É o mesmo que se passa com milhões de
africanos. “Fechados” num continente, onde nem todos têm alimentos, onde a
miséria, a fome, a violência e às vezes a guerra, matam mesmo. Nestas
condições, sair daí é a única solução para sobreviver. Por isso, não é de
admirar que deixem a sua casa, as suas aldeias, o seu país, pondo em risco a
própria vida. São populações em desespero, não têm nada a perder, arriscam tudo
para chegar à Europa. O mais fácil (a tal janela) é atravessar o estreito de
Gibraltar, de noite, para fugirem à vigilância das autoridades espanholas, em
barcos de borracha, sobrelotados, com muitas dezenas a mais do que seria
possível levar. São jovens, mulheres (algumas grávidas) e crianças que chegam
em condições sub-humanas. Clandestinamente, como se não existissem, fazem tudo
para não ser vistos, espalham-se, separam-se, confundem-se. Mas nem todos
chegam, muitos morrem, mas que importa nem sequer ficam nas estatísticas –
pensarão alguns. Claro que importa, e muito. Os países ricos do Norte têm o
dever de fazer alguma coisa. Partirão
daqui para outras cidades europeias, não sei se ainda com algum sonho. Eu
espero que sim, às vezes parece terem desistido de alguma parte de si mesmos, a
gente vê isso no olhar. Parecem ausentes, perdidos, como se não olhassem as
ruas, como se não vissem as pessoas ou não sentissem o movimento. Estão aonde?
Pensam em quê?
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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Sonho ou pesadelo, emigração clandestina
Vou colocar-te uma situação: imagina que
estavas fechado numa casa, sem alimentos nem meios de sobrevivência. O que
farias? Com certeza, que esperavas algum tempo - uns dias, no máximo - por
socorro, mas se não conseguisses farias tudo para sair de lá. Partirias as
janelas, arrombarias as portas, o que fosse possível e mais fácil, para saíres
dessa situação e sobreviveres. Se te perguntassem: - porque fizeste isso?
Dirias: - era a única solução.
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