O dia está a despertar, as nuvens, ainda rasteiras, junto às montanhas, afastam-se de mansinho, esfumando-se no ar, passando de cinzento-escuro a um cinzento quase branco e depois a um azul, cada vez mais azul, que se confunde com o céu. Já não são nuvens. É o céu. É dia claro.
Cá em baixo, a planície é um infinito campo de arroz, de um verde tão forte que, às vezes, cansa o olhar, mas que sempre nos anima a alma; a meio do campo, um canal estreito, onde uma barcaça, a remos, se move sem parar. Anda, distancia-se...
Sempre o mesmo campo, no mesmo arrozal, debaixo do mesmo sol. É um lugar muito longe, num sítio não sei onde, se
calhar, na Ásia, porque a única pessoa que vejo, a que conduz o barco, tem uns
olhos rasgados, uma pele escura e um chapéu com abas largas, preso ao pescoço
com uma fita. Nunca me olhou, se calhar não sabe que eu estou aqui.