Passam
dois anos sobre a Revolução de Jasmim ou a Primavera árabe, começada na Tunísia
e que se estendeu, depois, a outros países árabes, até aí, blindados à
democracia e à livre expressão do seu povo. Foi assim na Líbia, no Egipto, no
Iémen…, mas o que parecia uma aurora de liberdade e de bem-estar transformou-se,
pouco a pouco, numa desilusão para muitos dos próprios e para o mundo em geral que
acreditaram que outro devir fosse possível.
Por
quê? Por que é que depois de eleições, aparentemente livres e justas, ganham
maiorias islâmicas? Por que é que o Presidente Morsi, da Irmandade Muçulmana,
acaba de convocar um referendo para chamar a si poderes para lá do que lhe permite
a constituição do país? Por que é que o governo de Damasco continua, depois de
tantas e tantas mortes? Por quê? Por quê? Podíamos continuar a questionar esta
realidade, mas de pouco serviria, pois não a entendemos.
Há
uma tal complexidade, ligada sobretudo ao fundamentalismo religioso (por mais
que se apelidem de moderados), em que estado e religião se confundem, que torna
impossível qualquer compreensão racional. Não temos categorias, faltam
enquadramentos, teorizações (talvez, sejam impossíveis)...
É
certo que é um outro estar. E ainda há quem entenda que não há conflito de
civilizações. Há, certamente.
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