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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Faixa de Gaza


Perguntava-me um jovem: “Que conflito é este”?
É um conflito tão complexo que não se pode explicar em poucas palavras ou tomando o partido de uma das partes: israelitas ou palestinianos. Não é possível dizer que uns são bons e que os outros são maus, que uns têm razão os que os outros não. A realidade nunca é a preto e branco, são muitos os matizes. 
Na essência, o conflito é político: há a formação do Estado de Israel, depois da II Guerra Mundial, quando o sionismo (o regresso dos judeus à Terra Santa) ganha proporções. Encurralam-se os árabes, os palestinos, que sempre tinham vivido nessas terras, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Estes territórios embora, hoje, sejam autónomos e com autoridade própria, não constituem ainda um estado (é isso que os palestinos reivindicam, a criação do Estado da Palestina). O conflito dura há décadas, já se sucederam várias guerras e a tensão está sempre iminente, como se viu nesta última semana.
Mas, o conflito é também religioso, e num enfoque fundamentalista, com a religião a justificar tudo o resto. Difícil de compreender, judeus e árabes condenados a viver juntos, mas separados, mesmo quando quase se tocam, como acontece nas ruas estreitas da cidade santa, em Jerusalém ou em outras cidades. As divisões são palpáveis, sabe-se bem quando estamos no bairro judeu ou quando estamos no bairro árabe; são costumes, vidas e entendimentos distintos.
A questão cultural é, portanto, outro ponto de divisão, a que se junta a questão económica e social. Tudo parece dividi-los, por mais negociações e caminhos para a paz que se retomem ou iniciem (vem de muito longe e com muitos protagonistas de ambos ao lados, os Estados Unidos do lado de Israel e países árabes do lado de Palestina). Desta vez, parece ganhar relevo o papel mediador do presidente Morsi, do Egito, desanuviando o ambiente com a retirada do Irão da linha da frente. Parece já um bom sinal para que se sentem à mesa, não os próprios, como devia ser, mas os negociadores, de modo a procurarem uma solução que, a meu ver, só será definitiva com o estabelecimento do Estado da Palestina (mesmo que a sua viabilidade económica e social seja muito precária ou quase impossível).