Perguntava-me
um jovem: “Que conflito é este”?
É
um conflito tão complexo que não se pode explicar em poucas palavras ou tomando
o partido de uma das partes: israelitas ou palestinianos. Não é possível dizer
que uns são bons e que os outros são maus, que uns têm razão os que os outros não. A
realidade nunca é a preto e branco, são muitos os matizes.
Na
essência, o conflito é político: há a formação do Estado de Israel, depois da
II Guerra Mundial, quando o sionismo (o regresso dos judeus à Terra Santa)
ganha proporções. Encurralam-se os árabes, os palestinos, que sempre tinham
vivido nessas terras, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Estes territórios
embora, hoje, sejam autónomos e com autoridade própria, não constituem ainda um
estado (é isso que os palestinos reivindicam, a criação do Estado da Palestina). O
conflito dura há décadas, já se sucederam várias guerras e a tensão está sempre
iminente, como se viu nesta última semana.
Mas,
o conflito é também religioso, e num enfoque fundamentalista, com a religião a justificar
tudo o resto. Difícil de compreender, judeus e árabes condenados a viver
juntos, mas separados, mesmo quando quase se tocam, como acontece nas ruas estreitas da
cidade santa, em Jerusalém ou em outras cidades. As divisões são palpáveis,
sabe-se bem quando estamos no bairro judeu ou quando estamos no bairro árabe;
são costumes, vidas e entendimentos distintos.
A
questão cultural é, portanto, outro ponto de divisão, a que se junta a questão económica
e social. Tudo parece dividi-los, por mais negociações e caminhos para a paz
que se retomem ou iniciem (vem de muito longe e com muitos protagonistas de
ambos ao lados, os Estados Unidos do lado de Israel e países árabes do lado de Palestina).
Desta vez, parece ganhar relevo o papel mediador do presidente Morsi, do Egito,
desanuviando o ambiente com a retirada do Irão da linha da frente. Parece já um
bom sinal para que se sentem à mesa, não os próprios, como devia ser, mas os
negociadores, de modo a procurarem uma solução que, a meu ver, só será
definitiva com o estabelecimento do Estado da Palestina (mesmo que a sua
viabilidade económica e social seja muito precária ou quase impossível).
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