Ambas pareciam frágeis, pela
idade, seguramente, mais de oitenta anos, mas também pelas mazelas bem
visíveis, uma delas caminhava já muito curvada.
Aparentemente, não têm idade
para vender hortaliças; têm idade para estar em casa e já com algum apoio. Mas
não, continuam a semear, a mondar, a regar, a arrancar e a fazer molhinhos de diferentes legumes
para vender no mercado. Continuam a fazer (até ao limite das forças) o que
sempre fizeram. A fazer o que viram as mães fazer, as vizinhas e todas as
mulheres da sua terra fazer, desde crianças, há sessenta ou setenta anos, mesmo que
depois de tanto trabalho o lucro seja mínimo ou nem sequer seja nenhum.
Encontrei-as já bem ao final da
manhã, quando saia da praça e elas se dirigiam carregadas, cada uma com mais de
dois sacos para junto do contentor de resíduos.
- Têm couves para plantar –
pergunto-lhes?
Começam a tirar do saco molhadas e molhadas de legumes.
- Uma, duas, três, quatro, cinco, seis..., de couves,
repolhos, cebolo..., leve tudo que lhe damos cada
molhada a um euro, nem chega a metade do preço.
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