As imagens começam a ficar insuportáveis, pela violência, pelo desânimo, pelos contínuos impasses, pelos armes farpados, pelos infindáveis acampamentos, pelos comboios a abarrotar de pessoas...Temo que se tornem banais. Temo que a situação se vá arrastando, apesar das cotas estabelecidas e dos passos que finalmente parecem mais consequentes, sem que as soluções que estas pessoas merecem sejam tomadas. Há muita hipocrisia no ar, há muito discurso vazio...É certo
que se pode dizer que sempre houve margens, guerras, violência social e política, refugiados, populações perseguidas..., mas o que se passa hoje com o tal estado islâmico não é comparável a quase nada, é maldade pura.
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quarta-feira, 2 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Migrantes, a tragédia diária
Mortes, mais mortes e mais e mais..., o número
parece infindável, como infindável parece a situação dos refugiados que continuam
a chegar pelo Mediterrâneo e pelos Balcãs.
Corpos em decomposição, no interior
de um camião abandonado, na Áustria; corpos a chegar às costas da Líbia, de sucessivos naufrágios; corpos a serem resgatados de porões de barcos... Uma tragédia humana que parece não ter limites.
Quem eram estes mortos? Que vidas deixaram para trás? A quem amavam? Por que emigravam? Quem podia ter feito alguma coisa e não fez?
A Europa já percebeu que, o que tem feito, não chega, todos esperam (todos esperamos) que se faça muito mais.
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fundamentalismo religioso,
guerra,
migrantes,
refugiados
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
A “Declaração de Lisboa sobre Equidade Educativa, Julho de 2015” – algumas notas
Do 8º Congresso de Apoio Educacional
Inclusivo, que teve lugar em Lisboa, de 26 a 29 de Julho de 2015, saiu uma declaração
de princípios sobre a equidade educativa: http://isec2015lisbon-pt.weebly.com/declaraccedilatildeo-de-lisboa-sobre-equidade-educativa.html.
Desta declaração, dois pontos parecem
fundamentais: a educação inclusiva tem de ser equitativa; a inclusão tem de ser
de qualidade, procurando o sucesso de todos os alunos.
Em relação
ao primeiro ponto, a equidade educativa não parece controversa, justifica-se
pelo direito universal à educação, consagrado na Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948: artº. 26º). Daqui, decorre a obrigação de uma educação para
todos que só será possível se os sistemas educativos forem capazes de criar as condições
necessárias à igualdade de oportunidades no acesso e no sucesso de todos os
alunos.
A Lei de
Bases do Sistema Educativo (1986: art. 2º,2) garante a igualdade de
oportunidades, considerando que ninguém pode ser prejudicado, por ter nascido
nesta ou naquela família, ambiente social ou lugar geográfico e com estas ou
aquelas capacidades. Existem, para tal, apoios diferenciados (económicos,
sociais, educativos...) que devem responder, durante todo o processo educativo,
às necessidades particulares de cada aluno.
São
apontadas três razões para justificar a educação inclusiva: uma educacional,
uma vez que a educação conjunta de todas as crianças, criando soluções
individualizadas conforme as necessidades de cada uma, beneficia a todas; uma
social, uma vez que a educação inclusiva tornará a sociedade menos
discriminatória, mais justa e mais participativa; e uma económica, uma vez que
um sistema inclusivo é menos dispendioso.
Em nosso
entender, esta última razão parece discutível, pois, não temos como certo que
um sistema inclusivo, com base na equidade educativa, seja mais barato. Na
verdade, a necessidade de conhecimentos e de competências específicas, para uma
adequada diferenciação, supõe estruturas de organização, de formação e de
cooperação, entre os diferentes profissionais e as diferentes instituições,
dentro e fora do sistema – parcerias e protocolos com as áreas da saúde, da segurança,
do desporto, do ambiente, das empresas..., - que não pode deixar de envolver
avultadas verbas.
Em relação
à qualidade da educação inclusiva, ao referir-se o apoio à declaração
de Incheon “Rumo a uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e à
educação ao longo da vida para todos” e ao considerar-se a valorização das
diferenças e a abertura à comunidade, “onde a aprendizagem com sucesso seja
possível para todas as nossas crianças e jovens”, coloca-se a tónica na
importância dos contextos sociais e culturais – aspeto que nos parece decisivo
para uma integração educativa efetiva.
Este acento na qualidade é, de algum
modo, o reconhecimento de que são muitas as dificuldades e de que é necessário que
os sistemas inclusivos e equitativos façam tudo o que for possível para elevar
os níveis de exigência e de credibilização das propostas diferenciadas que
oferecem. Investir na qualidade, é seguramente o maior desafio, pela
complexidade de todos os aspetos envolvidos, sendo certo que os objetivos da
inclusão não têm só a ver com a empregabilidade dos jovens integrados, mas
igualmente com a sua autoestima, a sua capacidade de relação e de participação
sociais – aspeto que não parece possível de pôr em causa.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Armas nucleares, o perigo permanece
Há 70 anos (6 de Agosto de
1945), caiam, em Hiroxima e Nagasáqui, no Japão, duas bombas atómicas. Morreram, nos minutos seguintes, de 40 a 80 mil pessoas e, depois, nos dias, semanas, meses
e anos, continuaram a morrer pessoas, devido ao efeito radioativo.
Os sobreviventes (crianças na
altura) ainda choram os seus mortos e as suas vidas. Vão chorar sempre. E o
mundo? O mundo não chora? Parece que não, está tudo no passado, lá longe, nos
arquivos da II Guerra Mundial. Não aprendemos nada. Muitos países têm capacidade
nuclear e outros que não a têm querem tê-la. O raciocínio parece viciado: ter
armas nucleares (com todos os perigos que as mesmas representam) com a intenção
de nunca as usar. Apenas, para dissuadir, amedrontar. O raciocínio devia ser: se
não quero usar uma coisa, simplesmente, não a construo. Ponto final. O pior é
que as relações internacionais são tudo menos raciocínios lineares.
Etiquetas:
armas nucleares,
II guerra mundial
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Recordo a jovem judia assassinada
Temos a perceção de que o radicalismo
está sem controlo em todos os lados e é de todas as ideologias. Não podemos falar
apenas dos islâmicos radicais, temos de falar de todos os outros igualmente extremistas.
O judeu ortodoxo que matou a
jovem israelita, de 16 anos, por participar numa marcha gay pelas liberdades
individuais e os direitos das minorias, é um louco, um alucinado, um doente ou
simplesmente um perigoso fundamentalista religioso?
Não sei. Prefiro pensar na loucura, na
alucinação, por não poder aceitar que se mate alguém, ainda mais invocando uma religião, falando em
nome de um Deus. Há lá maior desplante. Pobre natureza humana, todos os dias descemos às catacumbas, às perseguições, às intolerâncias...
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Os migrantes de Calais
Se alguma coisa mostra o que se está a passar, por estes dias, em Calais, mas em boa verdade, o que se passa, desde há muitos meses e até anos, é a necessidade de repensar e de redefinir o conceito de cidadania. É preciso pensar noutros termos as questões da globalização, da imigração, da diversidade cultural, da segurança mundial, do terrorismo, do ambiente, das
relações transnacionais...
A tarefa é árdua, e mais ainda, quando vêm ao de cima todos os egoísmos nacionais (tão claro nas reuniões de Bruxelas). Saber como é que definimos, organizamos e criamos estruturas sociais que assegurem a todos os mesmos direitos, é desde há muito uma urgência das instituições supra-nacionais.
A tarefa é árdua, e mais ainda, quando vêm ao de cima todos os egoísmos nacionais (tão claro nas reuniões de Bruxelas). Saber como é que definimos, organizamos e criamos estruturas sociais que assegurem a todos os mesmos direitos, é desde há muito uma urgência das instituições supra-nacionais.
sábado, 1 de agosto de 2015
As senhoras que vendiam molhinhos de hortaliça (2)
- Não preciso, quero só uma
molhada de couves e outra de repolhos.
- E cebolo, e pimentos, e alho
francês e beterraba vermelha... não quer – pergunta-me a outra senhora.
- Não preciso – digo-lhe – já
comprei.
Mas foi tal a insistência que acabei
por lhe comprar uma molhada de alhos franceses
- Um e dois, três euros, dois
para mim e um para ela – diz-me a primeira senhora.
Mas, o que me impressionou mais,
foi o que se passou a seguir. Enquanto uma queria deitar no lixo tudo o que
tinha, e ainda era bastante, a outra insistia:
- Deixamos os sacos à beira do passeio, pode ser que passe alguém com precisão de hortaliça para plantar.
- Não, deitamos fora, é melhor,
não fica nada a atravancar.
E assim fez, deitou no contentor
os dois sacos que tinha na mão com os molhos de hortaliça que não conseguira vender; enquanto a outra senhora, a quem eu tinha comprado o alho francês,
deixou à beira do contentor, encostado ao passeio um saco quase cheio de tudo o
que não conseguira vender, ajeitando a abertura de modo a ficarem à mostra os molhinhos de legumes. Não sei porquê, penso que um destino bom aguardava os legumes que a senhora deixou. Não morreram naquele dia.
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