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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Pobreza

Há uma definição técnica para pobreza, os que vivem com menos de um dólar por dia, penso. Aparentemente, se considerássemos esta definição seriam poucos os pobres em Portugal. Contudo, aumentam a olhos vistos, como refere a Cáritas e outras organizações que estão no terreno.
Pobreza é não poder fazer face ao dia a dia  e aos compromissos que temos, daí que muitos pobres sejam por isso classe média e média alta, pessoas que, com a crise e os cortes nos rendimentos disponíveis, vêem o salário a pagar contas sem que fique o tal dólar para comer.
Para onde caminha este modelo de sociedade? Quando nos confrontamos com a impossibilidades de pagar dívidas, o Estado e as famílias, começamos a perceber que nos venderam um modelo social que não podemos suportar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A banalidade dos naufrágios


Temo a banalidade dos naufrágios no Mediterrâneo; temo que, qualquer dia, se tornem em não notícia, passando a considerar-se como algo de tal modo normal que já  não nos perturba. Temo que se deixe de questionar o que está verdadeiramente em causa: a impossibilidade de “fechar”, nos seus países, pessoas na mais extrema pobreza.
Quando Hannah Arendt, ao presenciar a forma como os carrascos nazis se referiam, sem qualquer pingo de emoção, às barbáries cometidas, falou da banalidade do mal, não sabia da tragédia dos emigrantes clandestinos , mas sabia da incapacidade dos seres humanos (de alguns seres humanos) se revoltarem e tomarem medidas sobre tragédias desta natureza. 

domingo, 13 de outubro de 2013

Malala, um símbolo

A jovem paquistanesa que há um ano foi baleada, no atentado a um autocarro, quando regressava da escola, é já um símbolo. Falou nas Nações Unidas, acabou de ganhar o Prémio Sakharov e está nomeada para o Nobel da Paz.
Malala é uma menina corajosa, inteligente, determinada…, luta pela educação a que tem direito, a sua e a de todas as raparigas do seu pais e de outros países, mas não pode ser instrumento de ninguém, pessoa ou organização. Tem apenas dezasseis anos.
Às vezes, parece, num ponto ou outro do seu discurso, haver demasiada politização, como, por exemplo, quando falou nas Nações Unidas e disse: “as mulheres têm de lutar pelos seus direitos em todo lado, mesmo aqui, nos Estados Unidos, têm de levar uma mulher a presidente” e os focos caíram sobre a senhora Clinton.
- Malala, sei que vais continuar a estudar, a pensar por ti mesma, a ser capaz de questionar as coisas e de as perceberes no confronto com os jogos de interesses da alta política.




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Tragédia humana, Lampedusa



Não sei se a imagem era verdadeira ou cínica (julgo que só pode ser verdadeira) – o ar pungido de Durão Barroso e do Primeiro ministro italiano, frente ao mar de caixões, com as crianças à frente.
Mais de trezentos mortos, muitos ainda por resgatar, uma tragédia sem contornos que se estende por muitos lados, às famílias, às comunidades, de onde estes emigrantes eram oriundos...
Ficamos parados, a pensar: se quem pode fazer alguma coisa, não faz, que podemos nós? Pelo menos, juntarmos-nos a quem gritou: é uma vergonha! Tenham vergonha!
Agora, a Comissão Europeia disponibilizará 30 milhões de euros para a ajuda aos refugiados, em Itália, mas, a questão não é essa, não é acolhê-los e devolvê-los aos países de origem, não é o regresso a nada, que resolve o problema. Tem de existir outra resposta para a emigração clandestina.  




terça-feira, 24 de setembro de 2013

Terrorismo, em Nairobi

Um grupo terrorista, conhecido na zona, com ligações à Al-qaeda para o sul do Magrebe, atacou um centro comercial de luxo, na capital do Quénia. Escolheu quem queria matar, de resto, há cidadãos ingleses, franceses, canadeenses..., para lá de quenianos. O terrorismo está vivo e pode actuar de muitas formas e em muitos locais. A questão religiosa permanece decisiva: morreram os que não conseguiram provar ser islâmicos. Que podemos dizer, disto? Parece que estamos a anos luz de uma "racionalidade" aceitável.   É perturbação e fundamentalismo, apenas.

sábado, 21 de setembro de 2013

Ética cívica

questão hoje é a de saber como lidar com o pluralismo moral. Cortina fundamenta uma resposta interessante: articular o bem e o justo. Ou seja, para que as sociedades se possam organizar e dar as respostas sociais que esperamos, há uns mínimos de justiça que todos têm de aceitar – liberdade, igualdade, diálogo, respeito –  algo da ordem do normativo, exigido a todos, no espaço público..  A partir daqui todos podem viver privadamente com a sua ideia de bem, prosseguindo os fins bons que entenderem, conforme os  seus valores pessoais, familiares, culturais, ideológicos.... 
Ao incluir o diálogo, a exigir atitudes de abertura e de disponibilidade, a intenção é a de criar a possibilidade de conhecermos valores diferentes que possamos estimar mesmo que não os partilhemos.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

LUTHER KING, 50 anos depois

Martin Luther King nasceu a 15 de Janeiro de 1929, nos Estados Unidos. Lutou toda a sua vida, de forma pacífica, pelos direitos dos negros. Em 1964, recebeu o Prémio Nobel da Paz. Morreu baleado, em 4 de Abril de 1968.
  
Excerto do célebre discurso: “Tenho um sonho”,

 “Digo-vos meus amigos, embora tenhamos de enfrentar dificuldades, hoje e amanhã, tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho da América. Sonho que, um dia, esta nação erguer-se-á, para viver essa verdade, essa evidência: que todos os homens são iguais.
Tenho um sonho que, um dia, nas vermelhas colinas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos daqueles que os escravizaram, sentar-se-ão, juntos, na mesma mesa, como irmãos fraternos. (...).
Tenho um sonho, que as minhas quatro crianças viverão um dia numa nação onde não sejam julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu carácter. (…)
Tenho um sonho que, um dia, teremos, em Alabama, rapazes e raparigas negras juntando as mãos com rapazes e raparigas brancas como irmãos e irmãs”.