época, também, parte do império britânico. Como nenhum negro podia viajar senão em 3ª classe, mandam-no mudar-se; não obedece, e é posto fora do comboio.
É-lhe dito que não poderá ser advogado, pois, nenhum advogado negro (os indianos são considerados negros) pode exercer a sua profissão; a segregação racial é muito violenta, até os passeios públicos são destinados unicamente a brancos. Começa ali a luta pelos direitos da sua comunidade, juntamente com outros indianos, hindus e muçulmanos, não importa a religião que tenham. O primeiro passo é queimar o “salvo conduta”, um documento com que todos os negros tinham de andar. A seguir, constroem uma comunidade – ashram – onde todos são e vivem como iguais, onde todos fazem de tudo, onde não há senhores nem servos, onde não há intocáveis. A cena em que a sua mulher se queixa: “tenho de limpar latrinas”? - é particularmente reveladora, Gandhi quase se altera, e ela percebe tudo o que está em causa (será até à morte uma companheira de todas as horas).
Começa a discursar, a passar ideias de não-violência, de resistência pacífica, e, mais do que tudo, a dar o exemplo, a agir. “Não terão a minha obediência” - é o grande lema da sua luta. Os tumultos levam a uma lei que endurece a vida da comunidade, os indianos perdem direitos. Gandhi é preso; algum tempo depois, a lei é revogada.
Em 1915, regressa à Índia, já não de fato e gravata, mas com o fato tradicional indiano, como se procurasse uma identidade profunda, que sabe só ali existir, quer ser como todos os outros. A sua chegada é um sucesso; é aclamado como um herói nacional (conhecem a sua luta e o que conseguiu), é recebido pelos poderes indianos que se opõem aos britânicos.
Percorre a Índia de comboio, quer conhecer, saber, sentir...; a pobreza é geral e impactante, está com a mulher e com Charlie, o pastor evangélico que o segue e se identifica com a luta dos indianos, ao ponto de se misturar com os hindus. Naquele comboio, a religião não divide as pessoas, não as coloca numa situação de estranheza. Alguém lhe pergunta: “é cristão?” “sim, sou cristão”. Ainda assim, Gandhi faz-lhe ver que: “o que deve ser feito, só deve ser feito por indianos”; o jovem compreende e afasta-se.
Gandhi fala com o povo; escuta o homem obrigado a cultivar “indigo”, uma planta para fazer tinta e tingir os tecidos fabricados em cidades inglesas. Os indianos não podem cultivar o que querem; cultivam apenas o que os britânicos querem, o que lhes dá lucro e sustenta uma economia colonial, onde os beneficiados são sempre os mesmos. Cultivam algodão e outras fibras vegetais que são transformadas em tecidos e em roupas, vendidas depois aos indianos.
A cena em que queimam a roupa e tomam a atitude de voltar ao velho tear é bem significativa do que pode acontecer à economia britânica. É o primeiro a fazê-lo, a imagem parece irreal, quase do princípio dos séculos, mas o que importa são as consequências. O mesmo com o sal, deixar de comprar o sal vendido pelos britânicos e começar a fabricar o próprio sal.
Mas, nem todos os que o seguem pensam o mesmo; há os que entendem que é preciso agir pela força, que a não violência, a não cooperação, não leva a lado nenhum. Gandhi entende que não se trata de uma resistência passiva, e tem razão; desgastou de tal modo o poder britânico que, em agosto de 1947, se organizou, em Londres, uma conferência sobre a independência da Índia. Gandhi está presente, defende a ideia de uma Índia unida, entre muçulmanos, hindus, judeus,siques, cristãos …; uma Índia de todos, a mesma ideia de comunidade, de ashram, onde todos fossem e se sentissem iguais. Mas a dimensão da Índia é incomparável à comunidade que fundou na África do Sul, não param as lutas entre os indianos e, quando se dá a transferência do poder, a ideia de uma Índia unida, é já impossível. O Paquistão separa-se. A Índia para os hindus e o Paquistão para os muçulmanos; afinal, o argumento religioso usado pelos britânicos estava presente e era determinante.
Mesmo depois do estado indiano, os tumultos entre as comunidades religiosas continuam, há lutas, separações, deslocados, miséria humana...Gandhi vai a Calcutá, hospeda-se na casa de um muçulmano, jejua até que terminem os tumultos, diz às autoridades indianas: “não posso assistir à destruição da Índia”, pede que nenhuma espada hindu se lance contra um muçulmano; está quase a morrer quando lhe dizem que os tumultos terminaram em todo o lado. Resiste. Toma água com limão, levanta-se, volta ao caminho. Foi assim ao longo da sua vida, prisões, jejuns, orações, atitudes...,
Quem foi Gandhi para os indianos? Quem foi Gandhi para o mundo? Não chega dizer que foi uma Alma Grande (Mahatma), não chega dizer o que fez e pelo que lutou. Há um para lá de Gandhi de que não podemos falar (de que não sabemos falar) e que é, ainda hoje, um sentido.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Gracias à la vida, o CD de Joan Baez

Por acaso, vi na RTP2 o espetáculo de Joan Baez comemorativo dos seus 75 anos, com muitos convidados, quase sempre cantando em dueto e pensei na importância que ela tinha tido para mim num certo período de tempo, nos anos oitenta, sobretudo.
Fui à estante dos  CD'S e encontrei este que ouvi repetidas vezes. Ainda bem que existem pessoas como Joan Baez: sensível,  comprometida, límpida, caminhante..., como se a vida dela fosse sempre futuro. Um futuro que nos convoca a todos, presente naquelas canções de raiz latino-americana.



sábado, 15 de outubro de 2016

Bob Dylan, Prémio Nobel da Literatura

Não o conheço bem, mas dizem que foi (é) um autor de causas, que escreveu sobre a paz, os direitos humanos, a justiça, a dignidade humana...; que escreveu letras de canções que são poemas de grande valor literário.
Por tudo isto, que colocou ao serviço, durante décadas, da consciência do mundo, merece o Prémio Nobel da Literatura. 

sexta-feira, 13 de março de 2015

A Bondade do Papa


"Por que há crianças a sofrer?" - pergunta a criança filipina numa mensagem que lia ao Papa. Mas, não aguentou. Mesmo com o apoio do jovem que a acompanhava e lhe tocava levemente nas costas, como que a dar força e ânimo para que prosseguisse, continuou soluçando.
A menina chorou e fez chorar. O Papa disse: “ precisamos chorar”, com o sentido de que precisamos de sofrer com os que sofrem. “Nós, todos os instalados na vida precisamos chorar”, continuou o Papa.
Não sei quem é aquela jovem. Sabemos que foi abandonada, que cresceu nas ruas e foi resgatada por uma instituição. O Papa abraçou-a e ela abraçou o Papa, por baixo da cintura, à sua altura, como se não houvesse distâncias. Talvez, a humanidade toda esteja aqui, neste gesto, nesta proximidade, neste encontro.
O que vimos é evangelho, anúncio, boa nova. O Papa surpreende a cada passo, seja em visitas pastorais, encontros diplomáticos, encontros com o clero, telefonemas ou cartas para gente anónima…; surpreende pelo inusitado, pelo novo, pela surpresa. Mas, talvez, cada gesto tenha sempre o mesmo sentido e a mesma fonte: a bondade do Papa.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

O aviador, o filme

O que surpreende no filme, até ao ponto de nos perturbar, é como uma pessoa tão inteligente, capaz dos maiores raciocínios lógicos e matemáticos, carrega uma fobia que lhe transtorna a vida, ao ponto de um desequilíbrio mental.
Ter medo de germes, perscrutá-los em todo o lado, não será algo que um ser inteligente pode racionalizar? Pelos vistos não. Sabemos tão pouco de nós próprios, a mente humana está na infância do conhecimento. Para onde caminhamos? E o futuro, como de resta acaba o filme, haverá um futuro mais capaz de lidar com tantas dualidades? Talvez, não. Para este homem, Howard Hughes, que morre em 1976,  o futuro foi a deteriorização progressiva da sua situação clínica.

domingo, 13 de outubro de 2013

Malala, um símbolo

A jovem paquistanesa que há um ano foi baleada, no atentado a um autocarro, quando regressava da escola, é já um símbolo. Falou nas Nações Unidas, acabou de ganhar o Prémio Sakharov e está nomeada para o Nobel da Paz.
Malala é uma menina corajosa, inteligente, determinada…, luta pela educação a que tem direito, a sua e a de todas as raparigas do seu pais e de outros países, mas não pode ser instrumento de ninguém, pessoa ou organização. Tem apenas dezasseis anos.
Às vezes, parece, num ponto ou outro do seu discurso, haver demasiada politização, como, por exemplo, quando falou nas Nações Unidas e disse: “as mulheres têm de lutar pelos seus direitos em todo lado, mesmo aqui, nos Estados Unidos, têm de levar uma mulher a presidente” e os focos caíram sobre a senhora Clinton.
- Malala, sei que vais continuar a estudar, a pensar por ti mesma, a ser capaz de questionar as coisas e de as perceberes no confronto com os jogos de interesses da alta política.




quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Santiago Carrilho

Morreu um velho comunista espanhol, Santiago Carrilho, com quase um século de vida, 97 anos. Carrilho foi um  revolucionário, um combatente anti-franquista, um exilado político por mais de 40 anos, mas é recordado sobretudo pelo seu papel na transição democrática, pela sua capacidade de dialogar, de acordar, de fazer consensos...   Posição que lhe valeu-lhe a expulsão do partido e outros dissabores,  ainda assim, mantém as ideias, o sentido de justiça, a crença de que outro modo  de organizar as sociedades é possível.

sábado, 15 de setembro de 2012

Eduardo Lourenço, um sábio

Eduardo Lourenço é um sábio. Sábio, mesmo.  Não porque leu muito, que leu; não porque escreveu muito, que de facto escreveu; mas porque pensa muito e  toca o essencial com um desprendimento que desconcerta. Outro dia, não sei já em que programa televisivo, dizia a uma jovem que em vez de ler muitos autores, se concentrasse num autor, como se lhe dissesse que a dispersão não ajuda ao pensar, ao pensar próprio, única coisa que ao limite interessa .

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Camané: o dom da voz

Ontem fui ouvir Camané ao teatro São Luís, e valeu a pena. Cantou  sobretudo temas do último disco, sobre as coisas do amor, do desamor, da dor e da raiva,  como disse. Cantou poetas e outros autores. Mas o que toca verdadeiramente é a sua voz, há alturas que parece tocar o sublime, algo que sou incapaz de descrever; algo que me toca, me envolve e me emociona. Ninguem canta como Camané.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

José Barata Moura

Quando ontem vi na televisão o Professor Barata Moura (mandatário nacional de Francisco Lopes), rememorei as aulas de Filosofia do Conhecimento, no auditório 2 da Faculdade de Letras, há muito tempo atrás.  Sempre carregado de livros, aulas muito preparadas,  atento, acessível, muito bom professor. Fazia das intervenções dos alunos (muitas vezes desinteressantes, mal formuladas...) momentos de verdadeiro diálogo  filosófico, reconduzindo-as sempre para qualquer ponto essencial. Muito poucos professores o conseguem ou se preocupam em fazê-lo.   Fico a pensar como é que um homem como o Professor Barata Moura , com todas as ferramentas intelectuais que tem (ou talvez por isso), continua  crente na ideologia comunista. Digo crente, mas sei bem que ele encontra razões.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mandela

Mandela fez 92 anos rodeado da sua família. Parecia feliz, embora cansado e frágil. Apesar disso, Mandela é vigor, força, determinação, integridade. Um ser humano excepcional,um símbolo, um farol para toda a humanidade.
Por isso, as Nações Unidas declararam o dia 18 de Julho, um dia de celebração dos direitos humanos, um dia de celebração da justiça, da tolerância, da dignidade…
Que o arco-íris da diversidade humana, tal como o arco-íris da África do Sul que ele construiu, possa conviver em paz e em justiça, no respeito que é devido a todos os seres humanos. Há tanto por fazer!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Matilde Rosa Araújo

Para mim, embora nunca a tenha conhecido pessoalmente, era uma pessoa próxima. Talvez ninguém tenha escrito sobre sentimentos, em textos infanto-juvenis, como Matilde Rosa Araújo o fez. Escreveu como ninguém sobre o sentir, o pensar, o amar, o sonhar, o respeitar, o crescer, o ser digno… E isso é muito!
Li praticamente todos os seus livros, alguns dos textos trabalhei-os, uma e outra vez, quer com alunos quer na formação de professores, recordo, particularmente, “O gato dourado”, “A capa da Ana”, “O livro da Tila”, o “Poema sobre os direitos das crianças”…
O mais fabuloso é a simplicidade com que falava das coisas mais importantes e vitais. Quando a lemos invade-nos um silêncio que nos questiona. Precisamos pensar. A mim ajudou-me a pensar, a ver mais claro, a vislumbrar lucidez… Obrigada, Matilde Rosa Araújo.