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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Indochina, o filme

Queria escrever sobre a força de alguns sentimentos.Vêm-me à ideia o filme “Indochina”, que vi há muito tempo, e a imagem de um jovem que viveu, até à idade adulta, construindo uma imagem poderosa e ao mesmo tempo romântica e feliz de uma mãe guerreira, activista política, na luta pela independência do Vietname.
Num certo dia, sabendo que a mãe estaria, em França, numa tal recepção, decide ir. Cruzam-se, mas não se falam. Ela não sabe quem é ele, deixou-o pequenino com a avó, na longínqua Indochina.Mas, talvez ninguém tenha estado mais presente na sua vida que o filho ausente, que não viu crescer, ir à escola, jogar, ter sonhos de adolescente, nada. 
São dois estranhos, apesar de existirem laços familiares tão próximos e sentimentos tão diários e tão profundos. Talvez o jovem  tivesse ido aquela recepção na esperança de que um clique os lançasse nos braços um do outro, como se os anos não tivessem passado, o tempo se tivesse suspendido e a vida já vivida se tornasse comum. 
Nem o tempo se suspendeu, nem os olhares se cruzaram, ao ponto de se fundirem. Dois estranhos, passando lado a lado, incapazes de se abraçarem, de se comunicarem. Ele podia tê-lo feito, reconheceu-a, sabia quem ela era. Por que razão não o fez, por que permaneceu mudo e imobilizado, no cimo da escada? Por que não foi capaz de lhe falar? 
Talvez, volte a andar quilómetros e quilómetros para a ver de perto, aplaudir o seu discurso, chorar uma lágrima e, quem sabe, até, poder dizer-lhe: - mãe!
E ela  pare o discurso e indiferente a tudo corra para ele gritando: - filho!
Agora, só existe o presente. Tudo é caminho, tudo é futuro…  Celebremos o encontro, aquele encontro. 

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