Parece impossível, mas foi o que aconteceu, foram bombardeados e mortos, pelas tropas governamentais, enquanto faziam fila à porta de uma padaria para comprar pão. O conflito da Síria é pior que uma guerra aberta, é maldade em estado puro, planeada, levada aos limites...
Enquanto isso, a comunidade internacional pouco faz. Será que não é possível uma solução?
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Sonho ou pesadelo, emigração clandestina
Vou colocar-te uma situação: imagina que
estavas fechado numa casa, sem alimentos nem meios de sobrevivência. O que
farias? Com certeza, que esperavas algum tempo - uns dias, no máximo - por
socorro, mas se não conseguisses farias tudo para sair de lá. Partirias as
janelas, arrombarias as portas, o que fosse possível e mais fácil, para saíres
dessa situação e sobreviveres. Se te perguntassem: - porque fizeste isso?
Dirias: - era a única solução.
É o mesmo que se passa com milhões de
africanos. “Fechados” num continente, onde nem todos têm alimentos, onde a
miséria, a fome, a violência e às vezes a guerra, matam mesmo. Nestas
condições, sair daí é a única solução para sobreviver. Por isso, não é de
admirar que deixem a sua casa, as suas aldeias, o seu país, pondo em risco a
própria vida. São populações em desespero, não têm nada a perder, arriscam tudo
para chegar à Europa. O mais fácil (a tal janela) é atravessar o estreito de
Gibraltar, de noite, para fugirem à vigilância das autoridades espanholas, em
barcos de borracha, sobrelotados, com muitas dezenas a mais do que seria
possível levar. São jovens, mulheres (algumas grávidas) e crianças que chegam
em condições sub-humanas. Clandestinamente, como se não existissem, fazem tudo
para não ser vistos, espalham-se, separam-se, confundem-se. Mas nem todos
chegam, muitos morrem, mas que importa nem sequer ficam nas estatísticas –
pensarão alguns. Claro que importa, e muito. Os países ricos do Norte têm o
dever de fazer alguma coisa. Partirão
daqui para outras cidades europeias, não sei se ainda com algum sonho. Eu
espero que sim, às vezes parece terem desistido de alguma parte de si mesmos, a
gente vê isso no olhar. Parecem ausentes, perdidos, como se não olhassem as
ruas, como se não vissem as pessoas ou não sentissem o movimento. Estão aonde?
Pensam em quê?
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Revolução de Jasmim, um amanhecer desfeito
Passam
dois anos sobre a Revolução de Jasmim ou a Primavera árabe, começada na Tunísia
e que se estendeu, depois, a outros países árabes, até aí, blindados à
democracia e à livre expressão do seu povo. Foi assim na Líbia, no Egipto, no
Iémen…, mas o que parecia uma aurora de liberdade e de bem-estar transformou-se,
pouco a pouco, numa desilusão para muitos dos próprios e para o mundo em geral que
acreditaram que outro devir fosse possível.
Por
quê? Por que é que depois de eleições, aparentemente livres e justas, ganham
maiorias islâmicas? Por que é que o Presidente Morsi, da Irmandade Muçulmana,
acaba de convocar um referendo para chamar a si poderes para lá do que lhe permite
a constituição do país? Por que é que o governo de Damasco continua, depois de
tantas e tantas mortes? Por quê? Por quê? Podíamos continuar a questionar esta
realidade, mas de pouco serviria, pois não a entendemos.
Há
uma tal complexidade, ligada sobretudo ao fundamentalismo religioso (por mais
que se apelidem de moderados), em que estado e religião se confundem, que torna
impossível qualquer compreensão racional. Não temos categorias, faltam
enquadramentos, teorizações (talvez, sejam impossíveis)...
É
certo que é um outro estar. E ainda há quem entenda que não há conflito de
civilizações. Há, certamente.
Etiquetas:
democracia,
Direitos Humanos; paz
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Dia Mundial dos Direitos Humanos
10 de Dezembro, passa mais um aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Muito caminho feito e muito ainda por fazer, é o que podemos dizer. Às vezes, descremos, sobretudo, quando, em tantas ocasiões, assistimos à inoperância
das instituições, às burocracias, aos trâmites legais, às dificuldades, quer se
trate de aprovar resoluções nas Nações Unidas, quer se trate de fazer chegar
ajuda humanitária de emergência a quem precisa. Nessa altura, é impossível não pensarmos se não haverá outro entendimento para os direitos
humanos, menos normativo, mais próximo e desinteressado.
Algo escapa, ao sistema jurídico e institucional
que conforma os direitos humanos que impede que vivamos, todos, mais como
irmãos do que como concidadãos; algo, da ordem da proximidade ética com o outro
que a formalidade das leis não fixa. É sobre este algo que a reflexão tem de incidir, sob pena de deixarmos que cada vez seja mais difícil responder a tempo e adequadamente.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Paz: ano zero, sempre
Vejo as imagens do Egito, de Israel, da Síria, do Mali...e de tantos e tantos lugares, e o que me apetece é descrer em tudo. Parece que estamos sempre no início, mesmo depois de séculos e séculos de civilização.
A Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), que assenta a sua justificação no primado da razão e da liberdade
humana, diz logo no 1º artigo que “Todos os homens nascem livres e
iguais, dotados de razão e consciência devem viver uns com os outros em
espírito de fraternidade”.
No entanto, estamos a anos luz deste princípio, apesar das declarações
e convenções já existentes. Tudo são interesses, destes, daqueles e dos outros; enquanto o interesse comum da humanidade é todos os dias posto em causa.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
A Faixa de Gaza
Perguntava-me
um jovem: “Que conflito é este”?
É
um conflito tão complexo que não se pode explicar em poucas palavras ou tomando
o partido de uma das partes: israelitas ou palestinianos. Não é possível dizer
que uns são bons e que os outros são maus, que uns têm razão os que os outros não. A
realidade nunca é a preto e branco, são muitos os matizes.
Na
essência, o conflito é político: há a formação do Estado de Israel, depois da
II Guerra Mundial, quando o sionismo (o regresso dos judeus à Terra Santa)
ganha proporções. Encurralam-se os árabes, os palestinos, que sempre tinham
vivido nessas terras, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Estes territórios
embora, hoje, sejam autónomos e com autoridade própria, não constituem ainda um
estado (é isso que os palestinos reivindicam, a criação do Estado da Palestina). O
conflito dura há décadas, já se sucederam várias guerras e a tensão está sempre
iminente, como se viu nesta última semana.
Mas,
o conflito é também religioso, e num enfoque fundamentalista, com a religião a justificar
tudo o resto. Difícil de compreender, judeus e árabes condenados a viver
juntos, mas separados, mesmo quando quase se tocam, como acontece nas ruas estreitas da
cidade santa, em Jerusalém ou em outras cidades. As divisões são palpáveis,
sabe-se bem quando estamos no bairro judeu ou quando estamos no bairro árabe;
são costumes, vidas e entendimentos distintos.
A
questão cultural é, portanto, outro ponto de divisão, a que se junta a questão económica
e social. Tudo parece dividi-los, por mais negociações e caminhos para a paz
que se retomem ou iniciem (vem de muito longe e com muitos protagonistas de
ambos ao lados, os Estados Unidos do lado de Israel e países árabes do lado de Palestina).
Desta vez, parece ganhar relevo o papel mediador do presidente Morsi, do Egito,
desanuviando o ambiente com a retirada do Irão da linha da frente. Parece já um
bom sinal para que se sentem à mesa, não os próprios, como devia ser, mas os
negociadores, de modo a procurarem uma solução que, a meu ver, só será
definitiva com o estabelecimento do Estado da Palestina (mesmo que a sua
viabilidade económica e social seja muito precária ou quase impossível).
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Malala, um símbolo
É
uma adolescente paquistanesa que, desde há algum tempo, tem enfrentado os
talibãs, por fecharem escolas e impedirem as meninas de as frequentarem. Foi baleada por um terrorista, a mando de quem a quer silenciar.
Maldade ideológica, politica, religiosa, social…
Lutou
contra morte num hospital do seu país e foi hoje transferida para um hospital
do Reino Unido, já fora de perigo, para que a sua recuperação se faça o melhor
possível.
É
um símbolo para o mundo e sobretudo uma voz para os direitos das mulheres. Não
irem à escola, não aprenderem a ler, significa, naquela sociedade patriarcal, ficarem dependentes e submetidas aos maridos para tudo. Não poder ler uma receita
médica, o rótulo de um medicamento, os preços no mercado,
os números do autocarro... significa, uma anulação e uma limitação nos direitos
individuais inconcebível.
Etiquetas:
direitos das mulheres,
Educação,
fundamentalismo religioso
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