Malala recebeu, juntamente com um médico
indiano activista contra o trabalho infantil, o prémio Nobel da Paz. Obviamente que Malala é mais do que uma
menina vítima do extremismo talibã e da negação dos direitos das mulheres,
nomeadamente o direito à educação. É também um símbolo pelo que representa,
pelo que sinaliza, cada vez que intervém nos média. Malala somos todos nós, de
algum modo; todos os que lutam diariamente pelos direitos humanos.
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sábado, 20 de dezembro de 2014
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Lá longe, na minha infância
Queria falar, neste Natal, dos que, longe de casa, são imigrantes, refugiados, deslocados..., mas regressei à minha infância.
Anos sessenta. Era criança e
não percebia muitas coisas. Não percebia, porque homens, pela calada da noite,
em segredo, partiam, a"salto", para a França, atravessando montes e
vales, levados por "passadores". Agora sei, fugiam da miséria em que
viviam. Iam à procura de dinheiro para alimentar as suas famílias, mandar os
filhos à escola, fazer uma casa. Era assim. Nunca teria ido estudar, se o meu
pai não tivesse ido para a França. Homens que deixavam as suas casas, os seus
filhos, as suas mulheres e partiam, quantos sacrifícios, para chegar à fronteira
francesa e quem sabe a Paris, e aí arranjar um alojamento e um trabalho, precários que fossem.
Era criança e
não percebia muitas coisas. Não percebia por que jovens, de dezoito, dezanove, anos e alguns até menos, também, fugiam a "salto", para França e a
Alemanha. Ficavam desertores, não podiam regressar, se voltassem ao seu país seriam presos. Agora sei,
fugiam à guerra, à guerra colonial, uma guerra de que talvez pouco ou nada
soubessem, senão que lhes podia roubar a vida.
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
O massacre do Paquistão
Por que atacaram e mataram mais de cento e trinta alunos, ontem, numa escola paquistanesa? O terrorismo talibã é abominável, não vejo nada pior por estes tempos. Morrem inocentes, crianças e jovens, em nome de um fundamentalismo sem qualquer regra, sem qualquer sentido. É obscurantismo puro.
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fundamentalismo religioso,
terrorismo
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Indochina, o filme
Queria escrever sobre a força de alguns
sentimentos.Vêm-me à ideia o filme “Indochina”,
que vi há muito tempo, e a imagem de um
jovem que viveu, até à idade adulta, construindo uma imagem poderosa e ao mesmo
tempo romântica e feliz de uma mãe guerreira, activista política, na luta pela
independência do Vietname.
Num certo dia, sabendo que a mãe estaria, em França, numa tal recepção, decide ir. Cruzam-se, mas não se falam. Ela não sabe quem é ele, deixou-o pequenino com a avó, na longínqua Indochina.Mas, talvez ninguém tenha estado mais presente na sua vida que o filho ausente, que não viu crescer, ir à escola, jogar, ter sonhos de
adolescente, nada.
São dois estranhos, apesar de existirem
laços familiares tão próximos e sentimentos tão diários e tão profundos. Talvez o jovem tivesse ido aquela recepção na esperança de que um clique os lançasse nos braços
um do outro, como se os anos não tivessem passado, o tempo se tivesse suspendido e a vida já vivida se tornasse comum.
Nem o tempo se suspendeu, nem os
olhares se cruzaram, ao ponto de se fundirem. Dois estranhos, passando lado a lado,
incapazes de se abraçarem, de se comunicarem. Ele podia tê-lo feito,
reconheceu-a, sabia quem ela era. Por que razão não o fez, por que permaneceu
mudo e imobilizado, no cimo da escada? Por que não foi capaz de lhe falar?
Talvez, volte a andar quilómetros e quilómetros para a
ver de perto, aplaudir o seu discurso, chorar uma lágrima e, quem
sabe, até, poder dizer-lhe: - mãe!
E ela pare o
discurso e indiferente a tudo corra para ele gritando: - filho!
Agora, só existe o presente. Tudo é caminho, tudo
é futuro… Celebremos o
encontro, aquele encontro.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
A corrupção
A corrupção existe quando alguém
em funções públicas tira proveito para fins particulares, lesando a comunidade;
é a corrupção que leva ao branqueamento, à fuga de capitais ao não pagamento
dos impostos devidos. Hoje, parece algo banal, porventura sempre foi, mas o
mundo virtual e global em que vivemos dá-lhe outra visibilidade.
Aceito que muitas vezes pode começar
por um favor e chegar a patamares de ilegalidade de grande gravidade, mas sei
também que pode passar,desde o inicio, por uma estratégia premeditada e bem
urdida para que ninguém chegue lá.
Perguntamos-nos: por que acontecem
atos corruptos com esta frequência? Ser corrupto é da condição humana ou da
natureza humana?
Penso que é da natureza humana,
situada no plano do que genericamente poderíamos designar pelo mal. Portanto, todos podemos
ser corruptos, assassinos, violadores, agressores …, está no plano dos actos
censuráveis, moral e legalmente, de que ninguém está a salvo, mas de que
todos podemos sair ilesos, porque todos sabemos igualmente o que é o bem. É a escolha, é a decisão, que nos distingue de ser uma coisa ou outra.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Rudolf Höss
Já fora do campo, mas bem
próximo, rodeada de árvores, fica a casa onde vivia o comandante do campo, Rudolf
Höss. Era aí que, no maior conforto familiar, descansava, recebia visitas,
brincava com os filhos…, depois de mandar espancar, prender, fuzilar, enforcar,
enterrar, gasear, queimar…, tudo o que possamos imaginar e sempre como se nada
fosse. Quantas faces têm os assassinos! Como é que um rapaz simples, filho de
camponeses, se transforma na pessoa prepotente, cruel, mesquinha, assassina,
alucinada…?
Impressiona profundamente, nesta
máquina de guerra, por um lado, a estratégia, tudo obedecia a um plano, toda a
máquina ao serviço do extermínio dos judeus e outras minorias, como ciganos e homossexuais.
Impressiona também a, quase, não
consciência, ninguém se questiona sobre o que faz. A partir de certa altura,
todos parecem agir como autómatos, numa linha de comando que chega a Hitler, como
se cada um não fosse mais do que peça de uma engrenagem, como se ninguém
ouvisse ou visse nada. Tudo parece invisível.
Invisibilidade que chega a todo o lado, então, as povoações vizinhas, as vilas e aldeias, que rodeavam os campos não sabiam o que se passava em Auschwitz-Birkenau? Custa a acreditar.
Invisibilidade que chega a todo o lado, então, as povoações vizinhas, as vilas e aldeias, que rodeavam os campos não sabiam o que se passava em Auschwitz-Birkenau? Custa a acreditar.
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II guerra mundial
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Birkenau- Auschwitz II
Aqui, praticamente, tudo foi destruído
pelos nazis, no final da guerra. O campo é atravessado pela linha férrea que trará, como gado, milhões de judeus de toda a Europa, são para aqui deportados os judeus das ilhas anglo-normandas, da França, Holanda, Bulgária…, chegam enganados, pensam que vêm para trabalhar, aos meninos dizem, “voltarás para os teus pais”, mesmo sabendo, em muitos caos, que os pais acabarão mortos nos próximos dias.
Dos dois lados da linha, foram construídos, alinhados, 350 barracões de madeira, restam três ou quatro barracões que são visitáveis, um deles mostra como viviam, muitas centenas de pessoas, numa espécie de beliches, de um lado e do outro do barracão, com camas empilhadas, umas ao lado das outras e umas sobre as outras, podendo dormir sete ou oito pessoas em cada cama. Está de pé ainda um dos barracões com fossas sanitárias ( havia nos campos regras de higiene absolutamente determinantes, quem não cumprisse era preso ou morto).
Quando olhamos a imensidão do
campo, até às árvores lá do fundo, e o percorremos ao longo da linha férrea,
não podemos imaginar, por impossibilidade, o que aqui se passou. Birkenau foi um
campo de extermínio, puro e simples, matar, com o menor alarido e o menor custo, o número máximo de pessoas, era o objectivo dos nazis, e assim se chega ao 1, 3 milhões só neste campo.
No campo, foram construídos também quatro
grandes fornos crematórios, os de 2000 pessoas, e respectivas câmaras de gás, muitos
dos que aqui chegam morrem gaseados no primeiro dia, os outros (os tais 80%), a que se vai juntando sempre o número de doentes
e esfomeados que deixaram de poder trabalhar morrerão conforme a capacidade dos fornos. A desumanidade, em estado puro, está ali, pensada, planeada, levada a cabo por gente que supostamente era civilizada. (Que vidas a destes nazis ao serviço do III Reich) .
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