- Não preciso, quero só uma
molhada de couves e outra de repolhos.
- E cebolo, e pimentos, e alho
francês e beterraba vermelha... não quer – pergunta-me a outra senhora.
- Não preciso – digo-lhe – já
comprei.
Mas foi tal a insistência que acabei
por lhe comprar uma molhada de alhos franceses
- Um e dois, três euros, dois
para mim e um para ela – diz-me a primeira senhora.
Mas, o que me impressionou mais,
foi o que se passou a seguir. Enquanto uma queria deitar no lixo tudo o que
tinha, e ainda era bastante, a outra insistia:
- Deixamos os sacos à beira do passeio, pode ser que passe alguém com precisão de hortaliça para plantar.
- Não, deitamos fora, é melhor,
não fica nada a atravancar.
E assim fez, deitou no contentor
os dois sacos que tinha na mão com os molhos de hortaliça que não conseguira vender; enquanto a outra senhora, a quem eu tinha comprado o alho francês,
deixou à beira do contentor, encostado ao passeio um saco quase cheio de tudo o
que não conseguira vender, ajeitando a abertura de modo a ficarem à mostra os molhinhos de legumes. Não sei porquê, penso que um destino bom aguardava os legumes que a senhora deixou. Não morreram naquele dia.
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